15- Meu Passado me Condena

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Louis terminou o nó da gravata do namorado. As mãos trêmulas e suadas do mais novo faziam o tecido liso escorregar por entre os dedos, impedindo de que o último detalhe que faltava para enfim entrarem no tribunal finalmente pudesse estar finalizado.

- Prontinho, meu doce. -O engenheiro sorriu.

Na face do engenheiro, Harry encontrava toda a calma que precisava para enfrentar o tribunal, sua mãe e até mesmo o mundo. As expressões suaves e ruguinhas chamativas e cativantes o encantavam, servindo de alento para uma calmaria que raramente seria encontrada se não houvesse sua companhia.

- Você está lindo com essa roupa, se fosse advogado eu cometeria um crime apenas para você me defender. -Tomlinson sorriu de canto, recebendo um sorriso envergonhado do outro.

Styles notava o esforço do namorado para fazer a tensão em seus ombros sumir. A calma exacerbada, pequenos e simples elogios que o fazia abrir o maior dos sorrisos e ostentar suas adoráveis covinhas. Na sua vida nada teve tanto sentido quanto ter a companhia de Louis consigo naquele dia.

Para Harry, o moreno foi como uma pequena chama criada por um simples fósforo, mas que poderia incendiar casas e destruir terrenos com apenas um toque. Louis não apenas aquecia seu interior como fomentava uma vida até então não existente.

O fogo destrói, corrói, queima e causa danos; mas também alenta corpos frios, trás vida à algo até então inanimado. Filósofos consideravam o fogo como movimento, a passagem de ciclos. Assim como ele destrói, também transforma, revive partes até então adormecidas.

Heráclito pensava no fogo como um agente transformador, algo que não apenas devasta, mas fortalece, torna viva a vida. Não se pode afirmar que algo está vivo se não se sente, se não muda, se não transforma.

As mudanças em sua vida mataram o antigo Harry, alguém inseguro e preso em um passado onde sofria com constante abandono e culpa. Para viver é preciso perder para ganhar, transformar para sentir. Era perceptível sua mudança em cada reação que lhe causava, a cada nova sensação.

Para Styles, Louis foi como o fogo, que devasta a plantação seca, deixando apenas uma terra fértil para uma nova vida ali surgir. Para isso é preciso de movimento, tempo, uma constante mudança e reações lentas. Não se pode curar um coração partido com simples curativos.

- Estou nervoso, mas sinto que vou conseguir. -Harry sorriu, confiante.

- Você é inocente, meu amor. Vai sair daqui vitorioso, disso eu não tenho dúvidas.

- Não deixo de temer, mas também não vou deixar que esse medo me consuma.

- O medo nos trás incerteza, mas também nos trás um pouco de segurança ao nos livrar do que pode nos prejudicar. -Louis segurou sua mão- Ter medo e mesmo assim enfrentar tudo com coragem faz de você mais forte.

- Acha mesmo que sou forte? -Perguntou com o olhar baixo.

- Eu não tenho dúvidas. -Garantiu, levando a mão de Harry aos seus lábios- Eu tenho muito orgulho de você, de como melhorou a perspectiva sobre si mesmo.

- Não conseguiria sem você do meu lado. -Este sorriu, corado.

- Você é forte, independente. -O engenheiro sorriu, captando uma mecha solta do coque bem preso do namorado e colocando atrás da orelha do mesmo- Eu sei que conseguiria com ou sem mim, eu apenas dei uma ajudinha na sua confiança.

- Uma ajudinha muito grande. -Styles sorriu, o abraçando rapidamente- Obrigado por estar aqui. Seu apoio me deixa maia tranquilo.

- Eu sempre vou estar te apoiando. - Tomlinson o apertou em seu abraço- Menos nas suas idéias malucas de cortar seu cabelo.

First Conflicts -lsOnde histórias criam vida. Descubra agora