12- Docinho

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A segunda-feira trouxe consigo novos ares. Londres parecia muito mais agitada que o costume, talvez após uma visita à cidade pacata de Doncaster, a capital tenha deixado de ser um encanto para Harry que morava lá desde que nasceu. Dizer que sentiria falta das ruas acolhedoras e da residência dos Tomlinson seria eufemismo, mas estava animado e ansioso para uma próxima vez.

A semana tinha passado rapidamente, mas a noite de quarta-feira parecia eterna. Jay e ele tinham trocado números e a mulher passou a enviar assiduamente fotos enfeitada de bom dia todas as manhãs e até mesmo fotos de alguma receita que reproduzia nas refeições diárias. Depois que cozinharam a janta juntos, se uniram ainda mais e a mulher passou a contar histórias sobre a infância dos filhos. Tudo parecia gentil de mais e lidar com o baque que sentiu ao chegar em sua casa grande e vazia foi para o cacheado muito mais solitário do que de costume.

Desejava o calor humano, ouvir risadas ou apenas conversar com a televisão baixinha ligada e esquecida. Sentia falta de algo que nem sequer tinha e a cada ano que se passava parecia se sentir mais só. Pensou em ligar para Niall e Taylor mas estava tarde de mais para ambos estarem acordados, não queria atrapalhar. Cogitou ir até Tomlinson, mas este tinha passado o dia todo com ele e provavelmente já estava cheio de sua companhia e voz.

A Harry só restava a solidão, ou era isso que ele imaginava. Quando saiu levar o lixo para fora, avistou um gato preto e pequeno miando, quando se aproximou do animal, este se esquivou mancando com a patinha frontal evitando o chão. A Styles só restou se aproximar aos poucos, tentando uma integração amigável. Não poderia ter sido retribuído por algo mais gratificante do que ouvir o gatinho abandonar o miado triste e ronronar até seu toque.

Envolveu a bolinha de pelos preta em seu peito, tentando aquecer o animal que tremia com as baixas temperaturas da noite. O gatinho não protestou, apenas se encolheu mais em seu colo, agradecendo pelo lugar quentinho em que estava.

O cacheado cuidadosamente caminhou até a porta à passos lentos, tentando não alertar o bichano. Quando o calor da casa lhes envolveu, Harry deixou-o sobre o sofá, enrolado na mantinha que tinha sobre o estofado.

- Você deve estar com fome. -Afirmou com a voz mais fina, acariciando o rosto por ser a única parte do corpo descoberta.

Se levantou e foi até a cozinha, encontrando o pote de ração para os gatos de Taylor no fim das prateleiras da despensa. Por não ter potinho de comida, encontrou um isopor que serviria por ora. Encheu um pote redondo e pequeno com água, deixando ambos próximos ao sofá.

- Trouxe comida. -Tirou o animal do sofá, trazendo-o até os potes no chão.

Se sentou sobre o tapete macio e observou o animalzinho comer rapidamente. Se perguntou como alguém poderia fazer mal a um ser tão pequeno e indefeso como aquele, que nem sequer tem noção da maldade do mundo. Ele apenas suspirou, sorrindo para a pequena criatura que seria sua companhia pelo resto da noite. Decidiu que levaria o bichinho para o veterinário logo pela manhã. Não se importaria em faltar trabalho contanto que tivesse sua tranquilidade intacta sobre a saúde do animal.

Queria ficar com ele, provavelmente não tinha ninguém para protegê-lo e sabia que poderia cuidar muito bem do animal. Teria os outros gatos de Taylor para brincar e não passaria mais fome e muito menos se machucaria nas ruas frias e sujas de Londres.

- Agora, 'só falta achar um nome para você. -Pegou o gatinho no colo assim que este terminou de comer.

Subiu com o animal para o andar de cima, improvisando uma caminha com cobertores e almofadas, deixando o pacotinho peludo no conforto do ninho criado. Deitou na sua cama logo em seguida, ficando sozinho por um tempo, até que um serzinho se juntou a ele, escolhendo o conforto que precisava entre suas pernas. Dormiu assim que ouviu o sonar baixinho do animal.

First Conflicts -lsOnde histórias criam vida. Descubra agora