Thomas

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Sofia tinha ido embora, e já eram oito horas da noite quando me dei conta.

Decorar as falas do meu próximo filme, e ainda organizar alguns compromissos me deixou fora do ar a tarde toda, e perdi a oportunidade de me despedir dela.

Eu nunca me cansava de olhar para ela. Era uma menina, meu Deus, uma jovem que provavelmente não sabia nada da vida.

O que eu estou fazendo? Nem eu sei ser honesto comigo mesmo. Preciso dar um jeito nisso, e um jeito definitivo.

Aproveitei a chuva e fui buscar uma taça de vinho.

Louis estava parado na porta da minha sala, quase me matando de susto.

- O que está fazendo aqui uma hora dessas, Louis? - perguntei.

- Estava pronto pra ir embora, senhor.

Louis era sério e raramente expresseva alguma coisa.

Cocei a garganta, num receio de perguntar qualquer coisa relacionada a Sofia, mas não tive forças o suficiente para me controlar.

- Sofia já foi embora? - perguntei, tentando parecer natural.

- Eu não vi ela após o mercado senhor, mas ela deixou a bolsa dela aqui. - falou, despretensiosamente, sem saber que me deu um motivo tentador para ir até o seu apartamento.

- Sua bolsa? Entendi, qualquer coisa eu ligo para ela. - menti, descaradamente.

- Eu posso levar até ela se o senhor preferir.

- Não é necessário, acho que ela deixa essa bolsa aqui sempre. - menti mais um vez, com remorso, pois Louis era um cara brilhante.

Esperei ele sair com seu carro, e fui em direção a lavanderia, em busca da bolsa de Sofia. E estava mesmo lá. Uma pequena bolsa de cor creme, que por coincidência ou não, tinha seu cheiro.

Corri até a garagem, e recalculei oque eu falaria para ela. Entregaria a bolsa e daria a volta para a minha casa, simples assim.

No meio do percurso, pude sentir o clima mesmo dentro do carro, e o trânsito dessa vez estava péssimo.

O apartamento de Sofia era um pouco longe, oque me deu mais tempo pra pensar na situação como um todo.

Afastei o sentimento e peguei meu celular, na esperança de conseguir o número dela pela agência de limpeza, para eu não precisar descer até o apartamento.

Quando, de repente, avistei Sofia, sentada no ponto de ônibus, com uma mala na mão, toda ensopada.

Oque ela estava fazendo ali? Uma hora daquela?

Desci imediatamente do carro, deixando ele ligado. Corri até o ponto, e a agarrei pelo pulso.

- O que você está fazendo aqui? Está ficando louca? Olha a chuva. - gritei, encarando-a.

- Senhor Thomas, o meu apartamento, ele, o meu apartamento está... - Sofia desabou, chorando e soluçando.

Naquele momento senti uma ponta de adrenalina no peito, queria abraça-lá e consolá-la. Queria pegar ela para mim, e não queria que ninguém a visse como eu vejo. Por Deus, o que eu estava sentindo?

- Precisamos entrar, antes que alguém veja você. - disse.

- Eu? Você está preocupada comigo sendo que você está na rua e toda molhada? Sofia, pelo amor de Deus, você é única.

Peguei em seu braço e carreguei sua mala no outro, corremos até o carro evitando a chuva repentina que caia sob nossos corpos.

Já dentro do carro, Sofia retomou o choro, e já estava mais calma.

Dirigi até em casa, estávamos em silêncio mas respeitei o tempo dela.

Desci sua mala cheia de água até a sala, enquanto ela ficou parada.

- Senhor, eu posso ir para um hotel, na verdade eu estava esperando o ônibus.

- Sofia - falei, me aproximando, pela primeira vez ficando perto dela - você não precisa ir há lugar nenhum.

Ela continuou me olhando e seus olhos ainda tinham lágrimas.

- Na verdade, houve um vazamento de gás no meu apartamento e eu precisei sair as pressas, mas eu precisava ir até o hotel, e o ônibus demorou para passar, acho que eu o perdi.

- Você vai ficar em casa, até o problema do gás estiver concluído. - falei, quase mandando nela.

- Senhor, se alguém da agência descobrir eu...

- Sofia, eu pago eles, sendo assim, eles trabalham para mim, você não percebeu? - praticamente gritei - eles não tem que autorizar nada, entendeu?

Percebi que ela ficou assustada, mais do que estava. Fiz algo ruim em gritar com ela, mas aquela submissão estava me deixando irritado.

- Me desculpe, vamos, vou te levar ao banheiro e você vai trocar de roupa para não ficar resfriada, pode ser?

Ela apenas acenou com a cabeça, e subimos a escada até o banheiro. Fiz questão que ela usasse o meu, não sei porquê, mas no momento aquilo fez o total sentido.

Ele pegou uma camisa larga e uma calça moletom e também duas meias.

- Vou entrar no banho agora, senhor Thomas - avisou Sofia.

A cena dela entrando, pegando uma toalha e fechando a porta, me excitou instantaneamente. Eu gostaria de entrar lá, e dizer para ela tudo oque eu estava sentindo, mas eu simplesmente não podia.

O seu banho foi demorado, assim deu tempo de eu preparar algo no forno para nós dois. Eu não tenho a menor habilidade na cozinha, mas o pouco que sei, fiz questão de fazer.

Sofia desceu as escadas, com o cabelo agora seco, e as roupas que eu deixei em cima da cama.

Ela estava incrivelmente natural e linda. Do jeito que era. E aquilo era o suficiente. Eu poderia ficar horas olhando para ela daquela forma.

- Eu fiz o jantar, gostaria de comer comigo? - perguntei, sorrindo.

Um Famoso Amor (Cillian Murphy)Onde histórias criam vida. Descubra agora