- Quem é essa garota? De onde ela surgiu? - perguntou Mary, irritada.
Eu estava um turbilhão de sentimentos, e a forma que ela agia com toda sua arrogância me fazia ficar mais nervoso a cada segundo que eu passava ao seu lado.
- Porque você tem que ser assim? - perguntei, com as mãos na cintura - Ela está me ajudando com a casa.
- Qual o seu problema? Você ignorou minhas ligações o dia todo, e que jeito bonito de dizer que ela é sua empregada. - respondeu.
- Mary, isso não está funcionando. - falei, decidido em esclarecer as coisas entre nós.
Ela me encarou com seus olhos, petrificados, quase que perplexos. Se eu não a conhecesse a anos, podia dizer que estava prestes a chorar.
Ela soltou uma gargalhada, que ecoou pela casa inteira.
- Tudo bem, então vamos jogar anos de relacionamento fora porque você acha que não está funcionando?
- Foi exatamente o que eu disse, e é como eu me sinto.
- E como eu me sinto, Thomas? E como fica nossa imagem? Nossos patrocinadores?
A encarei, agora perplexo.
- É exatamente isso que não gosto em você, e tentei ignorar do último ano para cá. Você só pensa no que as pessoas vão achar, no que elas vão pensar. - falei, quase aos berros.
Mary se aproximou de mim, com o olhar baixo, e eu pude sentir aquele cheiro novamente. Eu detesto esse perfume.
- Querido, você só está confuso, mas eu tenho uma leve suspeita do que possa estar causando essa confusão em você, só que vou deixar passar dessa vez, e amanhã conversamos.
- Você está se esforçando para não enxergar o óbvio. - retruquei, ainda a encarando.
Ela saiu andando, antes que eu pudesse finalizar em palavras oque já estava finalizado faz tempo.
- Nós não vamos escapar dessa conversa, Mary. - gritei, antes dela sair pela porta principal.
Molhei as mãos na torneira da pia, e levei ao rosto. A exaustão que eu estava sentindo era absurda. A água gelada foi de encontro com minha pele quente após os exercícios, e senti um alívio quase que instantâneo.
Aquilo sugou toda a energia que eu tinha para o dia, mas não podia me deixar vencer dessa maneira.
Quando me acalmei, pensei em Sofia imediatamente. Rodei alguns cômodos para tentar encontrá-la.
Mas nada.
Ela foi embora? Acho que não teria feito isso, não sem se despedir.
Continuei procurando, mas nenhum sinal dela.
Era óbvio que deveria estar chateada com oque aconteceu, e ele gostaria de consertar aquilo. Só não sabia como, e não sabia como ela iria reagir.
Puta merda. Ela parecia extremamente frágil e ele gostaria de poder cuidar dela, suprir suas necessidades.
- Senhor ? - disse a voz suave, que ele reconheceu imediatamente.
- Sofia, tudo bem, eu queria me desculpar por agora - falei, indo em sua direção.
Ela me olhou confusa, mas com o rosto levantado dessa vez.
- Só vim informá-lo que seu acessor te ligou, não vim avisar antes porque estava conversando com a senhorita Balagot e eu não quis interromper.
Sua voz soava fria, sem sentimento algum, como se não tivesse sido desrespeitada.
- Foi muita consideração sua, obrigado - falei, confuso - mas, eu gostaria de me desculpar pelo o comportamento da Mary com você.
- Não tem o porquê se desculpar, senhor, eu entendo perfeitamente a situação. - falou Mary, sem expressar nenhum sentimento.
Sua frieza me penetrou. Ela realmente não sentiu nada ou não queria deixar transparecer? Não seria delicado da minha parte ficar insistindo no assunto, certo?
O silêncio mais uma vez tomou conta do ambiente, e a vontade que eu tinha de possuí-la era forte demais para me deixar pensar em outra coisa.
- Que tal, irmos ao mercado? - perguntei.
- Como? - Sofia gaguejou, e finalmente expressou uma reação que não fosse perfeitamente elaborada.
- Eu normalmente tenho alguém que faz isso por mim, mas acho que seria legal ter sua ajuda, para, não sei...
- Senhor, acho que isso não seria apropriado.
- Poxa, Sofia, você está me ajudando em casa e vai me ajudar com umas compras, não tem nada demais nisso. - bufei, sem conseguir tirar os olhos dos lábios dela.
- Tudo bem, eu preciso arrumar algumas coisas.
- Ótimo, então vou tomar um banho primeiro e chamar o segurança - falei, animado com a ideia.
Sai rápido do cômodo antes que ela pudesse arrumar mais alguma desculpa para não me acompanhar.

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Um Famoso Amor (Cillian Murphy)
RomanceSofia estava empolgada para sua viagem ao exterior. O trabalho estava garantido e a ansiedade só aumentava. A empresa de limpeza que ficava em Londres seria o recomeço da sua nova historia, mas Sofia não podia imaginar que a empresa estava contratan...