Sofia

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Senti uma luz diante dos meus olhos, e o meu coração palpitou de uma forma intensa, me fazendo levantar com toda a minha força.

Eu estava na cama dele. De Thomas.

O tecido do lençol macio era como deitar em penas, suaves e lisas. O cheiro de sua roupa de cama era bem específico, e cheirava a rosas.

- Bom dia, como você está? - sua voz grossa ecoou pelo quarto, me tirando de um transe.

- Meu Deus, estou melhor do que eu deveria. Que horas são? Thomas, eu preciso trabalhar - levantei imediatamente, e uma tontura repentina tomou conta de mim - sabe onde deixei minhas roupas?

Thomas estava com um roupão branco, e seu rosto tinha um sorriso perverso, e ter aquela visão pela manhã fez automaticamente meu dia melhor.

- Sofia, você precisa comer primeiro, vai acabar desmaiando. E sobre seu trabalho, precisamos conversar. - falou ele, me trazendo uma xícara de chá.

Aceitei a xícara, e estava quente demais para eu provar, então segurei com as duas mãos, na tentativa de me manter aquecida.

- Sobre oque precisamos conversar? - perguntei, me cobrindo com o lençol branco.

Thomas pegou um roupão que estava na mesa do lado da sua grande cama.

- Eu liguei para a empresa de limpezas e pedi sua demissão. Você não vai trabalhar mais aqui em casa - respondeu, me entregando o roupão - e nem na casa de ninguém.

Meu coração congelou, como que ele era capaz de fazer aquilo? Esse era meu trabalho, minha vida e era somente isso que eu sabia fazer.

- Thomas, porque fez isso? Sabe que eu preciso desse emprego para me alimentar, viver. Onde estava com a cabeça? - perguntei, numa frustração sem tamanho.

Percebi sua feição, e tenho certeza que o magoei com meu tom ríspido.

- Não posso permitir que você lave o chão de alguém, Sofia. Além do mais, você pode trabalhar pra mim, ou ficar em casa, não sei, mas não quero você por ai correndo perigo.

- Thomas, você não me conhece, eu preciso trabalhar. Não posso e nem quero ficar em casa trancada, e tenho certeza que não tenho habilidade nenhuma pra trabalhar pra você com algo que não seja limpeza. Não tenho estudos, nada. Não tenho nada - falei, e as lágrimas veio - E oque vão pensar de mim? Que sou uma aproveitadora.

Thomas se aproximou de mim, e suas grandes mãos cobriram minha bochecha, e o calor delas me trouxe alívio. Aconchego.

- Calma, Sofia, eu estou com você agora. Não vou te deixar amparada. Eu apoio você fazer algo fora, mas agora, não quero te deixar ir, consegue me entender? Eu simplesmente não posso. - falou.

- Mas eu não vou fugir, eu não vou há lugar algum. - falei.

- Entende que eu não posso ir aos lugares que você frequenta? Entende que eu tenho um fardo e homens que dão sua vida pata me flagrar, com umas câmeras enormes, e terem motivo de ganharem vantagem com isso? - perguntou ele.

- Tem medo de ser visto comigo? - o questionei.

- Não foi isso oque eu disse, Sofia.

- Mas foi isso que pareceu, Thomas. Se você quiser mesmo levar nossa relação a diante, você precisa entender da onde eu vim, e se isso te prejudicar, não tem como ficarmos juntos. - falei, me levantando cama.

Thomas parou, colocando a mão na cintura, deixando a língua para fora. Um detalhe que eu nunca deixava passar. Pois, achava aquilo muito peculiar e único dele.

- Sofia, infelizmente não sou como você, eu tenho uma carreira. - falou, calmo e paciente.

- Justamente por isso, como isso pode dar certo? - perguntei.

- Você está com medo. - apontou Thomas - Está com medo, mas nem tentamos.

- Estou petrificada de medo. - admiti, passando a mão no cabelo.

Thomas me abraçou, e eu senti toda a preocupação indo embora. Seus braços eram reconfortantes e parecia que eu o conhecia há anos. E não há dias.

- Prometo que vamos fazer dar certo. - expressou ele, abraçado comigo e passando a mão na parte de trás do meu cabelo.

- Preciso realmente comer algo - admiti, sorrindo - sinto minha pressão baixíssima.

Ele sorriu de volta e fomos até a cozinha, preparar um café da manhã.

A presença dele melhorava meu humor, me deixava feliz e eu me sentia cada vez mais envolvida.

Mas não pude deixar de sentir uma vergonha imensa sobre ontem. Eu estava suada, sem maquiagem e nenhuma roupa muito bonita digna de estar ali naquele apartamento enorme.

Até ontem eu era sua faxineira e não passava disso. E até ontem, ele namorava uma super estrela.

A frase que Mary dizia para mim, ecoava sempre na minha cabeça. Será que sou apenas um novo brinquedo dele? Um brinquedo novo, atrativo e jovem? Ele me trocaria depois, quando enjoasse de mim?

Impossível, pelo oque ele me demonstrava. As palavras que ela falou sobre o homem que ela se relacionou por anos, não eram nem de perto oque descrevia o homem da minha frente.

Quando desci as escadas, encontrei uma senhora, vestida com um uniforme parecido com o meu.

- Sofia, essa é a Lily, ela vai cuidar da casa pra mim, então você vão se encontrar bastante - falou ele, pegando um prato de panquecas.

- Muito prazer senhorita Sofia. - disse a senhora.

- O prazer é todo meu, querida - respondi, estendo a mão para ela.

A moça, receosa, me olhou e olhou minhas mãos, e eu insisti no aperto de mão, e finalmente ela retribuiu.

- Bom, vamos tomar nosso café? Vamos ao estúdio hoje - disse Thomas.

- Por favor, estou faminta. - disse.

Um Famoso Amor (Cillian Murphy)Onde histórias criam vida. Descubra agora