Thomas me encarava, e os seus olhos azuis como o oceano penetravam minha alma e enfraquecia os meus ossos.
Eu sabia que teria que dar um fim nisso, só não sabia como.
Ele foi generoso demais em me deixar ficar em sua casa, mas era questão de tempo até alguém descobrir. Seja alguém que trabalha com ele, ou alguém de sua família, ou até mesmo Mary, sua namorada.
- O jantar, está uma delícia, mais uma vez nem sei como agradecer - falei, limpando a boca com o guardanapo de papel.
- Eu só descongelei, mas obrigado mesmo assim. - ele sorriu.
- Não consigo tirar da cabeça que estou sendo um fardo para você. - desabafei.
Ele deixou o talher na mesa, e colocou suas mãos no queixo, me deixando mais uma vez com a respiração travada.
- Da onde tirou isso? - perguntou ele.
Não consegui conter as lágrimas, já que tudo estava dando errado na minha vida naquele momento, eu não conseguia aguentar mais aquilo.
- Eu me mudei pata Londres para fugir da vida que eu levava, uma vida tenebrosa, com parentes abusivos, um trabalho horrível e uma casa minúsculo. Vim em busca de viver melhor, ter uma vida melhor - falei, sem conseguir o encarar.
Ele apenas escutava, com aqueles olhos focados em mim.
- Não posso por tudo isso a perder, não posso simplesmente desistir - falei, em lágrimas.
Ele se levantou da cadeira, me assustando pelo barulho repentino.
Thomas sentou na cadeira do meu lado, e segurou minha mão. O calor do seu corpo me reconfortava, mesmo eu sabendo que era errado.
- E quem disse que você vai desistir? Eles não estão mais aqui, Sofia, e eu estou aqui. - falou.
Ele? Como assim? O que ele queria dizer?
Levantei a cabeça para encarar seu rosto, e estávamos tão próximos que eu pude sentir sua respiração. Meu Deus. Aquilo era loucura, e ia acontecer naquele momento.
Um barulho estrondoso nos assustou, afastando seu corpo de mim.
- Então é por isso que você não quer mais nosso namoro? Você já leu as notícias? Sei que você não é fã de celular, mas está em todos os lugares sua ida ao mercado com... essa daí. - Mary gritou.
- Mary, por favor, não vamos fazer isso aqui.
- Sim, Thomas, nós vamos fazer isso aqui, para ela saber muito onde onde está se metendo - retrucou Mary.
Thomas me afastou pata atrás dele, e tudo ali era suspeito. Eu com suas roupas, o cabelo acabado de escovar, a refeição. Jesus.
- Queridinha, saiba que eu estou com o Thomas a anos, e íamos nos casar, você está destruindo uma família, e uma carreia também. - falou, irada - quero muito saber oque a família dele acharia disso.
- Eu não tive a intenção. - consegui dizer, quase num suspiro.
- Você não precisa dizer nada, Sofia. Não se justifique, vou me resolver com ela. - Thomas falou.
Mary me fuzilou, com sangue nos olhos, com uma cata de deboche que só ficava boa nela.
- Você acha mesmo que me engana com essa cara de sonsa? Me poupe. Vocês dois vão pagar muito por isso, podem acreditar. E ele não vai querer você para mais do que sexo, pode ter plena certeza que você é o brinquedinho novo dele, mas ele se cansa rápido, como pode notar - terminou de falar Mary, como se estivesse com tudo aquilo de negativo sobre ele engasgado na garganta.
- Sofia, sobe pro quarto de hóspedes, tenta descansar, eu preciso resolver a situação. - falou.
Eu apenas concordei, enquanto via os dois saindo pela porta, em direcaoa a garagem.
●
Quase pegando no sono, deixei o livro de lado e encostei minhas costas na cabeceira da cama quando Thomas entrou no quarto.
- Está tudo bem? - perguntei, aflita.
- Está tudo resolvido, aquilo foi um mal entendido.
Queria fazer perguntas, das quais não eram da minha conta, mas eu não tinha coragem para aquilo.
- Eu tenho medo de colocar sua carreira em risco, eu li oque estão publicando, e é doentio e cruel. - falei
- Por isso eu não leio. - respondeu.
- Vocês, bom, vocês se resolveram? - perguntei, com medo da resposta.
- Eu e Mary nos conhecemos há anos, Sofia. Nossa relação sempre foi forte, mas nós terminamos essa noite, e era algo que estava decidido há muito tempo. - ele disse, se sentando na cama.
Fiquei contente com a notícia, mas me senti horrível em admitir isso para mim mesma.
- Senhor Thomas, eu não posso mais trabalhar para o senhor, acabei de enviar um e-mail para a empresa de limpeza, e eles vão me transferir para outro local. - disse, com coragem, olhando fixamente para ele.
Sua reação me surpreendeu. Ele estava calmo, e mesmo eu não querendo dar essa notícia depois de toda sua hospitalidade, minha ansiedade não me deixaria dormir com aquilo na cabeça.
- Eu entendo, mas posso saber ao menos o porque está indo embora assim? - perguntou.
Engoli seco, toda aquela adrenalina e emoção que sentia, e meu coração parecia saltar pela garganta.
- Porque eu acho, não... eu tenho certeza, que tenho sentimentos pelo senhor. Sentimentos dos quais eu não posso fugir ou escapar, muito menos limpar sua sala de estar e fingir que os não os sinto - falei, com os olhos fechados, como uma criança que é pega no flagra fazendo algo indevido.
Thomas me encarou quando tive a coragem de abrir os olhos, e não houve mais tempo para reação, ou explicação pois seus lábios estavam traçados nos meus, num beijo quente, devorador e provocante.
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Um Famoso Amor (Cillian Murphy)
RomanceSofia estava empolgada para sua viagem ao exterior. O trabalho estava garantido e a ansiedade só aumentava. A empresa de limpeza que ficava em Londres seria o recomeço da sua nova historia, mas Sofia não podia imaginar que a empresa estava contratan...