O HOSPITAL

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— Você vai me explicar o motivo disso tudo? — Indagou Jimin, notando a distração de Taehyung, que parecia concentrado em sorrir para algo em seu celular. Seokjin havia dado a ele alguns analgésicos. A dor era considerável, embora não se comparasse ao que se comentava no grupo dos moradores do prédio da universidade. Jimin já havia silenciado o celular, de tantas notificaçẽos que vinha recebendo.

Cada um dos alunos que não viram o acontecido estavam desesperados para descobrir, e os que tinham visto, viraram até mais e estavam aumentando as fofocas. Jimin já tinha se deparado com umas seis ou sete narrativas diferentes, umas onde Taehyung se jogara para culpar Jungkook e outras onde Jungkook propositalmente empurrara Taehyung da escada. Tinham umas que diziam que Taehyung rolara lances e lances de escada, que tinha morrido ou quase, outra que estava desmaiado e com ossos quebrados.

Mas, diferente de todas, ali estava Taehyung, com um sorrisinho arteiro rolando a tela do celular como se nada tivesse acontecido. Uma pequena gaze com atadura cobria os três pontos em sua testa. O tecido impregnado com povidine tinha um tom avermelhado, fazendo parecer como se o sangue ainda estivesse escorrendo ali por baixo.

O irmão de Taehyung, Kim Seokjin, conseguia ser tão dramático quanto Taehyung. Apesar de não ser muito dado a demonstrações de afeto com o irmão, ele o protegia ferozmente.

Claramente, Taehyung estava bem, exceto pelo corte na cabeça e uma lesão em seu braço, entre o pulso e o cotovelo. Uma luxação em sua perna, causada pela queda, também doeria por alguns dias. Mas Seokjin havia levado Taehyung para uma maca e realizado raios-X em seu corpo todo.

Talvez Seokjin se sentisse um pouco culpado por não ter conseguido dar muita atenção a Taehyung enquanto cresciam. Com os pais sempre ocupados e ausentes, ele deveria ter sido a companhia do irmão caçula, mas estava tão empenhado em suas próprias metas que o largava de lado. Foi assim que ele repetidas vezes durante a infância acabava com um ou outro machucado sério.

Ele se lembrava do dia em que Taehyung tinha caído de uma das árvores da propriedade. Depois de minutos encolhido aos pés da árvore chorando de dor, ele tinha se levantado com dificuldade; sangue escorrendo pela testa e incapaz de colocar um dos pés no chão. Subindo as escadas aos saltitos, ele se trancou no quarto e ficou na cama, sentindo dor e esperando passar.

Foi apenas quando Seokjin estranhou a falta de barulho para casa, horas depois, que ele percebeu que algo estava errado. Ouvindo um gemido abafado do quarto do garoto, ele entrou preocupado, encontrando sangue mal lavado em sua testa e o pé torcido em um ângulo estranho.

Quando o questionou o porque não o chamou, foi respondido com um dar de ombros e um sorrisinho, enquanto Taehyung falava que "Não tem porque, já vai passar" e quando disse " e se não passasse Taehyung, você não pode fazer algo assim"

A única coisa que ele, ainda criança, respondeu foi: "Uma hora passa."

Foi um momento doloroso de despertar, quando ele percebeu que para dizer algo assim, Taehyung já deveria estar acostumado. Talvez aquela fosse a mais grave, mas não era a primeira vez.

Taehyung era um garoto inquieto, cheio de energia e vontade de explorar o mundo. Ele frequentemente se envolvia em travessuras e aventuras, e era nessas ocasiões que Seokjin, focado em suas próprias ambições acadêmicas, muitas vezes se afastava do irmão mais novo.

Taehyung se metia em situações arriscadas, desde cair de uma árvore até subir no telhado da casa. Seu rosto e corpo tinham as cicatrizes das muitas vezes em que se machucara, mas ele sempre mantinha essas feridas ocultas. Isso não era uma escolha consciente de parecer forte ou independente, mas a forma que sabia se virar.

DESCULPAS PEONEAS E OUTRAS COISINHASOnde histórias criam vida. Descubra agora