O ESCRITORIO

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A manhã seguinte trouxe consigo uma atmosfera carregada quando Jungkook viu Jimin cruzar o campus em sua direção. Ele xingou internamente enquanto o amigo de Taehyung se aproximava; eles dois nunca foram colegas, e se Jimin estava vindo falar consigo, boa coisa não podia ser. 


Era óbvio que incidente do dia anterior não passaria despercebido, mas ainda sim ele não podia deixar de torcer por isso. Já havia recebido punições antes; todas elas relacionadas a algo com Taehyung. Mas dessa vez... Dessa vez tinha um pressentimento ruim. A coisa tinha sido séria demais.

Jungkook tinha escutado o bafafá do campus sobre Taehyung, quando ele voltara do hospital. O grupo dos alunos não parava de tocar em seu celular, fazendo uma série de vibrações irritantes. Se tornavam ainda mais irritantes quando ele lia as mensagens, porque não conseguia deixar a ansiedade de lado. Era uma série de frases carinhosas desejando melhoras a Taehyung e também zoações sobre ele estar muito destruído.

Jungkook não conseguia acreditar que tudo tinha chegado aquele ponto. Colocou em sua cabeça que Taehyung estava dramatizando, e ignorou os olhares que recebeu enquanto continuava seu dia de estudos.

Foi assim que, com um recado de Jimin, acabou dentro do escritório da reitora da universidade. Tinha acabado de se sentar quando batidas na porta ecoaram na sala. — Pode entrar — disse Jowey, com os olhos estreitados ao ver Taehyung aparecer com um sorriso falso.

Normalmente, Jungkook bufaria diante desse sorriso, mas não desta vez. Seus olhos se fixaram na bandagem proeminente na testa de Taehyung, seus cabelos escuros puxados para trás por um diadema que protegia o ferimento. A gaze estava tingida de um vermelho que lembrava sangue velho.

— Você me chamou? — provocou Taehyung, sua entrada no escritório marcada por uma careta desafiadora.

Apenas então, Jungkook percebeu a extensão caótica do estado de Taehyung: pulso enfaixado, braço apoiado em uma tipóia ao redor do pescoço e uma faixa de gaze emergindo da gola de sua blusa, percorrendo seu tronco. Um dos pés descalço, o outro cuidadosamente envolto em ataduras.

— Você não pode estar tão machucado! — exclamou Jungkook, incapaz de conter sua incredulidade diante do quadro impressionante.

A expressão fria no rosto da Reitora acentuou-se, enquanto Taehyung, com um gesto dramático, sentou-se com dificuldade. — Jungkookie, meu irmão é um médico excelente formado por esta digníssima universidade e dono do Hospital referência desse país. Peço que não questione seu profissionalismo insinuando que ele tenha diagnosticado erroneamente algo tão óbvio.

— Não estou dizendo isso — apressou-se Jungkook, vendo a Reitora concordar com Taehyung. — Só não imaginava que você estivesse tão machucado — completou, tomando assento ao lado de Taehyung.

— Eu te disse, gatinho, estou todo dodoi. — murmurou Taehyung, inclinando-se na direção de Jungkook para que apenas ele ouvisse. — Você achou que era drama — acrescentou, endireitando seu pé descalço no chão da sala de Jowey com um gemido de dor.

A Reitora, com um olhar penetrante, dirigiu-se a Jungkook. — Concordo com seu colega, senhor Jeon. O senhor Kim é um médico de renome, um dos melhores alunos que esta universidade já teve. Infelizmente, não podemos dizer o mesmo do irmão dele — concluiu, lançando um olhar na direção de Taehyung.

Jowey se ergueu, sua voz ecoando na sala enquanto ela percorria o espaço com uma expressão impaciente. Cada passo parecia um eco da frustração que acumulava ao lidar com aqueles dois alunos indomáveis. — Eu, os professores e todo o corpo docente desta instituição já estamos exauridos com essa situação. Jamestown Hall é uma respeitável instituição de ensino, não um ringue de luta.

DESCULPAS PEONEAS E OUTRAS COISINHASOnde histórias criam vida. Descubra agora