Fim.

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A suave luz da manhã preenchia o quarto, banhando tudo com um brilho âmbar. Jungkook estava deitado confortavelmente, com Taehyung abraçado por trás. O cheiro familiar de solvente de tinta das mãos de Taehyung preenchia seus sentidos. Era familiar, e reconfortante depois de três noites sem ele. Quase se arrependera de aceitar uma seção de fotos de uma semana em outra cidade, na primeira noite que deitou para dormir sem Taehyung ao seu lado. Depois de quatro anos, tinha se acostumado a dormir com o cheiro preenchendo suas narinas; com os pés entrelaçados aos dele enquanto Yeontan, o cãozinho que adotaram, se aninhava em seu braço.

Ele, é claro, lidara com a saudade de Taehyung ligando para ele antes de dormir. Se enroscando em uma outra camisa que roubara do namorado antes de sair de viagem. Vendo as fotos deles no celular. Visitando o site da exposição de quadros do namorado, onde ele tinha sido o modelo principal das telas. Mas Taehyung não lidara com a saudade. Ele sempre fazia questão de relembrar a Jungkook, que ele havia aceitado se relacionar com uma criança hiperativa, que para piorar, tinha um irmão babão que acatava suas loucuras e uma boa dose de dinheiro para rasgar. Ele simplesmente aparecera na terceira noite longe de Jungkook, no com auto falantes e marcha nupcial frente ao prédio onde Jungkook se hospedara, com Seokjin sobrevoando de um helicóptero enquanto lhe jogava pétalas de peônias.

Depois de permitir que o namorado subisse até seu andar, o deixou de castigo, sentado na porta do quarto durante duas horas, antes de abrir e o deixar entrar. Taehyung não reclamou do castigo. Entrou com um enorme sorriso e o agarrou, o puxando para um beijo afoito que fez Jungkook desistir do sermão, enquanto o deixava tirar suas roupas e o arrastar para a cama.

Jungkook se mexeu, aconchegando-se mais contra o peito de Taehyung, e um ronronar contente escapou de seus lábios. Taehyung, ainda imerso na penumbra do sono, começou a acariciar os cabelos de Jungkook com carinho preguiçoso.

— Bom dia, gatinho — murmurou Taehyung, sua voz rouca e suave, vibrando contra o pescoço de Jungkook.

Jungkook virou-se lentamente, seus olhos ainda pesados de sono, e encontrou o olhar terno de Taehyung. Ele envolveu Taehyung em um abraço apertado, buscando o calor de seu corpo. Enquanto voltava a adormecer sobre o peito de Taehyung, ouviu a voz baixa e firme do namorado.

— Casa comigo? — disse Taehyung, suas mãos acariciando o rosto de Jungkook.

Era um questionamento recorrente nas manhãs de Taehyung. Jungkook estava mais do que acostumado. A primeira vez que Taehyung tinha soltado essa pergunta foi antes mesmo de se pedirem em namoro. Depois, ele a repetiu quando tomaram banho juntos, em um café da manhã, durante um jantar, quando conheceu a família de Jungkook, no casamento de Seokjin, quando se formaram e até mesmo quando Taehyung foi convidado a expor suas obras em uma exposição coletiva. Até os passeios pelo centro e a adoção de Yeontan não escaparam do pedido. Jungkook gostava disso, mesmo que reclamasse. Havia algo na entonação de Taehyung que fazia o coração de Jungkook acelerar sempre.

Ele sorriu, negando levemente com a cabeça. Ainda de olhos fechados, Jungkook murmurou: — É por isso que eu nunca acredito, você diz isso todos os dias.

Taehyung sorriu. — Desculpa te encher de tinta quando a gente se conheceu.

Os olhos de Jungkook se abriram, ardendo pelo sono, surpresos com a lembrança repentina, enquanto ele tentava decifrar o que Taehyung queria dizer com aquilo.

— O que? — murmurou Jungkook, sua curiosidade despertada pela provocação de Taehyung.

Taehyung sorriu, seus olhos brilhando travesso. — Te pedi para casar comigo.

Jungkook piscou. — Você me pediu desculpas, Taehyung?

Taehyung arqueou uma sobrancelha. — Te pedi para casar comigo, surdo. — Implicou.

Jungkook rolou os olhos, devia ter escutado errado. — Se ficar de gracinha eu nunca vou saber quando você você falar de verdade.

Taehyung segurou o rosto de Jungkook com delicadeza, compelindo-o a encontrar seu olhar. Os dedos de Taehyung deslizaram suavemente pelas maçãs do rosto de Jungkook, como se quisessem memorizar cada contorno. — Casa comigo? — Repetiu Taehyung, a voz carregada de emoção.

Jungkook o olhou desconfiado. A luz da manhã filtrava-se pelas cortinas, criando padrões dourados no chão. Taehyung o observava com uma intensidade que fazia o coração de Jungkook acelerar. Ele não estava brincando. O pedido era real.

— Você está falando sério? — Jungkook repetiu, sua voz rouca de sono.

Taehyung assentiu, seus olhos escuros e profundos. — Sim.

Uma onda de calor invadiu seu peito, fazendo seus olhos se arregalaram, seu rosto corar intensamente. Ele tentou controlar o sorriso. Se sorrisse seu coração escaparia pela boca. — Hm... — Ele resmungou. — Caso.

DESCULPAS PEONEAS E OUTRAS COISINHASOnde histórias criam vida. Descubra agora