YUGYEOM

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Jungkook amava a ordem. Ele se dedicava a ela com perfeição. Seus livros estavam alinhados meticulosamente na estante, suas roupas impecavelmente organizadas por cores e tamanhos no guarda-roupa. Cada objeto em seu quarto tinha um lugar específico, uma harmonia meticulosamente mantida que refletia sua necessidade de controle.

Tudo para ele era regrado. Tinha hora de dormir e hora de acordar. Tinha horário de trabalho e de musculação. A chegada de Taehyung ao seu mundo organizado deveria ter sido o colapso dessa ordem meticulosa, mas para surpresa de Jungkook, a convivência com seu "inimigo" estava sendo surpreendentemente tranquila.

Isso estava o deixando nervoso. Não sabia o que esperar, e isso era meio aterrorizante.

Como Jungkook não colocava os pés em solo que não parecia firme o suficiente para aguentar, uma parte de sua cabeça não parava de se questionar, 100% em alerta, o que diabos Taehyung estava tramando?

Cada passo cauteloso de Taehyung era um eco desconcertante para Jungkook. Ele tentava decifrar os motivos por trás do comportamento aparentemente amigável de seu "inimigo declarado". Enquanto Taehyung evitava perturbá-lo, Jungkook sentia uma tensão crescente, como se estivesse esperando uma reviravolta a qualquer momento.

E claro que nem tudo eram flores, Taehyung não tinha se convertido em um anjo de um dia para o outro. Não, não, ele ainda era um capeta e aquele apartamento era o próprio inferno pessoal de Jungkook. Taehyung havia começado a implicar com Jungkook sempre que passava pela sala e o encontrava vendo anime antes de dormir e Jungkook ainda tinha que lidar com o cheiro de tinta e solvente, embora agora tivessem se tornado comuns para ele.

Mesmo assim, Jungkook notou que Taehyung começou a adotar pequenos gestos que, de certa forma, tornavam a convivência mais suportável.

As tintas que ele largava pelo chão da sala, por exemplo, começaram a ser recolhidas e colocadas em um maleta abaixo da estante já no segundo dia de Jungkook no apartamento, quando Taehyung o percebeu tentando arrumar algum espaço no chão para iniciar uma série de flexões matinais.

Sobre essas flexões, no entanto, Taehyung não dava trégua. Ele normalmente acordava bem tarde, mas, assim que descobriu que Jungkook religiosamente acordava às 6 da manhã para uma série de flexões e abdominais no chão da sala, Taehyung não perdeu a chance de implicar.

Passou a acordar no mesmo horário, sempre com a mesma desculpa, em um tom debochado, dizendo ter perdido o sono. Enquanto se jogava no sofá e acompanhava o treino de Jungkook com um olhar atento, soltava gracinhas durante as sessões matinais de Jungkook.

Toda vez, com um sorriso irônico, ele comentava coisas como "uau, Pitbull, valeu, essa é uma boa forma de acordar" ou "francamente Gatinho, a sala já tá quente, e você ainda piora a situação" enquanto observa as flexões. Isso quando simplesmente não balançava a cabeça e soltava um xingamento simples e curto, "Porra.", cruzando os braços e o olhando com uma cara séria do batente da porta do quarto.

Jungkook rolava os olhos e tentava não ligar, afinal era apenas Taehyung sendo Taehyung e Jungkook sabia que não podia o levar a sério. Havia aprendido isso algum tempo atrás. Ele sempre repetia para si mesmo que não podia o levar a sério. Nunca levar Taehyung a sério. Nunca o levar a sério. Nunca. Nunca mais.

Ainda assim, todos os dias, minutos depois de Taehyung começar a observá-lo treinar, sentia-se envergonhado o suficiente para bufar, colocar sua melhor cara de poucos amigos e sair do apartamento com uma batida na porta, tentando esconder na furia, a vergonha que sentia. Não sabia nem porque sentia, afinal, era Taehyung, e bem, já sabemos... ele não deveria o levar a sério.

Uma certa parte de si, uma menos consciente à qual Jungkook regularmente tinha que correr, segurar pelos cabelos e dar um soco para voltar a funcionar racionalmente, se sentia um tanto quanto grata a Taehyung por não estar complicando as coisas.

DESCULPAS PEONEAS E OUTRAS COISINHASOnde histórias criam vida. Descubra agora