Tensão No Ar

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Kara resolveu seguir o conselho de sua amiga mais antiga a risca e passou a viver um dia de cada vez, desde que fosse ao lado da mulher que amava. Ela espera estar com a morena o resto da vida delas, mas se isso não fosse possível ela poderia dizer que amou e foi amava de modo profundo.
Nos momentos em que Kara estava desempenhando suas funções na guarda, a loira ficava grudada em Alex e em Sarah para que as amigas a contassem como foi todo o início de gestação de suas companheiras. Então foi com os dedos cruzados que a Alfa ficou esperando os primeiros sintomas da gravidez da esposa, mas para sua frustração Lena não apresentava nenhuma diferença em seus hábitos.
Cada vez que a ex Princesa de Luthesa corria para o banheiro de manhã a loira chegava a ir atrás na esperança de que fossem os tais enjoos matinais, mas para sua frustração era sempre um caso de bexiga cheia.
Lena também não parecia estar comendo mais do que o normal e muito menos engordando até então.
Kara uma vez até chegou a sondar se os hábitos intestinais da mais velha tinham tido algum tipo de alteração, mas ela desistiu de monitorar isto depois de quase apanhar de sua morena favorita.
O sono dela também não tinha sofrido grandes alterações, se bem que era difícil dizer sobre a preguiça, já que ambas estavam passando mais tempo na cama juntas em seus momentos de intimidade ou no pós sexo curtindo uma a outra.
Falando em sexo, aí sim a Alfa tinha visto mudanças, sua esposa estava com o libido bem aumentada, elas transavam praticamente todos os dias, isso quando a morena não parecia do nada no meio da tarde e arrastava a mais nova para o quarto que partilhavam.
Depois de quase três meses todos estavam bem apreensivos esperando a boa notícia, que para a frustração de muitos, não chegava nunca.
Eliza chegou a examinar Lena, mas não conseguiu chegar a conclusão nenhuma. E disse que talvez fosse cedo para que os sintomas surgissem, então elas foram vivendo em suas rotinas aguardando ansiosamente pelo melhor.
Até um dia em que Kara foi acordada por sua esposa arranhando de leve seu abdômen. As duas tiveram um momento de intimidade na noite anterior e acabaram dormindo nuas, Lena tinha apagado abraçando a loira por trás, posição em que ainda se encontravam.
A mais nova nem precisou abrir o olho para se situar, conseguia sentir pela marca que a outra estava excitada, o aroma forte de maçãs também ajudava a chegar nesta conclusão – Huuum, melhor jeito de ser acordada.
A Ômega passou a se esfregar no traseiro da outra enquanto dava algumas mordidas pelas costas morenas enquanto ia baixando a mão lentamente até chegar na intimidade da mais nova.
A loira estranhou um pouco a investida da esposa, Lena raramente tinha iniciativa nos momentos de intimidade entre elas. Então ela se virou, ficando de frente para a outra e começou a dar beijos pelo pescoço alheio – Você está muito quente...
- Sim, sim... – A mais velha as virou na cama ficando por cima da outra, então tomou os lábios alheios entre os seus e iniciou um beijo libidinoso – Agora me fode!!
Kara separou os lábios e arregalou os olhos – Ahn, você tá legal?
- É sério que você está a fim de conversar agora??
- Eu só estou surpresa.
A morena revirou os olhos e bufou audivelmente – Mas que porra Kara, eu quero seus dedos dentro de mim e eu quero agora... Ou então eu vou me aliviar sozinha.
A mais nova ficou ainda mais surpresa, mas então a Alfa notou que a Ômega estava muito incomodada, uma camada de suor cobria seu corpo. A loira precisou morder o lábio inferior para evitar gritar de frustração, sua esposa estava no cio.
Lena estava se mexendo para sair de cima da outra quando Kara se ergueu e levou as mãos até o quadril alheio – Hey, calma... Senta de novo. Eu vou cuidar de você – Ela disse levando sua mão até a intimidade da outra mulher, foi impossível não se arrepiar ao sentir o quanto a mais velha estava molhada, em seguida passou a sugar com vontade a marca.
Neste momento o cheiro dos feromônios Ômegas estava ainda mais forte. Lena gemia alto enquanto movimentava seu quadril para sentir o tão esperado alívio da forma mais rápida possível.
Depois de chegar no primeiro orgasmo a morena não pareceu nem um pouco saciada, não parando se insinuar pra esposa até chegar pelo terceira vez, desta vez com penetrações, assim como ela havia pedido antes.
A mais velha desabou por cima da amada e rapidamente acabou em um sono pesado, com o rosto sobre o torso de Kara.
A loira ficou por um tempo olhando para o teto evitando até respirar de modo mais profundo para não acordar a mais velha. Depois de vários minutos ela finalmente teve coragem de  abaixar o olhar e voltar a encarar a esposa , sentiu uma vontade gigantesca de chorar ao finalmente aceitar o fato de que a outra não estava grávida.
Kara ficou por horas velando o sono da morena sem conseguir pregar os olhos. Derramou várias e várias lágrimas sentindo seu coração se despedaçando cada vez que a Ômega se mexia durante o sono.
Depois de muito tempo Lena acordou, a morena Inicialmente levantou o rosto encarando a mais nova, para depois suspirar e enfiar o rosto da curva do pescoço da esposa e iniciar um choro compulsivo, ela tremia e soluçava sem parar, suas lágrimas quentes molhavam o torso nu da mais nova.
A loira não sabia o que dizer, então só apertou a amada ainda mais em seus braços enquanto dava pequenos beijos no topo da cabeça alheia. Ficaram por um tempo na mesma posição até que as duas foram retiradas de seus devaneios por uma batida firme na porta.
Kara se mexeu para ir até a porta, mas foi fortemente segurada pela mais velha – Por favor, não sai do meu lado.
- Hey, eu só vou até a porta. Não vou sair. Eu prometo.
- Tá – A morena falou de modo quebrado.
A Alfa vestiu sua roupa de baixo e abriu a porta, dando de cara com Ava segurando uma bandeja com varias comidas. A mulher não deveria mais ser ama devido ao cargo que sua esposa estava desempenhando na guarda atualmente, mas ela insistiu em permanecer no cargo após as núpcias das princesas. Ela gostava demais de cuidar de Lena.
Ava suspirou profundamente antes de oferecer a bandeja para a mais nova – Eu imaginei que vocês duas precisariam se alimentar.
- Obrigada por isto – A Alfa falou com um sorriso no rosto e então fechou a porta e foi voltando até a cama.
Lena estava deitada de bruços, totalmente enrolada no lençol e com o rosto enfiado no travesseiro. A mais nova suspirou e sentou na cama ao lado da outra – Trouxeram comida para nós duas.
- Não estou com fome.
- Lee, por favor. Você tem que comer!
- Por qual motivo? – A morena enfim se sentou encarando a mais nova – Não existe mais nenhuma dúvida de que eu possa estar comendo por dois, que nem você costumava falar. Não... – Ela inspirou profundamente sem querer continuar a falar.
- Eu sei... Mas ainda assim você acabou de gastar muita energia. Por favor, come só um pouco, pelo menos.
Lena suspirou antes de se sentar mais ereta e esticar a mão pegando um pãozinho, o levando até a boca.
Kara também começou a comer em silêncio, ela não sabia o que dizer, só queria ficar junto da esposa. Assim que acabaram de comer, as duas voltaram a ficar deitadas na mesma posição de antes, na verdade elas permaneceram desta forma a maior parte do tempo dos dois dias seguintes também.
Quando estavam terminado de tomar o desjejum no terceiro dia após o início do cio da Ômega, Lena suspirou mais profundamente e se voltou para a amada – Nós precisamos tomar um banho, nos vestir adequadamente e voltar a encarar o mundo. Eu acredito que seja bom você convocar o conselho...
- Estava pensando nisto mesmo. Seria bom enviar uma carta para Themyscira e Argo também, precisamos convocar um conselho de guerra!
- Conselho de guerra?! Do que você está falando?
- Sim, possivelmente a coisa não vai ficar muito bonita quando Luthesa descobrir que você não está grávida. Precisamos nos precaver.
- Precaver como? Declarando guerra para Luthesa?
- Sim...
- Kara, isso não é uma opção.
- É claro que é... Eles não tem nenhum motivo para conseguir o que querem!
- Sim, ele tem. A lei...
- Uma lei manipulada você quer dizer? – Kara interrompeu a mais velha.
Lena esfregou o rosto vigorosamente em sinal de frustração – Sim, o Lex manipulou uma lei da forma que interessava a ele, mas como a grande maioria das leis da minha terra Natal, esta também é uma lei de interpretação dúbia. Ele com toda certeza vai ter o apoio das nações de sempre. Isso vai virar uma guerra de proporções gigantescas... Eu não quero ser a próxima Helena de Troia.
- E o que você sugere?
- Precisamos discutir como vai ser o meu retorno para Luthesa.
- O quê?? Não, Lee... Você não pode estar falando sério.
- Infelizmente eu estou.
- Não, você não pode desistir. Nós podemos pensar juntos em uma alternativa.
- Não temos tempo para isto. Minha mãe com certeza deveria estar contando os dias até o meu cio, logo mais eles enviarão alguém para receber notícias. Eu não quero desistir, mas... Eu não consigo ver uma luz no fim do túnel.
- Não, não, não, não – Kara estava em pé andando de um lado para outro desesperada.
- Kara eu...
- EU NÃO POSSO ACEITAR UMA COISA DESSAS – A mais nova gritou usando sua voz Alfa – EU MATO QUEM EU PRECISAR PARA QUE ISTO NÃO ACONTEÇA.
- Não – Desta vez quem ficou em pé foi a morena, ela não se importou com o tom dominante da mais nova – Eu não posso arriscar a vida de ninguém por minha causa.
- Não é você que decide uma coisa dessas.
- Pense nos seus pais, no seu reino! Você é a herdeira disto tudo. Como seria se você morresse??
A loira então se jogou mais um vez na cama, ela levou as duas mãos até o rosto o cobrindo enquanto deixava o choro sair de uma forma dolorosa, ela estava completamente desesperada, ficou na mesma posição por diversos minutos. Nem mesmo a esposa que se deitou ao seu lado a puxando para um abraço lateral meio desengonçado ajudou a melhorar a angústia que a Alfa estava sentindo naquele momento.
- E se nós fugíssemos?
- Pra onde iríamos?
- Eu não sei, para o mais longe possível, talvez atravessar o oceano, como os Vikings.
- Kara...
- Eu sei que perderíamos todo o luxo e conforto, mas pelo menos estaríamos juntas. Poderíamos levar algum ouro e sobreviver até encontrar algum lugar que fosse mais seguro. Eu poderia arranjar um emprego com guarda em algum reino. Ou então poderíamos viver da terra. Comprar um rancho, ter algum gado, plantar e colher...
- Kara....
- Eu realmente estou tentando achar uma saída, Lee.
- Eu sei que você está, eu não me importaria de largar tudo para viver uma vida dessas com você, mas eu não acho que meu irmão deixaria barato de qualquer forma. Ele poderia dizer que o seu Reino está nos escondendo e declarar a guerra assim mesmo. Fora que seríamos caçadas o resto da vida...
- É... Provavelmente você tem razão.
Depois de um bom tempo Kara tirou a mão do rosto e resolveu abraçar a mais velha de volta, as duas se viraram de frente e ficaram com os narizes colados até que o pranto delas sessasse, a loira então suspirou profundamente – Eu não sei que diferença faria morrer de uma vez ou não... Pelo menos a sensação de ter um punhal cravado no meu peito eu já estou sentindo no momento!
- Não faria diferença para nenhuma de nós duas, mas faria para o restante do mundo. Precisamos agir como boas monarcas agora e pensar no melhor para o nosso povo. Você sabe que uma guerra seria inviável. Muitos inocentes morreriam.
- Eu sei... Mas isto não torna as coisas mais fáceis.
- Não mesmo.
As duas permaneceram se encarando em silêncio por um tempo, até que trocaram alguns selinhos e então se levantaram para encarar o mundo, como Lena havia dito.
Tomaram um banho e vestiram alguma roupa limpa, depois saíram do quarto e foram descendo as escadas da torre de mãos dadas, quando passavam pelo pátio interno cruzaram com Kal-El, ele vinha com um sorriso no rosto, mas assim que viu a prima com a esposa engoliu em seco e se aproximou delas. Ele abriu e fechou a boca algumas vezes sem saber como começar a conversa. Então abraçou as duas e deu um sorriso amarelo – O que eu posso fazer por vocês?
- Estamos indo até a sala do Conselho, você poderia convocar todos?
- É claro prima. Logo estaremos lá.
Kara e Lena foram direto até a sala onde o conselho costumava se reunir e ficaram lá esperando em silêncio, as duas permaneceram de mãos dadas o tempo todo e ocasionalmente elas se olhavam e sorriam de modo apaixonado, em seguida uma fazia um carinho no rosto alheio. Tentando permanecer o máximo possível nesta bolha de amor que haviam criado entre si.
As pessoas foram chegando, ninguém quis conversar muito, na grande maioria das vezes o recém-chegado apertava o ombro da Alfa e dava sorrisos carinhosos para a Ômega. A sala estava ficando bem cheia, não eram somente os integrantes do Conselho de Krypton que tinham vindo.
Kara engoliu em seco ao ver seus pais entrando juntos, sendo seguidos de perto pelo General Non e a esposa. Alura olhou a filha com lágrimas nos olhos, a princesa teve que morder os lábios para segurar o choro, então se aproximou do ouvido da esposa – Olha só... A primeira vez que você convoca o Conselho e olha o tanto de gente que apareceu.
Lena deu um sorrisinho amarelo – É bom saber disto – A morena também estava tendo muita dificuldade em se manter seria, mas quando viu passar pela porta Samantha junto de Nia e Ava por último, foi impossível segurar as lágrimas que rolaram por sua face.
A porta foi fechada por Alex que vinha por último. O rei se levantou para dar início a reunião, mas Nia se adiantou – Com licença, Vossa Majestade! Eu nunca participei de uma reunião deste porte, imagino que a primeira palavra deveria ser vossa, mas eu só gostaria de dizer algo. Minha irmã não está por perto, mas eu enviei uma carta solicitando a presença dela o mais rápido possível. De qualquer forma eu tenho certeza que posso falar por ela hoje, confirmando que independente da decisão tomada aqui, Themycera está ao lado de vocês.
Zor-El sorriu de modo terno para a garota – Eu agradeço imensamente por suas palavras, não imaginava nada diferente de vocês – Então o Rei se voltou para a filha e a nora – Eu gostaria de dizer que nós não temos tempo, infelizmente chegou uma carta de Luthesa esta manhã nos cobrando sobre notícias de Lena.
Kara limpou a garganta antes de começar a falar – Eu gostaria muito de agradecer a todos vocês, ao apoio e carinho recebido. Obrigada General Non pelo apoio de Argo e obriga Nia, eu concordo com você, tenho certeza que Diana estaria tomando exatamente esta atitude, mas não vai ser necessário...
Neste instante várias vozes começaram a falar o mesmo tempo, o Rei deixou que todos pudessem extravasar a raiva até interromper – Por favor, silêncio no recinto. Continue minha filha.
A princesa abriu e fechou a boca algumas vezes sem conseguir falar nada, ela já tinha concordado com a decisão da esposa, mas dizer em voz alta doía demais, ela duvidava que algum dia teria coragem para isto.
Lena estão suspirou a continuou a falar pela esposa – Nós duas conversamos, por mais que a minha vontade seja passar o restante dos meus dias aqui neste Reino, nós sabemos que isto não vai ser possível. Precisamos pensar primeiramente no nosso povo, o quanto eles sofreriam se uma guerra desse porte se iniciasse. Eu jamais me perdoaria se pessoas inocentes perdessem a vida por minha causa.
O silêncio chegava a ser palpável de tão intenso, neste momento.
General Non se mexeu um pouco desconfortável e então se voltou para Lena – Princesa Lena, se me permite falar de modo mais informal.
- Sim, por favor, continue.
- A menina... Sim uma menina, mal saiu das fraldas e já fala como uma verdadeira rainha. Poucas vezes eu vi um monarca precisar tomar esse tipo de decisão, e ele não escolher a si próprio... – Non chegava a estar um pouco vermelho de raiva – Por Rao, você seria uma Rainha maravilhosa. Muito melhor do que seu irmão está sendo.
- Obrigada por isto, mas infelizmente nós nunca saberemos.
- Não necessariamente. O Rei Lex não tem herdeiros, se ele, caísse do cavalo, ou acabasse sufocado no próprio travesseiro, por assim dizer. Todos os nosso problemas estariam revolvidos.
- General Non, o senhor por acaso não está sugerindo que nós apliquemos um golpe de estado em Luthesa?
- Mas é claro que não, General Jeremiah, eu só estou apontando que se uma dessas pequenas coisas acontecessem seria... Bem, uma mão na roda para todos.
- Non, não diga esse tipo de coisa nem em brincadeira – O Rei falou suspirando, ele então se voltou para a filha – O que você tem a dizer, Kara?
- Eu queria muito achar uma alternativa. Ainda não descartei a possibilidade de desafiar o Rei Lex para uma duelo, pelo direito de ficar com minha esposa.
Alura foi mais rápida desta vez – E enfrentar Jack Spheer? Isso não seria uma boa.
- Não mesmo – Jeremiah falou – Eu sei muito bem da sua capacidade como lutadora, Princesa. Mas aquele homem te destruiria, ele não luta limpo, é ardiloso, escorregadio. Para enfrentá-lo somente alguém que tivesse experiência de lutas reais.
- Eu poderia...
- Não – Lena interrompeu Non que já estava pronto para se oferecer em ser o campeão de Krypton – Eu já disse que não suportaria saber que alguém se sacrificou por mim. Mesmo porque não vale a pena, se ele ganhar alguém morreria e eu teria que ir para Luthesa de qualquer forma.
- Lee...
- Kara, você pode ter certeza que não tem ninguém aqui nesta sala sofrendo mais com essa decisão do que eu mesma. Mas não temos mais o que fazer, eu preciso voltar para minha terra Natal.
Todos ficaram em silêncio por um bom tempo, até que Non voltou a falar – Eu faço questão de estar na escolta da princesa.
O Rei suspirou profundamente antes de falar – É isto então, eu mandarei uma carta para Luthesa comunicando a decisão tomada, temos alguns dia para nos preparar e montar a delegação para este fim – Zor-El suspirou mais um vez antes de voltar a falar – Eu poderia pedir para que todos nos dessem licença? – O homem parecia ter envelhecido vários anos nos últimos minutos ao andar em direção da filha e a puxar para um abraço.
As pessoas começaram a sair da sala, Lena foi rapidamente até suas amigas, ela precisava abraçar as garotas antes de mais nada. Ela olhou Sam, que chorava sem parar e a puxou para um abraço apertado – Hey, se acalma Sam, você precisa estar tranquila agora, pensa no seu filhote.
- Como eu posso me acalmar?
Nia se aproximou também – Eu não acredito que você vai embora e nós nunca mais... – Ela foi interrompida pelo choro que começou a derramar.
A Princesa suspirou e puxou a mais nova para um abraço, olhou em volta encontrando Ava um pouco mais afastada, a morena esticou a mão em direção a ela e deu um sorrisinho a chamando para perto – Eu sei que posso contar com você, Ava. Por favor cuide de todos por aqui. Essas duas aqui vão precisar de toda ajuda possível e a Kara... A Kara ela... Eu nem sei o que dizer, mas por favor fique de olha nela também.
- Eu vou fazer o possível – A loira também deu um sorriso pequeno e então se voltou para Sam e Nia – Agora vamos meninas, O rei pediu um momento em família, vamos ter tempo de conversar ainda algumas vezes com a Lena nos próximos dias.
A morena ficou olhando as amigas saindo e então se voltou em direção da esposa, foi de partir o coração ver Kara abraçada aos pais soluçando. Foi se aproximando lentamente, não queria estragar o momento entre os outros três.
A Rainha abriu os olhos e sorriu de modo terno, ela esticou a mão até a nora – Venha aqui também, minha querida.
Lena nem mesmo percebeu que havia se mexido, mas acabou indo como um raio até se chocar nas costas da esposa, não se fez de rogada e passou a chorar ainda mais alto do que a mais nova. O desespero batendo forte.
Os quatro permaneceram abraçados por um tempo, até o homem dar um passo para trás – Eu queria poder dizer que vai ser passageiro, mas eu realmente não sei. Não vou descansar por nenhum minuto até conseguir reverter essa Lei.
- Você acha que pode ser possível, Papai??
- Eu não sei, minha filha, mas eu prometo tentar.
- Talvez apelar para vários reinos em volta – Lena falou entre soluços – Propor embargos. Algo que poderia desestabilizar a economia já fragilizada de Luthesa.
- Essa poderia ser uma boa opção, seu antigo reino é bélico, tem tradição de guerras, assim como os principais aliados. Um embargo duradouro poderia comprometer inclusive os acordos que eles já têm... Muito bom o seu raciocínio, minha querida.
- Duradouro? – Kara falou já um pouco desanimada – De quanto tempo estamos falando mais ou menos, papai??
- Um ano, dois... Difícil saber!
- Anos?? Não podemos esperar tanto. O Lex vai querer casar a Lena com algum Alfa mais adequado o mais rápido possível.
- Não vai ser tão fácil assim – A Rainha falou desta vez – Primeiramente eles vão ser obrigados a deixar toda a poeira baixar, e depois eu não acredito que vão chover tantas ofertas assim por ela...
- Como assim, mamãe. Ela é a única herdeira do Lex, se ele não se casar o Alfa que casar com ela tem grandes chances de virar Rei.
- Você disse bem, se... Se ele não se casar, se ele morrer... Você tem que pensar que eles também estão com isso na cabeça, então não deixariam ela se casar com qualquer Alfa, teria que ser alguém digno de possivelmente assumir o reino no caso do Rei Lex não ter herdeiros próprios.
Kara mordeu os lábios ficando ainda mais nervosa – Com toda certeza deve ter algum filho de algum dos Reinos vizinhos que seria mais do que adequado para isto.
- Mas então você não está levando em conta um fator importantíssimo – Desta vez foi o Rei quem falou.
- Qual seria? – Lena também estava ficando agitada com esta conversa, um de seus maiores medos era ser obrigada a casa com algum outro Alfa, se antes, só em pensar algo assim a deixava doente, agora era mais do que impossível sequer imaginar algo assim, não depois de ter Kara.
- Ora essa, você não é mais tão desejável assim. Pelo menos não para um herdeiro que irá assumir o próprio Reino futuramente.
- Papai, não diga um disparate desses, como assim a Lena não é desejável?
- Calma, calma minha querida – A Rainha interviu sorrindo – O que o seu pai provavelmente quis dizer é que a Lena perdeu vários atrativos que os Alfas procuram, como por exemplo a pureza, ela já foi acasalada com um outro Alfa, isto costuma ser um fator primordial na escolha do Ômega.
- Além de obviamente o pior, ela foi marcada. Vai estar ligada a você eternamente – Zor-El tentou apaziguar ainda mais os ânimos da filha – Eu não conheço um Alfa que queira ficar com um Ômega acasalado e marcado. Reinado nenhum valeria a pena.
- Ainda mais depois de você saindo da forma que saiu do quarto de vocês após consumarem o casamento.
- As pessoas estão sabendo?
- Sim, isso repercutiu bastante.
- Ahn, entendo...
- De qualquer forma, eu só gostaria que vocês soubessem que nós nunca iremos desistir do amor de vocês – Mais uma vez o Rei abraçou as mais novas e deu um beijo na testa da cada uma – Agora vão... Aproveitem o tempo que vocês tem juntas. Eu tenho fé que esta separação não será definitiva.

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E o angst começa, alguém aí quer uma caixinha de lenços?? [  --  ]

Antes da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora