Entrando Nos Eixos

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Diferente do que havia acontecido na ida para Luthesa, desta vez o tempo estava muito bom, eles haviam montado acampamento em uma clareira e felizmente não tiveram qualquer tipo de contratempo até então.
Estava próximo da hora do almoço quando a comitiva por fim ultrapassou a fronteira entre os dois Reinos.
Kara estava cavalgando ao lado da carruagem para deixar Lena descansar melhor, mas então se sentiu mais confiante e foi até a frente da delegação pareando seu cavalo com o de seu pai. O homem a olhou com uma careta – O que está fazendo aqui? Eu não pedi para você permanecer próxima da Carruagem?
- Não tivemos nenhum problema enquanto estávamos em território hostil. Por que eles nos atacariam agora que estamos em Krypton?
- Não podemos arriscar.
- A Gayle está lá atrás, qualquer coisa eu chego rapidamente – A Princesa deu uma tossedinha limpando a garganta antes de voltar a falar – Ahn... Eu queria te perguntar algo.
- Pode perguntar filha.
- Daqui algum tempo eu vou entrar no meu cio, e bem... A Lena... Eu estou com medo de fazer algo e prejudicar ela ou o bebê.
- Entendi – O mais velho continuou cavalgando olhando o horizonte, mais parecia que ele não iria responder nada, até que voltou a falar depois de um tempo – É difícil prever como você vai se comportar neste seu próximo cio, alguns Alfas tem um cio tão mais brando que chega a ser até ausente.
- Como foi com você?
- Foi realmente muito mais brando, praticamente como costuma ser com os inibidores.
- Por Rao, não vamos entrar em muitos detalhes.
- Você que começou esse assunto.
- Eu sei, pra ver o meu nível de desespero.
- Vai dar tudo certo, é impossível que você machuque qualquer um dos dois. Eu só não oriento que você tente tomar os inibidores.
- Eu sei que a Lena poderia passar muito mal. Isso já está completamente descartado.
- É o mais importante, vai dar tudo certo. Como está lidando com a gestação?
- Eu estou amando, é bom demais sentir o bebê se mexendo. Eu queria ter sentido isso desde o começo.
- Quem sabe da próxima vez?!
- Próxima vez... Eu não acho que a Lena aceitaria ter mais filhotes.  Eu gostaria muito, mas não sei se ela se empolgaria. Como vocês podem ter conseguido parar em um só?
O Rei inspirou profundamente permanecendo algum tempo em silêncio, até voltar a olhar para a filhote – Sua mãe provavelmente vai me matar, mas eu não posso continuar mentindo para você sobre isto.
- Como assim?
- Nós tentamos ter outro filhote. Sua mãe engravidou, mas ela perdeu o bebê quando já estava com a gestação bem adiantada. Então ela nunca mais quis tentar. Eu obviamente respeitei a decisão dela.
- Espera, quando foi isso?
- Você tinha dois anos.
- Eu não lembro disso.
- Bom, sua mãe realmente não ficou nada bem depois disso, eu achei melhor te manter fora desse assunto, porque imaginei que você iria questionar ela sobre tudo.
- Enquanto eu era criança talvez, mas eu já deixei de ser aquele serzinho curioso há muito tempo.
- Como você conta para a sua filha já crescida que ela foi enganada a vida inteira sobre nunca ter tido um irmão?
- Da forma que você acabou de fazer?!
O homem deu de ombros – Ninguém é perfeito, por favor não comente nada com a Alura, eu não sei o quanto esse assunto poderia ainda a afetar.
- Papai, eu acho que vocês deveriam conversar sobre isso. Perder um filho deve ser terrível, mas simplesmente enterrar o assunto como se nunca tivesse acontecido não é a resposta. Me enganar também não foi.
- Não fique chateada.
Kara bufou antes de olhar em direção da Carruagem – A Lena acordou, eu vou lá ficar com ela agora.
- Tudo bem, quando a sua raiva passar, saiba que eu vou estar aqui sempre que precisar.
- Eu não estou com raiva, só um pouco chateada. Por que vocês nunca me contaram uma coisa dessa?
- A decisão foi minha, depois que você cresceu, bem foi difícil achar uma oportunidade para tocar no assunto.
Kara inspirou com força, ela realmente acreditava nas palavras do pai, sempre foi uma criança muito questionadora. Mas esconder o fato de que sua mãe quase lhe deu um irmão era doloroso demais – Tem mais alguma coisa que eu precise saber?
- Não.
- Certo, eu vou encontrar a Lena agora, obrigada pelos conselhos – Rapidamente a mais nova voltou o baio para trás e foi até o coche, abriu a porta e saltou direto para dentro, amarrou a guia em um suporte e fechou a porta.
Os olhos verdes a encaravam sonolentos – Onde você estava? Eu acordei e não te encontrei aqui.
No mesmo instante um sorriso lateral se abriu no rosto da mais nova – Não faz manha, eu mal fiquei meia hora afastada.
- Você prometeu que não sairia de perto – A morena falou, mas seu tom ao invés de ser de cobrança na verdade era brincalhão.
- Own, me perdoa, meu amor – Kara se jogou ajoelhada no chão e deu alguns beijos no rosto da amada – Eu estava lá na frente conversando com o meu pai e voltei assim que senti você acordar.
Lena sorriu e se sentou puxando a esposa para o seu lado – Hum, se estava com o Rei então tudo bem – Um olhar de tristeza se passou pela face da mais nova – Ahn, que cara é essa? O que foi??
- Eu fui pedir um conselho pro meu pai, sobre o meu próximo cio. E conversa vai, conversa vem eu acabei descobrindo que meus pais quase tiveram um outro filhote.
- Sério?
- Sim, ela perdeu, então eles resolveram me esconder isso a minha vida inteira.
- Eu sinceramente não sei o que te dizer.
Kara então acabou dando de ombros – Não tem o que dizer, foi uma decisão deles, não posso dizer que não tenha ficado chateada com isso, mas de qualquer forma nada vai mudar entre eles e eu.
- Certo. E sobre o seu cio? O que o seu pai falou?
- Que é difícil prever como eu vou agir, mas que eu deveria ficar tranquila, com toda certeza eu não irei te machucar.
- Eu tenho certeza disso, minha vida. E eu prometo fazer o máximo para te acompanhar.
A mais nova soltou um risadinha nasal – Bom, se nós formos no mesmo ritmo de ontem, acho que eu que vou ter que me esforçar para te acompanhar.
- Besta – Lena deu um tapinha no ombro da esposa.
A loira abriu um sorriso ainda maior puxando a mais velha a deitando com o rosto apoiado em seu tórax – De verdade, eu nunca estive tão feliz na minha vida.
- Eu também... – A morena ficou por um tempo em silêncio até tomar coragem para voltar a falar – Kah!
- O que foi vida?
- Nós podemos ir para a cabana? Passar uns dias lá?
- Eu não sei. Bom, tecnicamente não poderíamos, porque lá é destinado aos casais em cio conjunto, é o lugar fazedor de bebês. E a senhora minha esposa já tem um filhotinho aí dentro, mas talvez nós pudéssemos conseguir uma autorização depois de tudo pelo o que passamos, só o Conselho para dizer.
- Ahn, então deixa – Ela ficou um pouco vermelha – Eu não quero ter que ficar pedindo favores ao Conselho, não quero ser privilegiada de forma alguma por causa do que aconteceu. Eu só quero que tudo isso fique no passado.
- Eu posso verificar se tem alguém usando a Cabana agora, se não tiver podemos ir no dia seguinte só para usar a fonte termal e dar uma volta no pomar.
- Você sabe muito bem que nós não ficaríamos somente dentro da fonte, a chance de acabarmos na cama é gigantesca.
- Não precisamos acabar na cama, podemos usar o sofá, ou transarmos dentro da fonte mesmo... Ao meu ver, tecnicamente, não estaríamos quebrando as regras se não chegássemos até o quarto.
Lena deu mais uma risadinha nasal – Você é muito safada quando quer.
- Eu só queria poder me afastar de todos e passar um tempo contigo, só nós duas. Com certeza quando chegarmos no Castelo você vai ser imediatamente rodeada por várias pessoas, eu não acho isso ruim, pelo contrário, eu amo o fato de tanta gente gostar tanto de você e querer a sua companhia.
- Mas você queria um pouco de privacidade?
- Eu sei que a noite nós vamos poder ficar juntinhas no quarto, talvez seja só egoísmo meu...
- Talvez só um pouquinho, mas é compreensível. Só eu sei como você se sentiu naquele dia em que me deixou lá em Luthesa, eu senti como se meu coração tivesse sido arrancado do peito, mas continuasse batendo, só que afastado de mim e isso doía mais que qualquer coisa no mundo...
- Foi exatamente assim. Eu juro que mesmo que seu irmão invente mais alguma coisa e que de alguma forma mirabolante ele novamente consiga nos afastar, desta vez eu não vou deixar. Nada vai me impedir de chamar ele para um duelo.
- Eu sei, e desta vez eu concordo, eu não vou mais me afastar de você e muito menos do nosso filhote.
- Muito menos do nosso filhote? Pronto, já fui deixada de lado – Kara falou com um sorriso enorme no rosto, apesar de estar com um bico no rosto, era bem óbvio o tom de brincadeira e felicidade.
- Você entendeu o que eu quis dizer.
A mais nova puxou a outra para um abraço apertado, Lena sorriu e então se deitou escorada no peito da amada, respirando de modo profundo e calmo e depois de alguns minutos acabou caindo no sono mais uma vez.
A loira sorriu toda boba enquanto observava a esposa dormindo – Eu amo você.

(=^.^=)

Como já estavam em território amistoso a delegação decidiu prosseguir a marcha com o início da noite, então perto da hora do jantar estavam entrando no pátio frontal do Castelo de Krypton.
Estavam cansados, mas todos muito felizes em ter cumprido a tarefa de buscar a Princesa, agora de modo definitivo, esperavam.
Kara desceu primeiro e então esticou a mão para auxiliar a mais velha, que estava agitada em poder rever e abraçar todos. Então, desta vez, ela largou a esposa para trás e foi logo de uma vez em direção do mundaréu de pessoas parados em frente a grande entrada.
Sua vontade era correr em direção de Samantha que chorava de modo convulsivo, mas seguiu o protocolo abraçando primeiro Alura, a Rainha também chorava, mas de forma bem mais contida – Minha querida, eu estou imensamente feliz em ter você aqui novamente – Ela levou ambas as mãos até o rosto da mais nova enquanto a olhava sorrindo, mas a Princesa sentiu um pouco de dor no local do tapa e acabou dando um gemidinho contido. A mais velha passou a olhar melhor o rosto alheio e notou o corte já quase cicatrizado no lábio superior, ela suspirou já imaginado que algo de ruim poderia ter acontecido, mas achou melhor não chamar a atenção de todos em volta, então voltou a sorrir e apontou para o abdômen da nora – Eu posso?
- Sim, é claro.
Alura levou a mão e sorriu sendo premiada com um chutinho – Está maior do que eu imaginava, bom se puxar a Kara já vai nascer enorme.
- Não que eu não queira que seja parecido com ela, mas eu espero que neste sentido o bebê puxe mais a mim.
A Rainha soltou uma risadinha nasal – Que Rao te ouça! – Ela então deu um passo para trás liberando para que Lena pudesse cumprimentar ou outros.
A morena ficou feliz em ver o General Non e Astra, ela tinha se afeiçoado muito com o casal. Foi sendo abraçada e tendo sua barriga alisada por praticamente todas as Ômegas e alguns Alfas também, isso não seria algo muito bem visto, tanto que Kara sentiu uma necessidade gigantesca de se aproximar, mas como lá todos eram praticamente uma grande família, a Alfa não se sentia ameaçada.
Permaneceu parada logo atrás sem interferir nos cumprimentos, ver o quanto a esposa era amada por todos a enchia de orgulho e felicidade, o que era muito maior do que o seu ciúme por ter tanta gente a tocando.
Quando Sam finalmente pôde abraçar a sua amiga de infância, ela praticamente se jogou nos braços da outra morena e chorou ainda mais – Eu não consigo acreditar que você está aqui, parece ser um sonho, eu estou com medo de acordar a qualquer instante.
- Não é um sonho, eu realmente estou aqui – Começou a fazer um carinho na cabeça da mais nova – Fica calma, agora deu tudo certo, vamos... Seu leite vai secar assim.
Sam se afastou limpando o rosto – Você tem razão, Deuses, eu sujei todo seu vestido.
Lena olhou para baixo, mas sorriu – Está tudo bem, nos falamos mais depois – Continuou cumprimentando mais algumas pessoas.
Haviam tantos ali, alguns colegas da Universidade, pessoas que ela tinha contato diariamente, até mesmo algumas pessoas da guarda e vários servos e amas quiseram vir para saldar o retorno da futura Rainha consorte.
Tanto que eles acabaram ficando  mais de uma hora nesta atividade, indo todos em direção do salão de jantar bem mais tarde do que usual.
Quando Lena se sentou olhou em volta estranhando – Eu não vi a Ava.
- Ahn sim – Samantha falou sorrindo – Ela está com a filhote na área médica.
- O que aconteceu?
- Ela acordou hoje de manhã com febre, nada muito grave. Segunda a Eliza as duas vão ser liberadas logo.
- Tomara que ela se recupere logo.
- Amanhã ela já deve estar correndo no pátio – Kara se meteu na conversa – A Sarah chegou e já foi correndo para lá também.
- Eu não duvido nada que não tenha sido uma febre emocional pelo afastamento da mãe – Sam falou novamente – Elas são muito apegadas.
- Se for por esse motivo a Ava nunca mais vai deixar a Sarah sair de perto – Lena comentou em um tom jocoso.
- Não fale isso – Sam ralhou, mas seu tom era de completa brincadeira – Não é de bom tom você falar que uma Alfa é submissa a uma Beta.
- Como se isso não fosse verdade completa aqui neste Reino – Kara falou sorrindo ainda mais – Me diga um Alfa que seja dominante em seu relacionamento aqui.
Sam revirou os olhos enquanto soltava uma risadinha nasal – Prefiro não comentar.
- Porque você sabe que eu tenho razão.
- Que seja – Ela começou a se levantar – Se vocês puderem me dar licença, a Ruby já deve ter acordado e deve estar me esperando para mamar. Nos falamos mais amanhã.
Lena e Kara sorriram e acenaram então se entre olharam, a mais nova pegou a mão alheia entre as suas – Não vejo a hora de ser você amamentando.
- Eu estou ansiosa também, mas acho que agora que estou podendo relaxar, estou começando a me sentir apreensiva e com medo. Eu reprimi tanto tempo a ideia de ser mãe que provavelmente eu não estou 100% preparada psicologicamente para isso. Nós geramos um novo ser humano. Você tem ideia da loucura que é isso?
- Eu te entendo, imagina só que pra mim você está grávida há três dias, mas na verdade são quase cinco meses. Em quatro ele ou ela vai estar aqui conosco.
- Por todo o panteão de divindades do mundo... E se eu não for uma boa mãe?
- Nenhuma de nós duas sabe como ser mãe, mas nós vamos aprender juntas. Eu tenho certeza que vamos dar conta, mais rápido do que imaginávamos. Só isso.
- As vezes você é muito sábia.
- Nossa, você realmente tem que usar esse tom de surpresa? Até parece que eu sou muito estupida para isso.
- Deixa de ser besta, não foi isso que eu quis dizer.
- Eu sei – Kara olhou em volta e viu que o salão já estava bem mais vazio do que antes – Vamos nos recolher?
- Vamos sim, estou bem cansada.
- Amanhã eu quero ir cedo com você até a área médica para a Eliza te examinar, quero ter certeza que vocês estão bem.
- Isso seria muito bom.
Kara sorriu entrelaçando seu braço com o da esposa enquanto iam para o quarto que dividiram, assim que passaram pela porta a mais velha se afastou e foi andando até o centro do quarto e sorrindo deu uma voltinha olhando por todo lado – Eu realmente voltei.
- Sim, e agora é pra sempre.
- Pra sempre – Foi instintivo levar a mão até a barriga e fazer um carinho.
- Me deixa te ajudar a retirar sua roupa, então podemos tomar um belo banho e nos recolher, hoje foi um dia muito agitado e você precisa descansar.
Lena deu um sorrisinho lateral e se virou de costas, a mais nova foi soltando os fios que prendiam o vestido alheio – Este vestido não está apertado demais? Não seria melhor usar algo mais folgado?
- Não é tão apertado assim.
- Para mim parece apertado demais, não quero meu filhote esmagado dentro da sua barriga. Quero vocês dois livres e tranquilos.
- Kara, você não vai querer escolher as roupas que eu visto, ou vai?
- Não, eu só estou pensando no melhor pra você.
- Eu já disse que o vestido não está apertado – A morena respondeu de um modo mais ríspido e deu um passo para frente se afastando da outra – Era só o que me faltava! – Ela então foi retirando as últimas peças de roupa e entrou na banheira se ajeitando melhor enquanto ainda resmungava.
Kara ficou parada com os olhos arregalados, ela não estava entendendo mais nada e não sabia com agir, foi lentamente até a beirada na banheira e se agachou próxima da cabeça da outra – Eu realmente só estava preocupada com o seu conforto.
- Você disse que não quer... Só está faltando você começar a usar sua voz de Alfa – Neste momento a mais velha começou a lacrimejar.
- Hey, foi modo de falar, eu nunca iria impor qualquer coisa para você, meu amor... Eu realmente só estava preocupada, se você está se sentindo bem com vestidos assim você pode continuar a usar.
- Não, eu odeio esse vestido – Agora ela começou a soluçar mais alto arrancando um suspiro da outra.
- Por quê?
- Porque ele me lembra de Luthesa.
- Depois de ir na área médica amanhã, nós podemos arrumar as suas coisas e doar tudo que você não quiser. Eu faço questão de repor o que você precisar com o que você quiser.
- Eu não posso comprar vestidos agora, estou acima do peso... A não ser que... – A morena se interrompeu para voltar a chorar ainda mais.
- A não ser que o quê?
- Você não acha que eu vou conseguir voltar no meu peso normal depois da gestação...
- Ahn, é mesmo, eu não tinha pensado nisso. Não precisamos comprar tantos vestidos assim, só alguns que você vai usar durante a gestação e quando nosso filhote nascer podemos doar estes também e aí retocar todo seu guarda-roupa. Melhor assim?
- Você vai me amar quando eu estiver enorme de gorda?
- Eu vou te amar independente de qualquer coisa ou situação.
- Então por que você ainda não entrou aqui comigo?
Kara abriu um sorriso gigantesco, ficou em pé e rapidamente se despiu, então foi se sentando atrás da esposa puxando o corpo alheio até estar grudado ao seu – Me desculpe, eu fiquei preocupada por que você estava chorando e então esqueci que precisava tirar minha roupa e entrar logo de uma vez nesta banheira. Não pense besteiras... Eu sou completamente apaixonada por você, te amo acima de qualquer coisa, nada no mundo pode fazer eu deixar de te amar ou até mesmo eu perder o meu desejo por você.
- Jura?
- Sim, pra sempre.
- Pra sempre.
Kara esticou a mão pegando o sabonete e então começou a passar pelas costas da esposa aproveitando para fazer uma massagem por toda região – Entenda só uma coisa, por favor, eu jamais usaria minha voz de Alfa contigo para impor algo que você não quisesse. Você é minha esposa, não minha propriedade.
- Eu sei disso, me desculpa ter insinuado que você iria fazer algo do tipo.
- Não precisa pedir desculpa, você passou por muita coisa nos últimos dias, é compreensível que esteja mais sensível, mas agora tudo vai voltar a entrar nos eixos em todos os aspectos da nossa vida.
A morena suspirou profundamente se acalmando um pouco – Acho que você tem razão, todo esse estresse dos últimos dias devem ter me sobrecarregado. Não precisamos doar todas as minhas roupas, eu nem odeio tanto assim esse vestido.
- O que for o melhor pra você.
- Obrigada.

(=^.^=)

No dia seguinte as duas acordaram cedo, passaram no salão de refeições e depois foram até a área médica para saber mais sobre a gestação da morena.
Por sorte encontraram Eliza desocupada, a mais velha cumprimentou o casal sorrindo – É muito bom ver você por aqui Lena.
- Obrigada Eliza, eu também estou bem feliz de estar aqui.
- Imagino que vocês vieram pelo filhote de vocês?
- Sim, por favor. Precisamos saber se ele está bem, se a Lena está bem. Eu...
- Você está angustiada como todo Alfa protetor. Só de olhar para a Lena podemos chegar a conclusão de que ela está bem. Mas venha aqui, minha querida – As três entraram em uma sala e a médica deu batidinha na maca – Você  pode retirar o vestido e se deitar com sua roupa de baixo, por favor.
Lena fez o que foi pedido e logo estava deitada aguardando, a mais nova estava parada em pé ao seu lado ansiosa para ver o que iria acontecer.
A mais velha se aproximou sorrindo, subiu a parte de cima na roupa deixando a barriga exposta e começou a apalpar – Bom, eu sinto só um bebê. Ele está com a cabecinha para baixo e as costinhas viradas para a sua barriga – Ela pegou um instrumento comprido que mais parecia um funil e encostou na barriga, mudando algumas vezes a posição até sorrir, então se voltou para a outra loira – Você quer ouvir o coração?
- Eu posso?
- Sim, Kara. Venha aqui e encoste o ouvido no buraco.
Segundos depois Kara arregalou os olhos e sorriu toda boba – É muito rápido.
- Sim, quando estamos ainda na barriga nosso coração é bem mais rápido do que na nossa fase adulta. Bom, aparentemente está tudo bem com o filhote de vocês, coração forte, movimentos presentes. Não tem muito o que fazer com relação a ele agora, só se alimentar bem, tomar bastante água e ter uma boa noite de sono todas as noites.
- Pode deixar, eu vou fazer tudo isso.
- Perfeito. Agora, eu posso continuar te examinando?
- Sim.
A médica subiu a mão um pouco mais e iniciou uma palpação nas mamas da morena – Está tendo alguma dor?
- Um pouco, principalmente quando eu retiro o vestido, meus seios ficam bem sensíveis.
- É normal, logo mais isso passa e então fica sem dores, pelo menos até iniciar a amamentação... Alguns sangramento ou perda de líquido?
- Não.
- Dor na barriga? Cólicas ou contrações?
- Um pouco de dor no quadril.
- Seu corpo já está se preparando para o parto. Vai ser um bebê grande, então o espaço tem que ser bem adequado para o nosso futuro herdeiro sair sem dificuldades.
- Ahn, a Rainha estava dizendo ontem que achava a barriga um pouco grande demais. Já estou começando a ficar com medo deste momento.
- Se serve de consolo eu vou estar com você o tempo todo. Caminhada ajuda a abrir mais fácil suas ancas. E você Kara, como está?
A mais nova estava até então quieta só observando as outras duas sem querer se intrometer muito na conversa – Ansiosa, apreensiva... Eu sinto como se tivesse perdido boa parte da gestação.
A mais velha terminou o exame e então ficou encarando a loira mais nova – Eu sinto que foi minha culpa, eu deveria ter sentado e conversado com vocês, todos nós presumimos que a Lena havia entrado no cio naquele dia, a época batia.
- Eliza, não foi sua culpa.
- Talvez haja tantos “culpados” – A mais velha fez o sinal de aspas parecendo ainda mais cansada – O que de certa forma dá uma sensação de alívio, mas eu realmente sinto muito pela separação de vocês. Como foi lá? Você se alimentou direito nestes dias? Passou muita irritação?
- Eu me alimentei direito, mas também vomitei muito, principalmente na viagem. Hoje eu não senti náuseas por enquanto. Com relação a irritação, bom... Eu estive muito ansiosa nos últimos dias, estava com muito medo do que poderia acontecer comigo ou com o meu filhote se eles descobrissem.
- Ela foi ameaçada pelo Spheer, ele inclusive bateu nela.
- Bateu? Onde??
- No meu rosto, acho que foi o momento de ápice da minha raiva e medo, felizmente me resgataram no mesmo dia.
- Bom, isso não é nada bom em uma gestação, mas eu diria que se fosse para ter dado algum problema, com relação a isto, já teria acontecido. Ou no mínimo você estaria tendo sangramento ou até dores intensas. Eu mantenho a minha recomendação sobre a alimentação, hidratação e descanso.
- Você disse que eu precisava caminhar.
- Isso foi antes de saber o que você havia sofrido lá. Pelo menos por esta semana fique em repouso, não precisa ser absoluto, pode fazer suas refeições no salão, ir a biblioteca. Mas deixe para voltar para a Universidade semana que vem.
- Eu queria arrumar minhas coisas.
- Sentada em uma cadeira – A médica falou.
- Tudo bem, ela vai ficar quietinha, eu consegui uma dispensa dos meus deveres esta semana, vou ficar de olho nela...
Lena olhou para a mais nova com o semblante franzido o que fez a mais nova se encolher um pouco – Não me olhe assim, eu só estou seguindo as recomendações médicas, se você estivesse no meu lugar faria o mesmo.
- Você tem razão, me desculpe... Eliza, desde de ontem eu tenho sentido umas mudanças de humor repentinas.
A mais velha deu uma risadinha – Isso é normal, pelos Deuses, o humor das gestantes fica bem instável mesmo, principalmente das Ômegas, procure respirar bastante e tente não perder a calma.
- Tudo bem, eu vou tentar...
- Ahn, quando eu digo repouso, eu não quero que você passe por fortes emoções, então nada de relações.
Kara ficou completamente vermelha – Tudo bem.
- Por quanto tempo?
- LENA!!
- O que foi? Eu já fiquei todo esses dias afastada, agora que eu voltei quero ter uma vida normal junto da minha esposa e isso inclui relações físicas.
- Você tem razão, a partir da semana que vem eu tenho certeza que sua vida pode voltar a normalidade sem que possa acontecer nenhum problema.
- Por Rao... – A mais nova chegou a tampar o rosto de tanta vergonha.
- Mas menina, a sua esposa está grávida, todos sabem que vocês duas fazem essas coisas.
- Eu vou te esperar lá fora, melhor – Kara saiu deixando as duas mais velhas para trás gargalhando devido a reação de desespero da futura Rainha.

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