Eles Não Podem Saber

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Lena se levantou mais uma vez sentindo aquela náusea horrorosa, agora todos os dias eram assim, essas náuseas desde a hora que acordava até quando ia dormir, felizmente estava conseguindo disfarçar e ninguém tinha percebido. Um único pensamento passava em sua cabeça, ela estava grávida e precisava urgentemente falar com Kara antes que sua mãe ou Lex pudessem desconfiar disto.
Depois de levantar da cama correndo e vomitar o que ela nem sabia que tinha dentro do estômago ela se sentou ao lado do toalete enquanto esperava a sensação passar para enfrentar o dia.
Ela sorriu e levantou a sua roupa de baixo expondo sua barriga – Por Rao, eu não vou conseguir disfarçar por mais muito tempo – Então começou a passar a mão de leve e para a sua surpresa sentiu uma movimentação.
Foi impossível segurar o choro, mas desta vez ao mesmo tempo em que chorava a morena sorria dando pequenas gargalhadinhas, manteve a mão esquerda sobre seu ventre, levando a direita até a marca. No mesmo instante sentiu um arrepio generalizado – Porra Kara! Eu não acredito que você está perdendo isso. Meu amor, como eu vou fazer pra entrar em contato com você?
Ela suspirou profundamente antes de se levantar e voltar para o quarto, para a sua surpresa deu de cara com a ama que a olhou de baixo acima. A mais velha sorriu – Ahn princesa, está tudo bem?
Lena ficou pensando por alguns segundos em que deveria falar naquele instante, ela poderia confiar na mais velha? Sempre foi bem tratada, mas não havia nenhuma garantia de que não seria dedurada para seus parentes. A morena sentiu o coração disparar de medo, mas não tinha muito o que fazer, a ama a via nua ou seminua todos os dias, ela com certeza já sabia, se quisesse contar, já teria o feito.
Então inspirou profundamente antes de voltar a falar – Eu vomitei, como tenho feito todos os dias.
- A senhorita está doente?
- Eu não diria doente. Bom eu acredito que você saiba o que está acontecendo comigo. Eu posso contar com você?
- Mas é claro. Você está esperando um filhote não é? Já vi tantas mulheres exatamente com as mesmas coisas.
A morena sorriu e retirou sua roupa de baixo a outra também sorriu antes de se aproximar – Vai ser uma bela criança, Alfa.
- Como você poderia saber isso? Bonito eu até entendo, ambas as mães não são de jogar fora, mas Alfa?
- Eu só sei. Sempre acerto a classe das crianças.
- Tá certo, eu preciso de ajuda. Já estou aqui há mais tempo do que gostaria, eu não faço ideia como minha mãe ou meu irmão não perceberam essa gestação.
- Eles não podem saber, capaz de fazer você perder esse bebê, ou te prender em algum lugar e arrancar ele das suas mãos depois de nascido.
- Eu sei. Por isso estou dizendo que preciso de ajuda. Eu preciso contatar a outra mãe, tenho certeza que ela vai vir me buscar imediatamente. Mas eu não sei em quem eu posso confiar, no mestre?
- Não, os mestres são fiéis aos chefes das famílias. Ele te denunciaria no mesmo instante para o Rei.
- Foi o que eu imaginei, eu preciso o afastar da torre dele para escrever uma carta e mandar logo de uma vez.
- Ele só sai nos momentos de refeição ou nas reuniões do conselho.
- Eu vou tentar descobrir a próxima data de reunião e me esgueirar até a torre dele.
- E se eu fosse na hora do almoço e enviasse a carta?
- Não posso arriscar escrever essa carta antes, se alguém te abordasse?
- Eu poderia até morrer, mas não entregaria a carta para ninguém.
- Tenho certeza que sim, mas eu não quero isso, não suportaria viver sabendo que por minha causa algo de ruim aconteceu a você.
- Não seria sua culpa.
- Indiretamente seria. Vamos maturar essa ideia hoje, se eu não conseguir nada mais certo podemos seguir com o seu plano amanhã. Agora me ajude, eu já demorei demais para descer para o café.
Lena resolveu ir direto para a cozinha, sua ideia era pegar somente uma frutinha e fugir para seu refúgio, mas quando entrou no ambiente, o cheiro de comida fez ela salivar, então foi até a cozinheira mais antiga – Nana, o cheiro está maravilhoso. O que você está fazendo?
- A Princesa pulou o café da manhã de novo?
- Ahn, eu acabei me atrasando. Estava... – Ela olhou em volta vendo se tinha mais alguém prestando atenção.
A mais velha sorriu, pegou um pão e colocou um boa quantidade de ovos mexidos e um belo pedaço de carne – Se sente aqui e coma tudo.
A morena fez o que a outra tinha mandado, foi impossível segurar o gemido de felicidade e prazer pelo sabor do que estava comendo.
- Como você está, pequena?
- Bem, na medida do possível. Eu não posso ser falsa e dizer que aqui é onde eu gostaria de estar agora, mas pelo menos estou sendo bem tratada.
- É lógico que você está sendo bem tratada, é a nossa Princesa.
- Eu trocaria meus títulos e todo o dinheiro pela minha felicidade – Duas lágrimas escorreram pelo rosto da morena – Me desculpe.
- Não tem o que perdoar. Eu sei como você está se sentindo, eu vim pra cá depois que meu marido morreu na guerra, até então nós morávamos na área rural, mas sem qualquer família eu achei melhor fazer a minha vida no Castelo.
- Eu sinto muito. Eu não sei o que seria de mim se ela partisse para sempre. Pelo menos eu sei onde e como ela está.
- Você precisa ser forte agora, mais do que foi toda a sua vida – A mais velha olhou em volta antes de voltar a falar com a morena – Logo mais a sua Princesa vai vir te buscar.
- Você acha?
- Com toda certeza. Pelas fofocas que eu ando ouvindo ela não deixaria a esposa grávida longe dela, ou deixaria??
- Por Rao, está muito óbvio, não é?
- Um pouquinho.
- Eu tenho tanto medo da minha família descobrir isso de alguma forma, o que pode ser de nós dois?
- Não vai acontecer nada. Essa criança vai nascer e ser uma bela dama igual a mãe dela.
- A Maninha disse que vai ser Alfa.
Nana deu um passo para trás para avaliar a mais nova arrancando uma risada em meio ao choro da morena – Ela pode ser as duas coisas.
- Ela?
- Sim, é bem óbvio que é uma menina. Seu rosto está começando a ficar mais redondo.
A morena sorriu toda boba – Uma menina. Seria um sonho ter uma menina que fosse a mistura de nós duas.
- Vai ser uma bela criança, disso eu tenho certeza.
- Eu espero que ela nasça forte e confiante como a outra mãe – A mais nova falou de modo sonhador – Obrigada pelo lanche.
- Sempre que precisar Princesa. Mas saiba que não é só a outra mãe que é forte, você está enfrentando essa situação como uma verdadeira guerreira.
Lena deu mais um sorriso para a mais velha e em seguida foi se afastando da cozinha em direção do jardim de inverno, mas o vento frio que sentiu ao chegar no pátio a fez virar as costas e voltar direto para dentro do Castelo. Foi então até a biblioteca, mas ao invés de pegar algum exemplar dali, se sentou em uma poltrona e passou a ler um dos livros que trouxe de Krypton.
Ficou por um bom tempo lendo, na verdade só parou ao sentir sua barriga reclamar de fome. Ela normalmente ignoraria essa sensação, mas agora ela precisava se alimentar por dois, então fechou o livro e foi caminhando até o salão de refeições.
Para sua infelicidade deu de cara com vários rostos conhecidos, o sorriso besta de Lex chegou a dar um pouco de vertigem, mas ela enfrentou todos com um sorriso e uma reverência – Boa tarde.
- Estivemos lhe esperando no desjejum Kekê – O Rei falou com um sorriso que poderia transmitir qualquer coisa menos felicidade.
- Ahn, não estava com fome. Você sabe como eu sou, estava lendo no quarto até enjoar, então continuei até agora de pouco na biblioteca mesmo.
- O que está lendo hoje? – Um Conselheiro, que Lena não sabia direito o nome perguntou – Algum romance?
A morena olhou para o homem com uma careta no rosto – Eu não costumo ler romances, só para os grupos de discussão de literatura.
- Oh! É mesmo? Então o que estava lendo?
- Kepler!
- Kepler?
- Sim, o astrônomo e físico.
- Com toda certeza mais um herege.
- Na verdade não. Eu estava lendo sobre como ele fundamenta o heliocentrismo baseado na religião, comparando o Sol ao grande pai que seguimos constantemente, inclusive no Mysterium ele usa muitas passagens da bíblia dos cristãos que pareciam geocentristas, de uma forma em que na verdade te fazem ver que foram somente mal interpretadas.
- Isso é infundado, a Terra é com toda certeza o centro do Universo.
- A Terra não é nem mesmo o maior planeta do sistema solar que dirá o centro do Universo – Lena falou inconformada.
- Besteira.
- Por todos os Deuses, não me diga que acredita no modelo da Terra plana?
- Mas é claro.
No mesmo instante a mulher arregalou os olhos e se voltou para o irmão, o olhar dela dizia tudo ‘Como você pode ter um homem tão ignorante como seu conselheiro?’. Pela primeira vez em anos Lex pareceu voltar a ser o mesmo rapaz de antes, ele deu o mesmo sorriso amarelo da juventude – Por favor Visconde, o senhor nunca ouviu falar de Pitágoras? Há anos ele provou que a Terra era esférica através dos movimentos das estrelas
- Não se esqueça de Eratóstenes – A morena completou.
O Rei olhou para a mais nova com um sorriso no rosto – Eu não me esqueci. Quem te explicou sobre o experimento dele?
- Você.
- Então...
- Certo, me desculpe – A mulher levantou a mão como se pedisse desculpas.
Lex deu uma gargalhada – Está desculpada.
O General Spheer, que também estava sentado a mesa, bufou e revirou os olhos – A quem importa isso além dos engomadinhos nas Universidades?
O Rei pareceu se arrumar em sua cadeira – Você tem razão, não é importante.
A mais nova abriu e fechou a boca algumas vezes, mas achou melhor se calar, então voltou a comer em silêncio, logo ela estaria de volta a Krypton onde as pessoas eram instruídas o suficiente.
Os homens continuaram com assuntos irrelevantes e quando o mestre chegou pra almoçar, Lena tentou pedir licença e se esgueirar para enviar uma mensagem, mas por capricho não foi liberada para levantar mais cedo, ela estava quase espumando de raiva por ter perdido mais essa oportunidade.
Mas logo que pôde se levantar, ela foi andando até a biblioteca onde voltou a ler o seu livro até sentir alguém a encarando, quando olhou em volta deu de cara com o general em pé a sua frente, engoliu em seco antes de falar – Eu tinha entendido que você acredita que instrução é uma bobagem.
- Eu tenho certeza disso.
- Então o que está fazendo na biblioteca?? – Perguntou toda presunçosa.
O homem abriu um sorriso lateral antes de começar a falar – Você se acha muito importante, não é mesmo? Esquece que é só uma Ômega e como tal não serve para nada além de reproduzir e dar prazer aos Alfas.
No mesmo instante o sorriso dela morreu, sentiu uma náusea enorme, mas engoliu em seco mais uma vez naquele dia – E quem você pensa que é falando assim comigo? Perdeu a noção do perigo??
- Perigo? Que perigo?? Você não é nada, vai perceber isso logo que eu convencer seu irmão de que você deve ser dada para um Alfa que vai te colocar em seu lugar.
- Deixe-me adivinhar. Você é esse Alfa?
- Talvez.
- Você se acha muito importante não é mesmo? Eu não sei por que eu não deixei a Kara te matar quando ela teve a chance!
- Por que você sabe que ela não teria chance alguma contra mim.
A morena deu uma risadinha de escárnio – Você que não tem nem um pingo de chance contra ela. Não se esqueça de onde você veio e quem você é... Um nada.
No mesmo instante uma batida seca foi ouvida pelo ambiente, a bochecha da mulher ardeu, e seu rosto se virou com tudo para o lado direito. Um borburinho começou rapidamente por todo lugar. A morena levou a mão até o local e pode notar que além de estar com o rosto ardendo, o tapa que o homem havia lhe dado tinha aberto um pequeno machucado em seu lábio superior.
- Eu vou adorar poder te domar... Vou montar tanto em você que vai esquecer rapidinho essa aberração que você considera como esposa.
- E eu vou adorar valsar sobre seu caixão.
Jack deu uma risada sem nem um pingo de humor – Eu só não termino de te dar uma lição por que você ainda não é minha. Mas aguarde Princesa, a sua hora vai chegar – Ele virou as costas e saiu em seguida.
A morena olhou em volta, podia ver algumas pessoas cochichando, provavelmente concordando com a atitude do General.
A Princesa se levantou e saiu logo em seguida completamente perdida, precisou para e pensar por alguns instantes antes de pegar o caminho do jardim de inverno. Não queria nem imaginar o que teria acontecido se estivesse em um lugar isolado desses, quando foi interpelada pelo General de seu irmão. Possivelmente ele a teria violado.
Felizmente o local estava ainda mais frio, então no mesmo instante sentiu um pouco de alívio na face que latejava.
Engoliu em seco mais uma vez não permitindo que as lágrimas que estava segurando descessem, não queria chorar porque mais que a dor, o medo estava a deixando pior, não iria se deixar desesperar pela fala de Jack. Ela nunca iria pertencer àquele homem. Kara apareceria antes e a resgataria daquele inferno.
Seu desespero bateu quando sentiu seu filhote mexendo, por vários minutos se esqueceu dele, se Jack descobrisse da gravidez com certeza a faria perder esse bebê na marra. Ela precisava agir e mandar logo uma carta para a loira.
Então se levantou e foi andando o mais rápido que conseguiu até a torre onde o mestre vivia e fazia suas tarefas. Quando entrou viu vários pombos correios soltos em uma gaiola enorme. Era a sua oportunidade.
Mas quando começou a avançar dentro do quarto deu de cara com o mestre – Princesa o que faz aqui?
A mais nova se voltou para o homem, estava se preparando para dar alguma desculpa esfarrapada, mas então o ancião pareceu se dar conta da vermelhidão no rosto alheio – O que aconteceu com você, menina?
- Jack Spheer.
- O que ele fez?
- Ele me bateu, parece que colocou na cabeça que o Lex iria me dar para ele e que ele poderia começar a me colocar no meu devido lugar de Ômega obediente.
Pela primeira vez ela pôde notar um lampejo de ódio passando pelos olhos do velho mestre – Mas a senhorita é uma Princesa, aquele homem é um pé rapado, pode ter seus talentos, eu assumo, mas não tem nem onde cair morto.
- Eu sinceramente não me importo com isso, não teria nenhum problema com o fato da pessoa ter qualquer tipo de influência ou dinheiro. Meu medo é a possibilidade de ser ele. E se aquele lunático enlouquecer de vez e fazer alguma besteira? Eu prefiro morrer do que ver isso acontecer, ele conseguir convencer meu irmão eu quero dizer.
- Você é casada Princesa, disse seus votos diante dos Deuses, o Rei pode até achar que pode mudar as leis ao bel-prazer dele, mas isso não é verdade.
Lena arregalou os olhos, o rumo da conversa estava indo para um lado que ela não imaginava – Ahn, é isso mesmo. Eu amo minha esposa, veja bem, eu preciso entrar em contato com ela. Ela precisa vir me buscar antes que algo de ruim aconteça.
Neste instante ouviram sons de sinos ressoando pelos pátios, o mestre fez uma careta e foi até a janela – Estamos no meio da semana, não é o anúncio da missa.
- Mesmo que fosse final de semana, não é a hora correta.
- Só podem ser visitantes.
- Visitantes? Mas pra serem anunciados desta forma, não é ninguém esperado – A morena se aproximou e viu cerca de dez cavaleiros se aproximando da escadaria, no mesmo instante a morena sentiu seu  coração disparar – Kara!!
Ela simplesmente saiu correndo, disparou descendo praticamente de dois em dois degraus e correu pelos corredores até por fim chegar próximo da porta, mas sentiu alguém a puxando pelo braço, não foi surpresa ao dar de cara com sua mãe – Não!!
- Lena, o que é isso?
- Me deixa ir lá.
- Não até você me contar o que aconteceu no seu rosto.
- Foi o Jack, ele está quase conseguindo convencer o Lex a me dar pra ele, eu falei algo que ele não gostou, então ele quis me punir ou me manipular. Não interessa, me deixa ir... Eu não posso ficar, eles vão me matar.
A mais velha abriu a mão deixando que a filha pudesse ir. Lena mais uma vez correu até passar pela porta. Infelizmente o Rei e o General estavam em seu caminho até a escadaria.
- Lena, vai lá pra dentro agora.
A morena olhou para baixo e viu a esposa já desmontada, ela a olhava com as sobrancelhas franzidas, seu semblante era de puro ódio. Isso funcionou como uma injeção de coragem para a Princesa de Luthesa.
- NÃO!! EU VOU DESCER AGORA.
- Lena, não me provoque – Lex se aproximou da irmã a pegando pelo braço – Você vai entrar nem que eu tenha que te arrastar lá pra dentro.
- Não, por favor. Me deixe ir.
- Isso nunca vai acontecer.
- Lex – Lilian havia chegado ao lado dos filhos – Deixe sua irmã.
- Que sandice está dizendo mamãe, depois de tudo o que fizemos? Nós ganhamos a batalha. Ninguém pode nos obrigar a devolver ela, a lei está ao nosso lado.
- Você está cego, meu filho?! Será que você não percebe? Você não ganhou batalha nenhuma. Sua irmã está grávida. Ela está carregando o herdeiro de Krypton.
- Não... Você está enlouquecendo.
- Por que você acha que o próprio Zor-El está aqui? Se você não abrir sua mão e deixar a Lena partir agora, estará assinando seu atestado de óbito.
- O que está dizendo mamãe?
- Por todos os Deuses. Ao menos olhe para a sua irmã... Seu cachorro bateu nela e a Alfa lá embaixo já percebeu. Ela vai te desafiar para uma duelo e você nunca conseguiria ganhar dela. No estado de ódio que ela irá ficar eu acredito que nem mesmo O Spheer teria qualquer chance!
Lex mantinha o braço da morena seguro, então ele olhou para a mais nova e pôde perceber que ela realmente estava mais rechonchuda, o vestido claramente apertado. E seu rosto estava vermelho de um lado, assim com seu lábio cortado. Ele suspirou profundamente olhando o General.
- Meu Rei!
- Minha conversa com você será depois. Isso se a Alfa não te matar.
Então ele voltou a olhar para a mãe – Quanto tempo você sabe disso?
- Tempo suficiente para enviar uma carta para Krypton.
- O quê?
- Foi isso que você ouviu, eles só estão aqui por que eu avisei. E antes que a vossa majestade diga algo, eu fiz isso por você. Você está cercado de idiotas, alguém provavelmente lhe convenceria a faze alguma besteira com a sua irmã e aí então não existiria nenhum tipo de salvação para sua pele.
- O que eu devo fazer?
- Deixe sua irmã ir embora, ela fez uma escolha. Pense agora em você, deixe a poeira abaixar para poder ver como podemos remediar essa história toda.
Lena puxou mais uma vez seu braço do aperto de seu irmão finalmente conseguindo se soltar, deu dois passos para trás. Inconscientemente levou a mão até a barriga enquanto permanecia encarando os três mais velhos, ela tentava não parecer assustada, mas agora com a delegação de Krypton tão perto parecia perfeito demais para a morena imaginar que era verdade, seu medo era acordar agora em meio aos lençóis e ver que este dia não tinha se passado de um sonho.
Ela então respirou profundamente para se acalmar um pouco, em seguida virou as costas e desceu logo de uma vez a escadaria, chegou na base ainda mantendo o olhar baixo, apesar da vontade de pular nos braços da loira, estava se sentindo tão assustada que não tinha coragem de levantar o rosto.
A morena fechou os olhos com força ao sentir uma aproximação, ela sabia que era a sua esposa, mas mesmo assim não sabia como agir. Ela se encolheu ao sentir um toque em seu queixo.

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