A new Chance for Love - Ferlane

Nove

Alane Dias

Acordei com um barulho de algo se quebrando, olhei para o lado e vi Fernanda se abaixando para pegar o que havia acabado de cair enquanto murmurava algumas coisas que eu não sabia bem dizer o que eram, sentei-me na cama e só então pude ver o que era o objeto no chão: Copo. Ela olhou-me e deu um sorriso sem jeito.

- Desculpe ter te acordado, o tempo passa, mas meu desastre continua o mesmo.

-Tudo bem. Sorri e encarei o relógio que marcava 07h40min --- Eu precisaria levantar, de qualquer forma.

- Mas vinte minutos a mais faz toda a diferença. Ela riu.

-Se eu dormir mais cedo hoje, poderei repor esses minutos. E aliás, obrigada por ontem, Fernanda.

- Não precisa agradecer, eu sei que é dificil. - Ela continuava com um sorriso no rosto - Hoje não tenho hora para voltar, Alane.

-Tudo bem. - Dei de ombros, vendo ela colocar seu casaco e sair do quarto levando os pedaços grandes do copo que ela havia quebrado.

Espreguicei-me e coloquei meus pés para fora da cama. Puta merda, o chão estava gelado demais. Prendi meu cabelo em um coque e levantei-me contra a minha própria vontade. Aquela cama é maravilhosa, eu queria ficar ali para sempre.

Assim que comecei a caminhar até a porta do quarto, Fernanda entrou com uma vassoura e uma pá. Abri a boca para perguntar o porquê e só então me lembrei que Maria ainda estava de férias.

Finalmente segui até o banheiro, em passos lentos e quase me arrastando de tanto sono. Fiz minhas higienes e depois desci para tomar café, já que eu estava faminta.

Fernanda estava sentada à mesa juntamente com Laura, as duas conversavam animadas, e na minha humilde opinião, aquela cena era adorável.

- Bom dia, Lala! - Disse, ao entrar na cozinha. Beijei sua cabeça e me sentei ao seu lado.

- Bom dia, tia Lane. — Sorriu - Por que você estava dormindo com a mamãe hoje? Vocês estão namorando? Mas você não havia me dito que namorava outra pessoa? - Laura me bombardeou de perguntas, fazendo minha bochecha corar.

Era bom saber a fama da mãe para a menina, então quer dizer que qualquer uma que esteja em uma cama com ela se tornava namorada? Quase ri de meus pensamentos, se não fosse pela vergonha que eu estava sentindo. Odiava ser tímida assim.

- Alane só dormiu comigo porque ela tem medo de temporais, Lala. - Fernanda disse rindo, provavelmente da cor que estava meu rosto.

- Tia Lane, você tem que ser gente grande igual eu, que não tenho mais medo de nada! - Ela disse sorrindo, me fazendo rir em seguida. Essa garotinha é terrível - Não precisa ter medo, não vai acontecer nada, Lane.

-Eu sei, meu amor. Mas, mesmo assim, não consigo. - Fiz bico.

- Tudo bem, Lane. Se precisar estamos aqui. Não é mamãe?

- Sim, Lala. - Ela me olhou sorrindo. Sorri também. Droga, aquele sorriso dela era tão lindo, por que ela não sorria sempre assim?

O que você está pensando, Alane? Sossegue!

Continuamos à comer em silêncio, Laura terminou primeiro e saiu correndo para seu quarto trocar de roupa. Fernanda tomava seu café enquanto mexia em seu celular, a cada dez segundos um sorriso malicioso surgia em seu rosto. Agora eu entendo o motivo dela chegar tarde em casa hoje.

Involuntariamente imagens do sonho que eu havia tido no começo das minhas férias invadiram minha cabeça, mordi meu lábio fortemente me repreendendo. Fernanda tinha cara de ser quem comanda as coisas na cama, e eu queria ver ela em ação. Mordi meu lábio mais uma vez, sentido um gosto de sangue em seguida. Alane, qual e o seu problema?

-Puta merda! — Resmunguei, colocando a mão na boca. Fernanda me olhou rapidamente.

- O que foi?

-Mordi meu lábio, machucou. - Fiz bico ainda com minha mão sobre minha boca.

Ela balançou a cabeça negativamente rindo, levantou-se e veio até onde eu estava, se abaixou um pouco e encarou meus lábios.

- Como conseguiu?

- Manias. Eu tenho uma mania chata de morder os lábios. - Menti.

-Sério? Nunca havia reparado. - Ela deu de ombros - Não foi nada tão grande, vai doer só um pouco, mas logo passa. Se quiser, pega gelo e passa em cima, é bom e refrescante - Ela riu, sem tirar os olhos da minha boca - Mas, de qualquer forma - Ela depositou um selinho em meus lábios, me fazendo corar - Nada que um beijinho não ajude a sarar.- Eu deveria estar roxa, pela cara de divertimento dela - Alane, você é tão fofa. - Ela piscou e saiu da cozinha rindo.

Enquanto eu, continuava a encarar a porta por onde ela havia acabado de passar sem reação alguma, a única coisa que eu conseguia pensar era:

Mas que merda havia  acontecido aqui?

Eu estava deitada no sofá assistindo De repente 30, já havia assistido muitas vezes e nunca enjoava, era um dos meus filmes favoritos. Laura havia dormido a tempos, o relógio marcava mais de três da manhã, e meu sono insistia em me deixar na mão, mas eu não tirava a razão do meu sono de ter sumido. Depois do sonho que eu tive, não há sono que fique.

Me senti frustrada mais uma vez, eu havia sonhado com Fernanda de novo, e mais uma vez o sonho era erótico. Dessa vez, ela ficava me provocando o tempo inteiro, e quando eu fui tomar banho, bem, vocês devem imaginar o que aconteceu. Puta que pariu, isso tudo é carência? Pô, Alane, você já foi melhor! Meu subconsciente me xingava de todas as formas possíveis.

Voltei a assistir o filme, mas não por muito tempo, logo a porta se abriu e Fernanda entrou. Ela estava fodidamente linda, mesmo que sua maquiagem estivesse borrada e seu vestido amassado, havia uma calcinha em sua mão e ela estava rasgada. Pelo menos alguém se divertiu essa noite, não é mesmo?

Ela se assustou quando me viu, mas não se preocupou em esconder a calcinha em sua mão. Fernanda Bande estava pouco se fodendo para o mundo.

- Ainda acordada, Alane?

-Não tive um sonho muito agradável e perdi o sono - Respirei fundo ao lembrar das imagens do sonho que invadiram minha mente.

-Ah, entendi. - Ela sorriu - Bem, já volto, vou tomar um banho - Apenas assenti com a cabeça e voltei a prestar atenção no filme, quer dizer, tentei, porque o sonho não saía mais da minha cabeça. Se as coisas continuassem desse jeito, eu iria enlouquecer.