Safe & Sound | Taylor & Travis

Capítulo 17 - 'right there where we stood, was holy ground'

TRAVIS KELCE POINT OF VIEW

— Taylor? – a chamei enquanto dava passos cautelosos na direção do quarto na casa que ela aqui na Filadélfia, ouvindo Tree quase esbravejar com alguém ao telefone. — Tay?

Já estava quase anoitecendo em Nova Iorque quando consegui um voo para chegar aqui. Depois que vencemos o jogo, e fui me encontrar com nossos amigos que assistiam na suíte do estádio para perguntar por Taylor, eu estava esperando por qualquer coisa, menos aquilo.

Quando já ia chamá-la mais uma vez, empurrando lentamente a porta, ela andou até mim, pressionando o rosto coberto pelas suas mãos em meu peito, e seu corpo começou a estremecer contra mim.

— Meu Deus, Travis. – Ela soluçava enquanto falava, chorava enquanto soluçava, e tive que me sentar no colchão para fazer com que ela se sentasse ou nós dois cairíamos no chão pela maneira que Taylor se agarrava em mim. — Ela... Ela... Ah meu Deus.

Conversar com ela naquele estado seria impossível, então a única coisa que fiz foi acariciar seus cabelos enquanto sentia as vibrações de suas lágrimas, até que começaram a ficar mais fracas e lentas, e percebi que ela tinha dormido.

Me pus de pé depois que a cobri com um lençol, e encontrei Austin, Sydney, Scott e Tree na sala de estar.

— Há quanto tempo ela estava daquele jeito? – perguntei enquanto passava as mãos pelos meus fios de cabelo.

Os três – Austin, Sydney e Scott – trocaram olhares rápidos antes de Austin responder.

— Não muito antes de você chegar – ele começou. — Quer dizer, quando a gente estava no carro e ela viu as notícias, acho que ela falou algo como o quão podre alguém tem que estar por dentro para usar uma foto de registro escolar para expor uma criança na mídia, e nesse momento nós já estávamos vindo para cá porque era completamente inviável ir até qualquer outro lugar da cidade.

"Só que, Tree conseguiu algumas informações, e, entre elas, a de que a Marjorie é... Ela mora com um rapaz de 22 anos, uma criança de cinco, e uma menina da sua idade. Os três são irmãos, e ela passou a viver com eles depois que a mãe morreu, em agosto. Ela é órfã... ou pelo menos, era o que acreditava ser."

Soltei um suspiro longo e me sentei na poltrona. Não foi muito difícil entender que Taylor se abalou ainda mais depois que soube daquilo, mas tudo estava tão confuso. Poucas coisas faziam sentido, mas uma verdade irrefutável era a de que, seja lá como, aquela menina da foto era a filha de Taylor... e a minha.

Porra, que inacreditável.

Quando Taylor conversou comigo em Kansas City depois do jogo, e me contou que simplesmente teve uma filha depois de ter engravidado quando, bêbada, dormiu com um cara que também estava bêbado e no dia seguinte ela não conseguia se lembrar de sua aparência, foram necessários segundos para que eu ligasse os pontos: a maneira como ela passou a agir nervosamente após a partida, a forma como ela olhava para mim às vezes, e principalmente a tristeza estampada em frases suas no dia a dia, que normalmente não significariam nada, mas se tratando de Taylor, com certeza haveria algo por trás.

— Então quer dizer que a única pessoa que poderia explicar como acabou criando por 12 anos a filha de outra mulher por "engano" está morta? Porque não tem como uma mãe, um pai, olharem todos os dias para uma criança e simplesmente não se darem conta de que alguma coisa está errada.

Scott, sentado no sofá a minha frente, apoiou a testa nas mãos enquanto os cotovelos pressionavam suas coxas. Me recordei de quando Taylor me convidou hesitantemente a ir até a Argentina para assistir aos seus shows pela The Eras Tour no país, e em como aquela seria a ocasião em que eu conheceria o seu pai.