Capítulo 4 - 'that's a real fuckin' legacy to leave'

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TAYLOR SWIFT POINT OF VIEW
Fevereiro de 2010

A música está tão alta que mal consigo ouvir meus próprios pensamentos.

A sensação é boa, no entanto. É libertadora. Se alguém chamasse meu nome agora, eu não iria ouvir, e consequentemente não teria que me preocupar com o que quer que quisessem de mim.

Faz alguns dias desde que voltei aos Estados Unidos, depois do show da Fearless Tour no Japão. Ver que estou realizando meu sonho de infância é a coisa mais reconfortante que já vivi. Nada mais importa.

Nada mais deveria importar.

Nunca fui o tipo de jovem que fazia questão de ir para comemorações onde as pessoas enchiam a cara – e não tão discretamente faziam uso de coisas ilícitas – noite adentro. Minha vida é a música, e amo o que faço. Mas hoje, estou determinando uma exceção. Às vezes as pessoas apenas precisam disso.

Já perdi a conta de quantos copos já passaram pela minha mão antes deste que seguro agora, mas não devem ter sido muitos. Bom, pelo menos o teto ainda não está girando. Meu Deus, sequer conheço a sensação de ficar bêbada de verdade.

E é com isso que lembro que não tenho sequer idade suficiente para beber, mas aparentemente ninguém aqui se importa. Já estão aqui há muito mais horas do que eu, o que é bom, já que nenhuma das pessoas me reconhece. É para isso que as pessoas vêm até lugares como esse: para se livrarem, nem que por só algumas horas, de suas responsabilidades e situações da vida real, para esquecerem de tudo e todos.

E é exatamente disso que preciso. Nem que por só algumas horas.

Viro o restante do conteúdo em meu copo, sentindo a leve ardência na garganta, antes de me virar para o cara que serve as bebidas e pedir por outro. Ele é aparentemente jovem, e me observa por mais tempo do que o necessário, e rapidamente desvio o rosto, ainda esperando com as mãos em cima do balcão. Pois é, funcionários definitivamente não se embebedam em seu horário de trabalho.

Que merda.

Não demora muito até que ele me entrega a bebida, e fico aliviada por não ter pedido nenhum documento, porque então eu estaria ferrada em dobro.

Para não correr mais nenhum risco de que alguém me reconheça aqui, a parte do meu cérebro que ainda tem a capacidade de tomar alguma decisão sensata sinaliza para que essa seja a última bebida da noite, e bebo o resto do líquido de uma só vez, tão rápido que uma tontura repentina me atinge com força quando me levanto para ir embora.

Só percebo que estava prestes a cair quando sinto mãos fortes me segurarem.

— Opa! Toma cuidado. – A voz infiltra meus ouvidos no mesmo instante, e me viro para descobrir a quem pertence.

A iluminação do ambiente definitivamente não ajuda muito, mas consigo perceber que seus cabelos são curtos, seus olhos são claros, e sua altura é impressionante. Por algum motivo, ele ainda me segura mesmo após eu ter recuperado o equilíbrio, mas não me importo.

— Tudo bem? – ele pergunta.

É evidente que bebeu, mas, diferente das outras pessoas aqui, o homem mantém uma certa compostura, e não fala com a voz arrastada ou age com as ações lentas. Quer dizer, o reflexo dele está melhor do que o meu quando estou completamente sóbria.

Safe & Sound | Taylor & TravisOnde histórias criam vida. Descubra agora