SEGUNDAS INTENÇÕES

50 14 93
                                    

— Bem vindos! — Harry disse animado, enquanto recebia a família Jhonson com o melhor dos humores.

Já fazia quase dois anos que eles estavam sendo excluídos de jantares e reuniões mais íntimas, então receber um convite do prefeito para jantar com os Campbells era realmente suspeito. O medo de que ele pudesse querer se vingar por Charlotte ter ajudado a atacar sua assistente começava a tomar conta da mente da menina, assim como a teoria absurda de que ele tivesse mandado que a mulher a atacasse, afinal era muita coincidência que isso tivesse ocorrido justo quando ela estava lá.

— Charlotte! — a Sra. Campbell a chamou com um grande sorriso, a tomando em um abraço. Charlotte não era a maior fã de contato físico, mas a mulher era tão acolhedora com ela que apenas aceitou o gesto.

Apesar de a linhagem Campbell ser conhecida por sua fertilidade, Herry e sua esposa só tiveram Niguel e Noah, o que frustou qualquer esperança da Sra. Campbell de ter uma filha, por isso sempre acolheu tão bem Charlotte.

— O Noah já está na sala de jantar? — Charlotte questionou, louca para se encontrar com o amigo e tentar se sentir mais segura.

— Está sim querida. Ele e Niguel estão conversando a mesa. — a Sra. Campbell respondeu, o que deixou Charlotte um pouco desanimada. Ela ainda estava tentando evitar o Niguel e suas memórias confusas.

[...]

— Pensei que não permitissem animais a mesa. — Niguel disse, assim que Charlotte se sentou ao lado de Noah.

— Isso é forma de se falar com uma dama? — Herry perguntou a Niguel, em tom de represália.

— Não me referi a Sabrina, me referi a esse leitão que os Jhonson trouxeram. — o ruivo respondeu, fazendo pouco caso do olhar de reprovação que sua mãe o lançou.

— Qual é a droga do seu problema? — Noah perguntou ao irmão, como sempre estando mais disposto a reagir quando as implicâncias do mesmo eram direcionadas a Charlotte.

— Já chega disso vocês dois. Niguel, se desculpe com a Charlotte. — Herry ordenou, com o seu olhar frio que deixava claro que seria melhor se todos apenas o obedecessem sem discutir.

Como já conhecia bem o temperamento do pai, Niguel apenas seguiu suas ordens e abaixou a cabeça, sussurrando um "eu sinto muito" para Charlotte.

— E a que se deve esse convite inusitado? — Amy perguntou, depois de todos os adultos terem sido servidos com vinho, exceto por Sabrina, que recusou a bebida com delicadeza.

— Não posso querer ver alguns velhos amigos? — disse Harry, o que era um ato um tanto sínico levando em conta que todos ali presentes sabiam que suas ações sempre eram movidas em prol de seu benefício próprio. — Apenas me pareceu apropriado convidar vocês de forma oficial, já que a caçula da família está sempre em minha casa. — ele argumentou, sabendo que sua primeira desculpa não iria convencer ninguém.

— Poderiamos apenas banir Charlotte daqui, isso resolveria o problema. — Niguel sugeriu, mas pareceu retirar o que havia dito assim que Harry olhou para ele com reprovação novamente.

— Charlotte é praticamente da família, não seja tão rude. — Harry disse, numa demonstração de consideração por ela que Charlotte nunca havia presenciado por parte dele, o que apenas tornava aquilo mais suspeito.

[...]

— O que planeja fazer após se formar? — Harry perguntou a ela, enquanto os outros conversavam entre si, chamando assim uma atenção para ela que Charlotte definitivamente não estava acostumada a ter.

— Bem...e-eu, talvez...— apesar de seu hábito de gaguejar não costumar aparecer quando estava conversando com conhecidos íntimos, torna-se o centro das atenções estava atiçando a ansiedade da garota, que não conseguia evitar perder parte da voz e da sagacidade ao responder. — Considerei me tornar governanta ou bibliotecária. — ela conseguiu responder enfim.

OS SEGREDOS DE CHARLOTTE JOHNSONOnde histórias criam vida. Descubra agora