Giovanna
- Eu duvido a Giovanna baixar o tinder e dar match em alguém - a Alessandra solta descontraída em meio às brincadeiras.
- Ela não tem coragem, Le - foi a vez da Priscila falar.
Semicerro os olhos na direção delas.
Estamos na casa da Flávia, curtindo a nossa tradicional "noite das garotas". Nós temos essa tradição, sempre nos encontramos no mínimo três vezes durante o mês. Com o intuito de desestressar e tirar um descanso das responsabilidades da vida adulta. No entanto, essas noites possuem algumas regrinhas básicas:
• Nada de maridos;
• Todas precisam beber e ter a responsabilidade digna de uma adolescente (pelo menos durante a noite);
• Nada do que acontece na "noite das garotas" pode sair da "noite das garotas".
- Eu não vou fazer isso! - finalmente me pronunciei. - Eu sou casada, INFERNO!
Falo para elas em meio às gargalhadas. O álcool subindo para a minha mente e me fazendo enrolar a língua ao pronunciar as algumas palavras.
- Não falei, sá?! Eu sabia que ela não iria conseguir - a Alessandra fala com um sorriso sacana nos lábios, sabendo que eu odeio ser desafiada.
- Ela deu pra trás! Eu sabia que esse era um desafio grande demais para ela - Priscila beberica a cerveja enquanto coloca ainda mais lenha na fogueira.
- OK! VENCERAM! - viro o meu celular para as meninas, mostrando a tela do aparelho onde o aplicativo já estava sendo baixado.
Após alguns minutos, começo a criar um perfil no aplicativo, escolho algumas fotos e começo a editar algumas informações pessoais.
- Você colocou só homens?! - a Alessandra pergunta se colocando ao meu lado.
- Só homens?! Realmente, ela não sabe aproveitar a vida - Priscila solta rindo.
- Será que vocês podem ficar em silêncio?! - termino de atualizar o meu perfil e sigo finalmente para a escolha de um pretendente. A Alessandra quase se joga no meu colo para conseguir visualizar a tela do celular. Priscila e Flávia grudam do meu outro lado.
- Já pensou se a gente encontra o Pedro por aqui?! - Flávia fala e eu a repreendo de imediato.
- Vira essa boca pra lá, trem! E além do mais, regra número um: sem maridos.
Vou deslizando o dedo pela tela do celular, negando todos os homens que passam, sem dar a menor atenção às informações ou as fotos. Encaro o celular por mais de cinco segundos, observando alguém que me chamou a atenção, é o suficiente para que todas as meninas percebam antes mesmo que eu diga algo.
- Ela gostou desse - a Alessandra fala me denunciando.
- Unhummmm! - as outras duas mulheres concordam em um único som.
- CALADAS! Por favor! - eu falo lendo o restante das informações acerca do homem que estava congelado na tela do meu celular.
Eu vou mesmo fazer isso?! Meus pensamentos intrusivos começam a me atormentar.
"Alexandre Nero Vieira, trinta e sete anos".
- "Alexandre"! Hum! Nome bonito! - a Alessandra diz.
- Trinta e sete anos e arquiteto. Também está dizendo que é de Minas - digo enquanto começo a passar as fotos do homem.
A primeira é uma foto de corpo inteiro, ele está de óculos escuro, camisa preta, calça jeans, tênis branco e um blazer branco por cima do look. Continuo passando as fotos. Quando chego na último, ouço o alvoroço das mulheres ao meu lado.
