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Alexandre
Ouvimos um barulho vindo da porta do quarto. Eu me sento na cama despertando e escutando com mais atenção. O dia já clareou, mas ainda não está tão tarde.
É o Harry querendo entrar. Ainda não acredito que Giovanna escolheu esse nome. A observo enquanto dorme e depois me levanto.
- Cê vai pronde, amor?! - Ela coça os olhos sonolentos enquanto segura meu braço.
- Oi, meu bem! Te acordei?!
- Que barulho é esse?! É o Harry?! - Ela se levanta um pouco olhando para a porta.
- Pode voltar a dormir que eu vou olhar o que é e já volto. Acordei ouvindo o choro dele na porta há alguns minutos - ela sorri.
- Eu sei o que ele quer. Ele quer entrar, não quer ficar sozinho. - Ela senta na cama. - É normal os filhotes chorarem nos primeiros dias com saudade da mãe. Acho que ele foi abandonado, parece ser bem carente, amor. O bichinho, abre a porta pra ele.
Observo o rosto dela transformando-se em preocupação.
- Então eu já volto, fica aí!
- Pra onde mais eu iria, Zé?!
Ignoro o comentário e abro a porta, pego o Harry no colo e o levo para a cama. Vou aproveitar que acordei cedo e concluir um projeto pendente.
- Fica com ele aí. Ainda é cedo, dorme mais um pouco! - Beijo sua testa.
- Cê não se importa?! Dele ficar aqui?! - ela me olha surpresa.
- Como assim?! Aqui na cama?! - Me sento na ponta da cama.
- Sim.
- Por que eu me importaria?!
- Não sei, uai. - Ela dá de ombros brincando com o filhote. - Tem pessoas que não gostam.
- Não me importo! Ele é muito pequeno. E é muito ruim se sentir sozinho. É muito ruim sentir saudade de quem se ama, Gio.
Ela olha para mim e desvia os olhos. O mesmo olhar triste, inseguro e cheio de medos. Existe algo a incomodando. Algo que está deixando seu semblante triste e decaído.
- Cê tá bem?! - estendo a mão acariciando a sua bochecha.
- Tô sim. Só tô com sono.
- Tudo bem se eu for para o meu escritório, agora?! Preciso terminar umas coisas...
- Tudo bem...
- Tem certeza que tá tudo bem?! Cê parece um pouco... triste?! Tá arrependida pelo que aconteceu ontem? - pergunto com medo da resposta.
- Não!!! Não, amor! - Ela ri fraco e segura a minha mão. - Eu só tô cansada...
- Então dorme! Dorme! Eu tô lá no escritório caso cê precise. - Faço um carinho no rosto dela e afago a cabeça do filhote que já se aconchegou nela.
- "Cuida dela pra mim, amigão!" - Digo olhando para ele.
[...]
Giovanna
A porta do escritório está aberta, mas ainda assim dou algumas batidinhas antes de entrar. Ele se vira e abre um sorriso quando me vê.
- Posso entrar?! - pergunto.
- Nuh! Mas é claro! - Vou em direção a cadeira em que ele está sentado. Ele me puxa para que eu sente em seu colo.
- E, aí?! - Pergunto para ele.