LEAVE

290 36 68
                                    

Alexandre

Cerca de duas horas se passam até que todos estejam presentes em meu apartamento. Giovanna continua trancada em meu quarto. Alessandra me pede desculpas por ter bebido além da conta e não ter estado com ela no momento em que ela precisou ir ao banheiro.

Minha mãe também está aqui e vez ou outra me lança um olhar de preocupação e compaixão. Perguntei para ela se eu estou fazendo a coisa certa, ela apenas me disse que não podemos afirmar nada. Apenas me disse que essa é uma decisão minha.

O Rodrigo apenas dá batidinhas no meu ombro, como sempre fez em diversas circunstâncias durante esses longos anos de nossa amizade.

Permanecemos em silêncio aguardando. Todos esperam que Giovanna saia do quarto e venha cumprimentá-los, mas eu sei que ela não fará isso. Sei que ela sabe que há pessoas aqui, pode até ter ciência de que são as pessoas que ela ama, mas ainda assim, ela não quer vê-los.

Minha mãe segura meu joelho para que eu pare de balançar minha perna por estar nervoso e ansioso. Passo a mão no rosto e me pergunto:

Estou fazendo a coisa certa?!

Essa é a melhor decisão?!

A campainha toca e eu enxugo o suor das minhas mãos na minha calça enquanto me levanto para abrir a porta. Quando a porta abre e eu consigo finalmente enxergar aquelas duas figuras à minha frente, sinto que estou fazendo a coisa certa. O olhar desesperado deles denuncia que apenas pessoas que amam verdadeiramente alguém possuem a capacidade de sentir o que eles transparecem estar sentindo neste momento.

Estendo minha mão para o homem.

- Olá, Senhor e Senhora Antonelli, meu nome é Alexandre Nero - o homem olha para a minha mão, mas não a segura. Neste momento, ele me abraça. Ele me abraça e sinto que ele me agradece através desse abraço.

- Obrigado, Alexandre. Obrigado por ter entrado em contato conosco. Eu não tenho palavras para agradecer!

Sua esposa chora e quando ele me solta ela também me abraça. Ela parece com a minha mãe em estatura, mas seu sorriso é o mesmo que está estampado no rosto de Giovanna.

- Entrem, por favor - me afasto dando espaço para que eles entrem. - Essa é a Alessandra, amiga da Giovanna. Rodrigo, meu amigo e Sandra, minha mãe.

Alessandra levanta-se e se aproxima para abraçar a mãe de Giovanna.

- Eu sempre quis conhecer a senhora - ela fala com lágrimas nos olhos.

A mãe de Giovanna sorri para ela e olha para o marido, o rosto envolvido por uma preocupação materna. Os dois não parecem interessados em apresentações e cumprimentos neste momento, tudo que eles mais querem é ver a filha.

- Alexandre... onde está minha filha? - o pai dela me pergunta e parece suplicar para que eu os leve até ela.

Franzo os lábios e caminho em direção ao meu quarto.

- Venham comigo, por favor! - quando chegamos, bato na porta do quarto. - Gio?! Gio, abre a porta. Há duas pessoas aqui que querem te ver.

Ela não responde e eu bato novamente.

- Por favor, Gio! Abre... - peço e olho para os olhos tristes dos pais dela.

Ouço o arrastar dos pés dela em direção a porta e o barulho da chave destrancando-a. Ela abre um pouco a porta e me olha, mas rapidamente seus olhos se voltam para o chão. De onde ela está não consegue enxergar a figura dos pais, então abro mais a porta cuidadosamente enquanto ela olha para os próprios pés.

SoulmateOnde histórias criam vida. Descubra agora