Alexandre
- Bom dia, meu bem! - Ela se espreguiça na cama enquanto eu coloco a bandeja com café da manhã próximo aos seus pés.
Afasto um pouco a cortina para que a luz entre no quarto. Ela solta uma reclamação colocando as mãos no rosto.
- "Dia". Que horas são?!
- Já tô quase saindo pra o escritório, mas eu não ia sem antes checar se você tá bem. Cê tá melhor?! Porque se cê ainda estiver mal eu posso cancelar o trabalho hoje. Só vou trabalhar até às 12:00 horas mesmo. Posso concluir alguns projetos por aqui. - Falo me sentando na cama.
Coloco a mão em seu rosto e me inclino para dar um beijo em sua testa. Ela permanece em silêncio me encarando e sorri franzindo os lábios. Passo meu polegar em seus lábios.
- Solta esse sorriso, Zé! - Quando faço isso ela abre um sorriso largo.
Ela sorri para mim.
- Cê tá me deixando muito mal acostumada. - Ela diz enquanto sorri. - Mas eu tô melhor sim. Pode ir! Já passou... amor! - Ela diz a última palavra olhando nos meus olhos. Segura a minha mão e leva até os lábios, fazendo um carinho nela.
- Fico aliviado que cê tá melhor. - Falo me deitando na cama ao lado dela e a olhando divertido. - Melhor e mais calma!
Ela começa a rir e me dá um tapinha no ombro.
- Cê bobo! - Ela diz passando a perna sobre mim e se aconchegando ao meu corpo com um abraço. - Cê foi ver o amanhecer hoje?!
- Não, fiquei com dó de te acordar. Cê parecia dormir tão bem e o dia ontem foi tão cansativo. - Falo acariciando os cabelos dela.
- Foi cansativo pra você também. Cê não dormiu?!
- Fiquei um tempo acordado.
- Insônia?!
- Mais ou menos.
Ela se levanta para olhar meu rosto com curiosidade.
- Existe "insônia mais ou menos". - Ela levanta uma sobrancelha.
- É diferente. A insônia contigo é diferente. Eu gosto de te ver dormir, então não é insônia. Eu só gosto de te admirar enquanto cê dorme. Não me faz mal como as insônias que eu tinha antes.
Ela olha para mim e tenta esconder um sorriso no canto dos lábios.
- Nas noites que eu dormir aqui, não vai sem mim tá, sô?! Eu não ligo se me acordar. Eu amo assistir o amanhecer cocê. - Ela passa o braço pelo meu tronco me abraçando mais e deita a cabeça sobre o meu peito.
- Cê ainda não tá com fome?!
- Ah, é verdade! O café.
Ela senta-se e pega a bandeja de café colocando-a em seu colo. Observo ela comer e noto que seu apetite habitual voltou. Esse é um bom sinal.
- Cê parece bem melhor mesmo! - Falo para ela sorrindo.
- Uai! Tô mesmo! Por quê?! - Ela levanta a sobrancelha e fala com a boca cheia.
- Por nada, sá! - Começo a rir.
- Cê tá rindo de quê, zédendágua?!
- De nada, uai! - Dou de ombros.
- Alexandre. Alexandre. Cê fica veiáco!
Após alguns minutos, tomei coragem para perguntar algo que martela em minha mente há um tempo.