RAVI

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Meses depois

- Cê tá pronta?! - ele pergunta entrando no quarto.

- Tô sim! Vou só pegar a bolsa. A Alessandra já mandou mensagem perguntando por que nós estamos demorando.

Ele sorri pelo canto dos lábios e coloca as mãos na minha cintura enquanto se inclina para falar algo em meu ouvido.

- Fala pra ela que o nosso banho foi bastante demorado... - dou risada sentindo cócegas com a sua boca em meu ouvido e o afasto.

- É sério! Vamos! - ele dá um passo pra trás rindo pelo canto dos lábios.

Hoje estamos de saída para a casa da Alessandra. Além das nossas reuniões entre garotas, agora realizamos reuniões de casais. Priscila e Flávia se juntam a nós com seus esposos e essas noites têm se tornado bastante divertidas. Com muitas risadas, comida, conversas e às vezes até um karaokê, que não me aventuro, claro. O Alexandre resolveu se mudar para o meu apartamento quando casamos e sua mãe agora mora no apartamento que foi dele. Minha varanda agora está mais linda do que nunca e o Harry também se adaptou bem à sua nova casa. O Rodrigo e o Alexandre estão quase terminando o projeto do novo escritório em que os dois são sócios juntos e já estamos fazendo todo o planejamento para a inauguração. Ao que parece estamos sempre envolvidos em eventos e a Dona Sandra e eu não economizamos energia para realizarmos todas as comemorações do instituto, organizar esses eventos, jantares em família, aniversários, etc.

Eu nunca fui tão feliz em toda minha vida!

O Alexandre não só me devolveu a alegria de viver, mas com tudo o que aconteceu entre nós, meus olhos se abriram para uma nova felicidade que estava escondida nas coisas simples ao qual eu fui deixando para trás: amigos, família, pessoas, o altruísmo e a arte de celebrar com quem amamos.

Coisas simples como acordar pela manhã e desejar bom dia para o Alexandre, me fazem valorizar essas pequenas coisas da vida que diante dos nossos olhos são irrisórias, mas para alguém que viveu situações e momentos angustiantes como eu vivi, se tornam muito especiais.

Seguimos até o apartamento da Alessandra e quando chegamos todos já começaram a se entrosarem. Os homens se dirigem para a TV e começam a falar sobre futebol. Nós mulheres entramos em tantos assuntos ao mesmo tempo e mudamos tão rapidamente que é difícil me lembrar do que estávamos falando quando o Alexandre se aproxima de mim com um ar de preocupação notavelmente estampado em seu rosto. Me afasto um pouco das meninas e vou em sua direção.

- O que foi, Zé?! - pergunto me aproximando dele.

- Me ligou. De novo - ele levanta o celular. - Eu tô de saco cheio disso, amor.

- Cê vai?! - pergunto quando o observo passar a mão no rosto com contrariado.

- Eu não tenho opção. Ou eu vou ou levam ele... sei lá, pra delegacia?! Vão me chamar de qualquer forma.

- Calma, zé! - passo a mão em seu rosto. - Calma...

- Essa é a última vez, na próxima eu levo ele pra reabilitação amarrado - olho para ele e apenas comprimo os lábios. Não sei o que dizer. Não sei o que faria se estivesse em seu lugar. - Eu já volto! - ele me beija e vai em direção a porta de saída.

- Tô te esperando, qualquer coisa liga, amor! - Ele dá um leve aceno com a cabeça e sai. Volto para onde estava anteriormente e as meninas me olham curiosas.

- O pai "bebum" dele de novo, sô?! - a Alessandra pergunta rapidamente.

- Sim - coloco a mão no peito e olho para ela preocupada. - Já perdi as contas de quantas vezes o Alexandre teve que sair de casa às pressas com ele ligando porque não conseguia ao menos chamar um táxi. Às vezes ele pede para alguém do bar ligar para o Alexandre. Às vezes ele está na porta do apartamento deitado e não consegue levantar-se. Acredito que essa tem sido a rotina dele todos os dias.

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