Homens são criaturas tão pouco empáticas que, na maior parte das vezes, a primeira coisa na qual pensam ao olhar para uma mulher é em como ela ficaria em sua cama e, por essa mesma razão, se aproximam. Eles geralmente não pensam em casamento, ou em criar uma vida do lado de alguém; são movidos por desejos carnais, focados em figuras e atraídos pelas mais bonitas, ou aquelas que alimentem suas fantasias, ainda que seja por minutos. Eles não são ligados a emoções como mulheres, e provas disso existiam em todos os cantos, em meio a casamentos arruinados por uma noite, com uma mulher mais jovem, mais bonita, ou mais fácil. Vários outros exemplos, não ligados a amor, também não eram difíceis de achar e eu, como homem, tinha conhecimento de cada padrão escondido nos menores gestos. Eu era tão podre quanto a maioria, e não fazia questão de esconder. Não era uma boa pessoa, talvez sequer fosse capaz de amar de verdade, e fosse movido a luxúria e prazeres momentâneos, mas o que senti quando olhei para aquela moça, toda suja, caída no chão lamacento e com medo líquido e pulsante no olhar... Foi inexplicável.
Eu não a imaginei nua; não conseguiria fazê-lo naquelas circunstâncias, pois jamais tocaria em uma mulher contra a sua vontade. No entanto, lidava com mais pessoas do que me lembrava desde que me entendia por gente, portanto, identificar traços escondidos nos seus gestos foi algo bastante fácil. Entre a fuga e a luta para escapar dos meus braços, eu senti nos ossos a sua submissão. A pureza, a inocência e a castidade; aquela mulher era imaculada e eu, como uma mariposa, era sempre atraído pela luz inexistente dentro de mim. Eu a quis no segundo em que me perdi naqueles olhos, e talvez por esse mesmo motivo acabara por poupar a sua vida.
— Ela escapou.
Foi a primeira coisa que disse ao me aproximar dos outros, usando a parte interna da luva de couro para estancar o sangue que escapava pelo corte. Ace resmungou algo que não entendi do outro lado da linha pelo walkie-talkie que o Kai segurava, enquanto o Chase erguia a máscara, afastando-a do rosto e revelando a pele negra à medida que fixava o olhar esverdeado em mim.
— Como assim "ela escapou", Akiyo? — franziu a testa, descrente, e baixou a máscara mais uma vez — Tu vais mesmo dizer que consegues dar cabo de homens de dois metros em menos de dez minutos, mas não conseguiste encontrar a porra de uma mulher numa floresta que conheces tão bem?
Revirei os olhos com sutileza, caminhando até a moto estacionada no mesmo ponto de antes. O carro havia sumido de vista, o que significava que a outra parte da equipe reunida para a missão daquela noite já havia feito, também, o seu trabalho.
— Tenta tu correr atrás de uma miúda numa floresta densa, durante a noite, e com esta chuva toda. — murmurei ao manter a animosidade no tom, como se estivesse estressado e frustrado. Na verdade, talvez realmente estivesse; eu não deveria ter amolecido e deixado ela fugir. Privilégios baseados em aparência eram reais, de facto — Ela cortou-me o pulso. Se o golpe fosse profundo, eu teria morrido.
Chase chiou ao negar com a cabeça. A expressão que eu queria poder ler era escondida pela máscara medonha, não me deixando ter certa noção do que passava pela sua mente — Nós estamos fodidos... Não deveria existir testemunha alguma... Sempre as matamos.
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AKIYO
RomanceAkiyo Rutherford era um perigo iminente. Seu físico não escondia tal facto. A altura chamativa, o corpo trabalhado em horas de academia, as tatuagens nada discretas, e até a voz grave e sedutora eram puras evidências disso. A aura misteriosa também...