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Olá. Bem, finalmente saiu um novo capítulo. Me desculpem pela demora, achei que ficaria livre, mas estive ocupada com um projeto.
A quem ficou e esperou, o meu muito obrigada, de coração. Boa leitura! <3

 Boa leitura! <3

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T.W.: Violência doméstica, humilhação, exposição, tentativa de abuso.

O dia foi extremamente maçante. Talvez por se tratar - tecnicamente - da minha primeira semana naquela universidade, eu ainda não havia tido a sorte de fazer amigos.
Digo, não que eu esperasse que fosse uma tarefa fácil; boa parte dos meus antigos conhecidos eram pelo menos filhos de algum amigo ou sócio do meu pai então, inevitavelmente, acabavam cruzando comigo uma vez à outra, sem contar que eu era deveras conhecida como "a irmã do Kyle". Ali, ninguém fazia ideia de quem eu era, e eu preferia que as coisas continuassem assim.

Não que eu não sentisse falta de ter alguém com quem conversar ao longo da manhã. Longe disso. O problema era que eu havia perdido a conta do tanto de fofocas que escutava quase que diariamente, fosse sentada no meu canto ou dentro do toalete em um dos pequenos compartimentos. Mulheres eram os maiores alvos, fosse devido a vestimentas, conduta, ou simplesmente porque uma e outra não iam com a cara de alguma. Por vezes, era porque algum homem havia se envolvido com certa moça antes que a ex tivesse superado o término. Eu já tinha em mente que a minha timidez, o meu silêncio e a forma como eu me comportava fariam com que me apelidassem como "estranha", então escolhia permanecer quase invisível e esperar pelo Kyle, sozinha. Uma e outra pessoa me cumprimentavam pouco antes do início das aulas; alguns colegas mais velhos, quase na casa dos cinquenta, ou algum tão ou mais calado do que eu, e era apenas isso. De resto, eu parecia uma sombra naquele lugar.

Quanto a interesses amorosos, não existia nenhum. Eu quase que não saía da sala de aulas o suficiente para notar ou ser notada por alguém. Claro, existiam vários homens bonitos por ali, como existiriam em qualquer outro lugar, mas talvez eu não me sentisse atraída o suficiente por nenhum devido às recentes preocupações. Uma vez à outra, talvez por emoção, eu me lembrava do Akiyo e do cuidado que ele teve comigo. Da forma como pareceu fazer de tudo para que eu me sentisse confortável do seu lado, mesmo quando eu fui estranha e tão imatura quanto uma criança amedrontada. Céus, eu faria dezanove anos em breve, qual era o meu problema?

Por vezes, em meio à vergonha, eu sorria ou soltava uma curta e baixa risada ao lembrar da reação dele ao perceber que Frank Sinatra era, talvez, careta demais para que ele o apreciasse. Eu também não escutava muitas das músicas dele; pelo menos não quando estivesse sozinha. De qualquer forma, fora engraçado vê-lo tão sem graça. Ele era... Interessante. A personalidade leve não combinava nem um pouco com o olhar quase vazio, embora as íris escuras parecessem brilhar sempre que ele cruzasse o olhar com o meu. Ele parecia ser uma pessoa fria, fácil de irritar, talvez... Havia algo de estranho nele, mas os acontecimentos daquela noite e o facto de ele não me ter feito mal em momento algum ainda conseguiam afastar essas poucas suspeitas da minha mente.

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