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— Ísis, como tu estás linda! — Arabella recebeu-me com um abraço demasiado apertado, um pouco mais animada e sorridente do que o normal

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— Ísis, como tu estás linda! — Arabella recebeu-me com um abraço demasiado apertado, um pouco mais animada e sorridente do que o normal. Suas bochechas apresentavam uma coloração fortemente rósea, as pálpebras estavam ligeiramente baixas, e tudo isso me fez concluir que já se encontrava alterada. Sorri de volta com certo acanho, ainda absorvendo a música extremamente alta e as luzes cujas cores alteravam constantemente.

Havia muita gente na casa, mas era interessante estar, finalmente, naquele tipo de ambiente. Ao mesmo tempo, uma espécie de ansiedade pesava na minha barriga, me deixando desconfortável em um sentido não tão negativo, e eu sabia que era justamente por estar fora da zona de conforto. Além disso, não me esqueci em momento nenhum dos alertas do Kyle sobre existirem pessoas maldosas em festas daquelas. Ele reforçou, ainda, que não deveria beber e nem ir à casa-de-banho desacompanhada, e muito menos aceitar a companhia de algum desconhecido, principalmente se tratando de algum homem.

Eu apenas aceitei e agradeci pelos conselhos, bem como por ele ter ido comigo àquela festa. Por algum motivo - ou talvez sorte -, o nosso pai teve uma viagem de última hora a fazer, que possivelmente ajudaria a recuperar parte dos recursos financeiros, ou a perdê-los ainda mais se o mesmo continuasse a querer fingir que tínhamos o mesmo estilo de vida de antes. Muito provavelmente, passaria aquela semana toda em restaurantes e bares caros e renomados, compraria algum presente para sua "adorável família", investiria em mais um relógio por muitos cobiçado, e voltaria a casa para descarregar suas frustrações em todo o mundo, embora a culpa fosse pura e exclusivamente sua.

Minha mãe, por querer ficar sozinha e degustar de algum vinho, ou talvez por ter sentido pena de mim por estar a caminhar para os dezanove anos sem sequer ter tido uma noite do outro lado daqueles portões, acabou cedendo e estabelecendo como condição que chegássemos a casa até uma hora da madrugada sem nenhum arranhão. Kyle nunca foi de dar problemas e eu, por minha vez, provavelmente passaria a noite colada a ele, então a chance de voltarmos machucados, ou algo do género, era zero.

— Vês?! — Amelie questionou atrás de mim, ajeitando as asas que compunham a fantasia. Eu não queria colocá-las, sinceramente, mas não me livraria delas logo ao chegar; a ruiva fez o esforço de pensar naquele conjunto de peças para que eu me encaixasse no ambiente, então mantê-las no lugar por longos minutos era menos do que podia fazer — Eu disse que ela ficaria ótima vestida de anjo!

— Vais beber alguma coisa?

— Refrigerante. — Kyle respondeu por mim ao colocar a mão no meu ombro — Não coloquem álcool no copo dela.

— Tu és tão sem graça! — Arabella reclamou empurrando o cabelo para trás dos ombros, vestida em uma fantasia bastante... Reveladora, vermelha, composta por um vestido justo e curto, saltos mais altos em relação aos meus e chifres cujas cores variavam entre vermelho e preto — Vais dizer-me que a trouxeste para ficar completamente sóbria a noite toda? Deixa a miúda provar pelo menos um cocktail doce, leve!

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