O sol forte deixava em evidência o quão quente a noite de sábado seria, o que calhava bem com a festa da Arabella. Naquele momento, às duas da tarde, eu não trazia nada mais do que uma regata, calças cargo e um par de Air Force 4, para além do boné que Lauren havia tirado da minha cabeça minutos atrás. A morena de olhos escuros, que encontrava-se deitada de forma desengonçada sobre um dos sofás da sala do seu apartamento, bocejou antes de alcançar a garrafa de cerveja aberta. Após isso, com a mão livre, agarrou um punhado de Doritos e levou à boca, sem olhar para algo ou alguém em específico. Eu respirei fundo, incomodado com a temperatura elevada.
— Como tu consegues dormir com este calor todo quando verdadeiramente chega o verão? — Ace questionou, usando a camiseta da qual havia se livrado para secar o rosto e pescoço — Esse ventilador não ajuda em nada, de certeza.
— Eu quase que não fico em casa, loiro. — ela piscou, limpando a mão suja nos jeans antes de sacudir a área polvilhada, mesmo após já tê-la manchado — Já agora, alguma coisa para entregar hoje?
— Verdinha. Mas é uma grande quantidade, e temos concorrência nos arredores. — eu murmurei ao massagear a área entre os olhos fechados, engolindo um suspiro pesado — De qualquer forma, falei com um comerciante de jornal logo cedo. Podes ficar por perto, fingir que vendes com ele e colocar os pacotes entre as páginas. Tu conheces os fregueses. Vende apenas para eles, por enquanto.
— Mas por quê isso agora?
— Alguém falou com a bófia sobre os pontos onde costumamos vender, e quem mais sai às ruas para fazê-lo.
— Achas que alguém está a tentar passar a perna ao Chefe? — Ace voltou a se pronunciar após engolir um gole de cerveja — Primeiro os roubos, e agora isto...
De imediato, lembrei-me do que o Jesse contou na noite em que assassinei o Tiago. No entanto, por todas aquelas informações serem apenas suspeitas, não podia comentar a respeito. Me ajeitei melhor no pufe depois de encaixar um baseado entre os dedos, buscando o isqueiro sobre a mesa ao lado. Não fumava com frequência; geralmente, tal coisa ocorria quando estivesse entre amigos e sentisse vontade de me sentir um pouco mais relaxado. Posicionei o filtro entre os lábios, acendi a outra extremidade e puxei o ar pela boca para intensificar a pequena chama com os olhos semicerrados enquanto, na rua, o ruído contínuo de buzinas se fazia ouvir.
— Pode ser que outros revendedores tenham comentado com a polícia. — dei de ombros, sereno, tragando para sorver parte da fumaça e soltar o resto pelos lábios entreabertos — Não existem evidências de que foi alguém de dentro. A única regra que realmente é cumprida é a de não nos metermos na área de venda uns dos outros...
— Temos de averiguar.
Me limitei a assentir. A campainha tocou segundos depois, o que fez com que todos olhássemos para a porta com alguma inquietação. Ace apressou-se a empurrar os pacotes de maconha para a bolsa esportiva enquanto Lauren sacudia as mãos sujas, levantando do sofá e recolhendo as garrafas de cima da mesa. Escondi o dichavador no bolso reprimindo uma risada; estaríamos fodidos se fosse a polícia. Havia droga e bebida alcoólica no apartamento todo, os documentos da Lau eram falsos e, de quebra, ela era menor de idade. Devia ter cerca de dezassete anos, senão um pouco menos. Ela aparentava ser mais crescida devido à altura e estilo de vida, embora ainda fosse bonita, mas nada disso importaria caso fôssemos presos, mesmo que por algumas horas.
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AKIYO
RomanceAkiyo Rutherford era um perigo iminente. Seu físico não escondia tal facto. A altura chamativa, o corpo trabalhado em horas de academia, as tatuagens nada discretas, e até a voz grave e sedutora eram puras evidências disso. A aura misteriosa também...