Em minutos, notei duas coisas:
A primeira era que Ísis Sato cheirava a baunilha. Seu aroma era suave e agradavelmente doce; tão agradável que foi quase engraçado pensar no quão feliz ficaria quando finalmente pudesse enterrar o nariz no seu pescoço. A segunda era o desconforto que a envolvia. Eu literalmente cheirava o medo escapando pelos poros, enchendo o carro de tensão, não importava o quão contidos os meus movimentos fossem e nem o silêncio que me forçava a manter para deixá-la mais tranquila. Depois de cerca de sete minutos conduzindo em direção ao final do bairro isolado, decidi encará-la sem disfarçar à medida que abrandava o automóvel e baixava um pouco mais o volume da música. Ela me olhou de volta quando encostei o carro, mantendo os faróis acesos ao soltar o cinto de segurança.
— Está tudo bem, mesmo?
Os olhos ligeiramente arregalados, a forma como se empertigava e encolhia no assento, os braços presos às laterais do corpo e a forma como passou a empurrar a si mesma em direção à porta foram sinais claros da sua fragilidade. Ísis escondia camadas e mais camadas de sentimentos e pensamentos negativos - talvez principal e fortemente associados a figuras masculinas -; durante todo e qualquer momento no qual a tive no meu canto de visão ela não se soltou, e reprimiu muito mais no exato momento em que eu e os outros nos aproximamos dela e das amigas. Havia muito a se descobrir, sem contar que eu ainda precisava dar um jeito de fazê-la ficar calada depois da morte daquele motorista. Eu podia simplesmente arrastá-la até aquela floresta e dar um fim aos problemas antes mesmo que iniciassem, mas qual era a garantia de que, em meio a tantas mulheres com quem tive ou teria alguma experiência, encontraria uma mais ou tão pura quanto ela?
Ísis era tudo quanto algum dia fantasiei ter. Ela tinha a inocência, inexperiência e castidade que sempre desejei consumir. Eu não podia simplesmente deixar algo literalmente moldado para mim escapar daquela forma.
— Olha, se quiseres podemos voltar e levar a Amelie connosco, caso isso te deixe mais confortável. — sugeri, vendo sua expressão e a postura enrijecida relaxarem um bocado. O engraçado era que eu não faria aquilo em hipótese alguma; queria passar aquele tempo apenas com ela, e a ruiva já havia arruinado tudo ao me dar aquele abraço estúpido. Certamente a Ísis pensava que éramos namorados, e eu tinha plena convicção que era certinha a ponto de não ter sequer um rolo comigo depois de ter me visto com a amiga. Eu daria um jeito de reverter tudo mas, naquele momento, o foco era fazer com que se soltasse um pouco — Já percorremos um longo caminho, eu estou exausto e mal disposto, mas se vais te sentir melhor com ela aqui, voltamos...
Fazer com que se sentisse culpada por demonstrar tanto desconforto e ter tal sentimento somado à pena que notoriamente sentiu ao observar a minha expressão forçadamente cabisbaixa e frustrada foi um tiro certeiro. Ísis era o tipo de mulher que se culpava por tudo; que não gostava de dar trabalho e ficava no seu próprio canto e mundo para não atrapalhar os demais. Naquele momento, na sua cabeça, não passava de um grande incómodo, já que o seu irmão mais velho pedira a uma pessoa cansada e stressada para deixá-la em casa. Sua reação e resposta foram completamente previsíveis.
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AKIYO
RomanceAkiyo Rutherford era um perigo iminente. Seu físico não escondia tal facto. A altura chamativa, o corpo trabalhado em horas de academia, as tatuagens nada discretas, e até a voz grave e sedutora eram puras evidências disso. A aura misteriosa também...