009 ᴀʟɪᴠᴇ

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O deserto era a única coisa que estava ao meu redor

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O deserto era a única coisa que estava ao meu redor. Era diferente, muito diferente de Kroma - da qual possuía muita cor e água em abundância.
Respirei a especiaria no ar e me virei com a risada de alguém logo atrás de mim. Me sentindo meio tonta, obriguei-me a olhar para o som de sua risada e observar Paul sentado junto a Chani, quase a cinco pés de distância de onde eu estava, os dois conversavam e eu vi, vi a forma que seus olhos brilharam ao encontrar os dela, enquanto ela o explicava algo que claramente ele não prestava atenção por estar perdido no meio de seu rosto.
Antes de Paul fazer um movimento que eu temia presenciar, o vi virar a cabeça, olhar em meus olhos e somente depois disso, beijar Chani.
Ele não era mais meu.
Eu soube disso a partir do momento em que parti de Caledan e odiava que ainda sim doesse tanto.
Por que doía tanto se o destino avisou que não queria nós dois juntos?
Meu estômago se embrulhou e dois passos meus falharam para trás, a areia fofa abaixo de mim cessou com o meu descuido e me derrubou duna abaixo com lágrimas e desespero misturados.

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Com os olhos úmidos de lágrimas molhadas, Ayla se sentou na cama ofegante.
Sua feição estava derrotada, sobrancelhas cerradas que provavelmente deixariam uma marca no local se ela continuasse por muito tempo daquele jeito, lábios franzidos e um coração um pouco machucado, mas isso, ela escondia bem. Um suspiro profundo escapou e ecoou no silêncio do quarto e a lágrimas solitária que escorreu por sua bochecha foi seca pela garota que se recusou chorar por algo que já sabia que aconteceria eventualmente.
Ayla olhou em volta do quarto, ligou a pequena luminária com a luz amarelada ao lado da porta e voltou a se sentar na beirada da cama. A garota cobriu o rosto com as mãos e apoiou os cotovelos em suas coxas, por cima de sua camisola de seda, sentindo o tecido em sua pele a jovem revirou os olhos e levantou brutalmente da cama macia e quente.
- Qual é o seu problema Ayla? Fala sério, você fugiu porque estava com medo, que patética.
Ayla balbuciou para si mesma no silêncio do quarto e andou até o espelho no canto do quarto.
- Não devo ter medo. O medo é o assassino da mente.
Ela repetiu irritada mas no fundo sabia que ela não estava com medo da guerra, mas sim com medo de perder a única coisa que tinha, estava apavorada de perder Paul bem diante aos seus olhos sem que ela não pudesse fazer nada.
- Ugh. O que eu estou fazendo aqui? Enquanto eles se preparam para...para...eu não sei, como vou saber? Você fugiu e agora eu estou usando um pijama de seda e enquanto eles dormem na areia, ridículo.
Ela grunhiu ao fim de sua frase e enroscou seus dedos nos fios de sua cabeleira loira
- Pelo menos você fica uma gracinha com essa camisola.
Outra voz encontrou o ambiente e chegou em Ayla que apenas abriu os olhos quando sentiu que suas bochechas tinham voltado a sua cor normal, ela estava se perguntando quanto de suas reclamações Ethan tinha escutado.
- A quanto tempo está aí?
Ela perguntou com as mãos sobre o rosto.
- Tempo o suficiente para saber que você está pensando demais, mais uma vez.
As mãos de Ethan encontraram os pulsos de Ayla, retirando as mãos dela de seu próprio rosto e a fazendo abrir os olhos para encontrar seus olhos verdes fixos nela.
- Eu não estou pensando demais.
- Você está acordada no meio da noite, então sim, está pensando demais. O que foi?
Ele perguntou para ela assim que a viu desviar o olhar envergonhada
- Me desculpa, eu não queria que parecesse que eu estava reclamando disso tudo. Vocês estão fazendo demais por me deixar ficar aqui...
- Ayla, aqui é a sua casa, sempre foi, está tudo bem se sentir culpada mas você tem que entender que não precisa.
- Eu só acho que...não sei. É que eu tenho visto tanta coisa que é meio inevitável.
- Os sonhos não pararam?
- Eles nunca vão parar, Ethan. Eu sou uma Chakobsa, uma variação mais antiga das Bene Gesserit, não tem como eu parar os meus sonhos.
Ayla disse e Ethan suspirou concordando
- E por que você está acordado? Posso saber?
Ela sorriu cutucando a barriga tonificada e coberta do Venturi a sua frente
- Eu acordei de repente e a luz do seu quarto refletiu para o meu pôr debaixo da porta secreta.
- Ah sim, e isso está dando motivos para te permitir entrar aqui? Eu poderia estar sem roupa.
- Eu não vou falar nada porque você espera o pior de mim, então vou apenas dizer que eu te conheço bem o suficiente para saber que você não estaria sem roupa se estivesse acordada.
- Abusado.
Ayla murmurou dando as costas para ele e voltando a se sentar ao pé da sua cama
- E outra, você é minha amiga, amanhã verá Irulan e eu sei que odiaria estar exausta e mal humorada por isso.
Ele disse se arrastando até o final da cama e indicando que era para Ayla fazer o mesmo.
Princesa Irulan e Ayla Solaris tinham se conhecido bem jovens, ambas tinham por volta dos seis anos e aprendiam como se comportar em meio ao mundo em que viviam. Ambas criadas para pensar de forma inteligente e racional. E mesmo tendo suas vidas levadas de formas diferentes, ambas eram a companhia uma da outra quando conseguiam se ver e preencher a solidão que reinava em todas as casas
- Da próxima vez que você acordar eu estarei aqui para te fazer dormir de novo sem pirar.
Ayla soltou o ar preso em sua garganta e fechou os olhos angustiada com tudo, aquele no lugar de Ethan deveria ser Paul, mas ela sabia que tinha que parar de pensar nele.

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Olhos bem abertos e pensamentos escondidos, Ayla sorriu para Irulan e concordou com a cabeça enquanto andavam lado a lado pela ponte da grande casa de Kroma. A Princesa Irulan vinha de Kaitan junto a tropas que levariam a madeira queimada que a casa Venturi produzia e que era usada como substância tóxica que iam como um dos principais ingredientes para a formação de armas brancas e armas de fogo de tropas do império e da casa Venturi. Um único ferimento causado por uma arma formada com a substância da árvores de madeira branca de Kroma e era praticamnete impossível de se sobreviver. Por isso o império sempre protegeu a casa Venturi, nas mãos dos Harkonnen, seu poder seria perigoso o suficiente para se tornar uma ameaça maior.
- Acha que Paul Atreides está vivo?
Irulan perguntou se virando para Ayla
- Como assim?
- Vivo, todos os Atreides foram mortos e se Paul Atreides estiver vivo a casa Atreides poderia voltar a ser renunciada.
- Eu não sei. Vocês acham que ele está morto?
Ayla parou de andar bruscamente bastante preocupada
- Bom, a reverenda mãe e o meu pai dizem com total certeza disso, mas e se ele não estiver? Quero dizer, eu sinto muito, Ayla, mas vocês foram para caminhos diferentes assim que saíramde Caladan, a possibilidade dos Harkonnen terem de fato derrubado o tóptero são enormes - A única coisa que Ayla tinha mentido em segredos para Irulan era que tinha deixado Paul e Jessica logo quando sua casa foi atacada e ambos seguiram para lugares diferentes e desconhecidos um pelo outro. - Mas...
- Bom...então acho que talvez eles estajam certos.
A jovem Solaris murmurou sentindo o vento bater contra seu vestido branco bordado e seus cabelos presos em um coque arrumado.
- Talvez.
Irulan fez uma pausa voltando a andar
- Mas sabe, não consigo parar de pensar na possibilidade de que se Paul Atreides estiver vivo provavelmente viria atrás de meu pai. Isso me assusta.
Seguindo seus passo, Ayla abaixou os olhos até o chão, escutando a voz de Lady Jessica profundamente em sua mente
Não devo temer.
O medo é o assassino da mente.
Medo é a pequena morte que traz obliteração total.
Enfrentarei o meu medo.
Permitirei que isso passe sobre mim e através de mim.
E quando tiver passado, voltarei o olho interior para ver o seu caminho.
Para onde o medo foi, não haverá nada.
Só eu permanecerei.
- Ei! Para onde você foi?
- Nenhum lugar! Vamos, acho melhor pararmos de falar de alguém provavelmente morto - Ayla suspirou sabendo que ela não falara nada em
relação aos Atreides. - As almas perdidas atormentam quem fala demais de pessoas falecidas e chakobsa's os enxergam, então por favor! Não quero ser atormentada.
- Credo! Certo, você está certa.
Ambas as jovens se olharam, sorriram brevemente uma para a outra e voltaram a entrar na casa Venturi.
- Você escutou falar sobre o novo profeta dos Freman? Muad'Dib.
- Aquele que aponta o caminho? Eu não soube na verdade, aqui eu fico meio inércia dos assentos, é meio sufocante.
- Eu imagino, mas é por isso que estou aqui. E sim, é exatamente isso, aquele que aponta o caminho. O que mais me estranha é que esses são nossos padrões religiosos, é uma obra nossa. Não dos Freman.
- O rato do deserto... - Ayla franziu o cenho e Irulan fez o mesmo em
seguida - O que você quer dizer com obra nossa?
- E se esse novo profeta for Paul Atreides?
A respiração parou na garganta de Ayla que olhou para Irulan séria. Ela sabia que Paul tinha sido aquele em quem o povo de Arrakis tinha visto Lisan-Al-Gaib, ele dava os sinais, era um bom guerreiro e tinha traços que faziam os freman acreditarem que ele era quem levaria seu povo ao paraíso com árvores e água, mas nunca tinha pensado que talvez ele de fato fosse o Messias escrito na profecia.
- Não.
- Não?
- Paul já teria atacado em vingança a Leto. Ele não é o novo profeta dos freman.
- Talvez não...
Irulan não parecia convencida o suficiente e aquilo incomodou Ayla mais do que gostaria.

Irulan não parecia convencida o suficiente e aquilo incomodou Ayla mais do que gostaria

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Espero que vocês gostem da história.
Beijinhos de luz

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