Era a terceira vez que aferia sua pressão naquela quarta-feira e ainda são dez da manhã. 15x9. Não pode tomar o remédio para pressão de novo ou acabará se envenenando. Sasuke massageou a testa, vestiu suas luvas e retomou o trabalho de desamassar um carro de luxo que só Deus sabe como virou uma caixa de fósforo e o dono está vivo.
Só dormiu cinco horas nas últimas duas semanas e hoje é o pior dia para se estar vivo. Desde que acordou, está suprimindo suas lágrimas e os seus sentimentos. Ele só quer se afastar de tudo, mas não pode. A Amaterasu está com pouco pessoal por conta das férias e muita demanda. Sasuke tem trabalhado por três mecânicos na última semana e sente que a qualquer momento vai pifar. Nem ele tem um coração de ferro e a cada hora, sua pressão aumenta e junto dela, a dor de cabeça, o sinal óbvio de que seu limite está bem aí.
Enfim conseguiu desamassar, então avisou ao colega que vai dar uma pausa de quinze minutos para tomar água e esfriar o rosto. Até respirar é difícil no seu estado de nervos, de tudo que é possível acumulado. E para piorar tudo, não tem visto o amor da sua vida com a frequência de que precisa. Desde que Naruto recebeu aquelas mensagens com ameaças de morte de números desconhecidos, ele tem andado distante e sério demais.
Não transam desde novembro.
Não saem em família desde novembro, mas é compreensível porque os meninos estavam numa correria danada.
E agora, faltando quatro dias para o seu cio, seus hormônios estão cobrando um preço alto pela ausência da intimidade.
Sasuke entrou no banheiro masculino depois de tomar um copo de água gelada. Lavou o rosto na água corrente e arfou longamente. Naruto prometeu passar o seu cio consigo, então ele tem que ter paciência.
Encostou na pia e suspirou.
-Aguenta, cara. Só mais um pouco e o dia acaba. - mal terminou de falar e a porta abriu. É Naruto. Sasuke sorriu para a coincidência. O loiro, ao ver o seu alfa, foi direto a ele para abraçá-lo e beijá-lo. - Meu príncipe. - sussurrou aliviado.
Aspirou o cheiro.
A dor de cabeça reduziu quase pela metade.
-Oi, amor. - tocou-o no rosto. Está quente e vermelho. - A pressão não baixou? - ele negou com desgosto. - Não pode trabalhar assim. - tirou o seu lenço do terno, molhou na pia e colocou contra a testa dele. Sasuke arfou.
-Eu preciso. Tem muita coisa para fazer. - quase revirou os olhos de alívio.
Naruto pensou um pouco e teve uma ideia.
-Vem comigo. - segurou a mão dele e levou direto para a sala de Kakashi. Bateu porque viu a placa de não perturbe. Ele perguntou quem era. - Sou eu.
Um minuto depois, o beta abriu e deixou o casal entrar.
Obito estava lá dentro, para a surpresa de ambos. Naruto olhou de um para o outro e sorriu porque sabia o motivo. Kakashi é um dos poucos que tem uma sala privada porque faz o próprio horário, como parte do acordo com Madara. E é uma concessão ao sobrinho policial que raramente pede alguma coisa.
-Posso ficar aqui uns minutos, Kakashi?
-É que... eu e Obito estávamos... ocupados.
Sasuke demorou a entender.
-Vamos, Naruto.
-Não. Calma. - afagou o braço dele. - Vocês dois estavam...? - Kakashi negou.
-É a outra... coisa.
-Ah. - Naruto chegou pertinho do amigo para sussurrar. - Preciso de uns minutinhos. Eu vou... Você sabe.
-É que eu combinei com Obito antes e eu não posso fazer desfeita.
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Canil dos Uchihas
Fanfic[ESTA NÃO É UMA HISTÓRIA SOBRE CACHORROS] A vida de Naruto, um ômega de 37 anos com dois filhos para criar, entra em parafuso para baixo de maneira catastrófica, um completo declínio, mesmo que esteja divorciado há muito tempo e seus amigos percebem...