Cariño

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Lucy Posner

Nova Iorque, 20 de janeiro de 2023.

Parei no estacionamento da academia e foi só o tempo de sair do carro para avistar a Sam deixando o local pela parte de trás, a saída dos funcionários. São cinco e quinze da tarde agora, seu horário de trabalho é das nove da manhã até às dezessete, o que funciona perfeitamente para ela, pois a Sam não mora perto da academia e se tivesse que começar às seis da manhã teria que acordar muito cedo.

Ela ainda está usando o seu uniforme, a calça legging preta e a camiseta cinza com seu nome na frente e o logo da academia na parte de trás, indicando que está tão cansada e louca para ir pra casa que nem se deu ao trabalho de tomar banho antes de sair, algo que ela geralmente sempre faz. Sam está olhando para baixo concentrada no seu celular, os ombros escolhidos evidenciando que está sentindo frio.

—Samantha, está literalmente nevando... — Ela parou de andar e olhou para cima, encontrando o meu olhar. —E você está usando somente uma calça legging e uma única jaqueta por cima da camisa? Não me surpreende que esteja resfriada! — A repreendi.

—O que você está fazendo aqui? E como sabe que eu estou resfriada? — A surpresa clara na sua voz e expressão. Seu tom de voz é o mais gentil possível.

Nos aproximamos bastante nessas semanas de janeiro que se passaram, desde que eu voltei para cidade e passei a virada de ano com ela, a sua irmã e o Jake. Aos poucos a Sam tem me deixando cada vez mais entrar na sua vida, mas no começo admito que não foi fácil passar por todas as barreiras que ela coloca ao redor de si mesma, mas eu tive paciência para esperar e esse tempo de espera já valeu a pena só por ter conseguido o título de sua amiga.

—Seu colega de trabalho, o Danny, me ligou perguntando se eu não conhecia ninguém que pudesse vir te buscar, já que segundo ele você não parecia estar muito bem de saúde hoje e mesmo assim se recusou a ir embora descansar.

—Eu não estou tão ruim assim e o Danny não tinha nada que se meter, já basta ele ter passado todo meu expediente de olho em mim como se eu fosse desmaiar a qualquer momento.

A expressão de brava aparecendo no seu rosto e como sempre fazendo a minha atração em relação a ela duplicar, tenho que admitir que estava sentindo falta de ver isso. Agora que a Sam finalmente me aceitou na sua vida é mais difícil fazê-la ficar brava comigo, no começo eu só precisava aparecer no mesmo lugar onde ela estivesse para ter um dos seus olhares intimidantes sendo direcionados a mim.

—E como ele conseguiu o seu número e porque ligou pra você? — Perguntou ao parar na minha frente.

—Ele me ligou porque sabe que somos amigas e deve ter pego o número no meu cadastro, eu frequento essa academia caso você tenha esquecido.

—Só porque você não frequenta no meu horário de trabalho, não significa que eu não lembre desse detalhe. — Resmungou num tom de voz quase inaldível.

—Você ainda não me explicou porque está vestindo essas roupas nada apropriadas para o inverno de Nova Iorque? — Tirei a sua mochila do seu ombro, a jogando no banco de trás do carro e segurei a mão da Sam dando a volta no veículo, indo em direção a porta do passageiro.

—A lavanderia do prédio está interditada há dez dias, minhas roupas quentes limpas acabaram anteontem. — Um suspiro de frustração deixou a minha boca enquanto abro a porta para ela, que não hesitou em entrar no carro. Dei a volta de novo indo para o banco do motorista, liguei o aquecedor no máximo e dei partida no carro já saindo do estacionamento. —Acho que essa é a primeira vez que eu te vejo brava. — Sam quebrou o silêncio, o tom de humor na sua voz não passou despercebido e só serviu para me deixar mais irritada.

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