Pretending

Winston

Lucy Posner

Nova Iorque, 19 de julho de 2023.

—Winston você não pode continuar desaparecendo assim, senão eu vou ter que te prender. — Ouvi uma das mulheres responsáveis pela campanha de adoção de pets, onde estou trabalhando como voluntária, falar para o cachorro da raça Shiba inu.

—Pode deixar que eu estou de olho nele. — Os olhos verdes da ruiva se prenderam em mim, um sorriso simpático no seu rosto.

—Parece que ele gostou de você. — Pontuou, reconhecendo o fato de que esse cachorro em particular tem me seguido o dia inteiro, desde que me viu pela primeira vez.

Winston é um dos poucos cachorros que não estão presos na coleira pois é treinado e nunca tentou fugir. Já é um cão adulto, mas segundo o veterinário que o avaliou assim que o cachorro chegou no abrigo, ele não deve ter mais de cinco anos e está em perfeito estado de saúde, claramente era bem cuidado antes de ser deixado na rua ou de ter sido perdido pelos antigos donos.

—Eu também gostei dele. — Falei me abaixando para fazer carinho no cachorro.

—Talvez devesse considerar o adotar. — Prendi meu olhar no seu, já esperando o mesmo discurso que eu tenho dado para várias pessoas desde o início da manhã trabalhando aqui no abrigo de animais.

—Acredite, eu já considerei a ideia desde o primeiro segundo que o vi. — Falei alternando o meu olhar entre o Winston e a ruiva na minha frente. —Mas preciso falar com a minha namorada antes de aparecer com um cachorro no nosso apartamento. — Ela sorriu e assentiu entendendo.

—E a minha irmã é uma pessoa extremamente difícil de ser convencida a qualquer coisa. — Tara surgiu ao lado da ruiva falando. —Maya, o Kevin está precisando da sua ajuda lá atrás. — Tara e Chad ao me ouvirem falando que eu iria vir aqui, quiseram vir junto para ajudar também.

—Eu vou lá, obrigada pela ajuda meninas. — A ruiva nos deixou sozinhas, eu me levantei parando de fazer carinho no Winston.

—Cadê o Chad?

—Lá na frente tirando mil fotos de um gato, para mandar para a Mindy e para a Anika numa tentativa de convencê-las a adotá-lo. — Sua resposta me fazendo rir.

Os gêmeos e a Anika estão morando juntos agora, ao invés de ficarem nos dormitórios da faculdade. Chad ficou um pouco traumatizado depois do que aconteceu com o Ethan e não queria mais dividir o quarto com ninguém, então a solução que acharam foi alugar um apartamento juntos.

—E eu apoio a ideia de adotar o Winston. — O cachorro tendo ouvido o seu nome foi até ela, amando estar recebendo carinho novamente quando a Tara se abaixou. —Você é muito fofo. — Falou com o cachorro usando o mesmo tom de voz que as pessoas usam para falar com bebês.

—Que você ia apoiar a ideia eu não tinha dúvidas, o problema é a Sam não querer nos matar se aparecermos com ele em casa.

—A gente dá um jeito de convencer ela. —Tara me implorou com o olhar e eu hesitei por alguns segundos pensando.

O maior problema é que a Carpenter mais nova não é a única apaixonada pelo Winston, ele também me ganhou no segundo que começou a me seguir para todo lado abanando seu rabo. Sem contar que sinto saudade de ter um pet, a cachorra que ganhei do meu pai quando tinha doze anos, a Nikki, ainda é viva e mora com o meu pai em Washington. Quando me mudei para Nova Iorque até pensei em trazê-la comigo, mas eu sabia que no começo estaria muito focada na minha carreira para continuar lhe dando a mesma atenção que dava antes e também não queria deixar o meu pai sozinho, já foi um grande ajuste para ele ficar sem mim e ele ama a Nikki tanto quanto eu amo aquela cachorra.