Sinal vermelho

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Sam Carpenter

Nova Iorque, 04 de novembro de 2022.

—Chegamos ao início de novembro, o que significa que fazem seis meses desde que os ataques em Woodsboro aconteceram. — Tirei os meus olhos das minhas mãos, que estão em cima das minhas coxas, e encarei o olhar da minha terapeuta. —Como você está se sentindo, Sam? Sente alguma mudança? Acha que fez progresso durante esse tempo em terapia?

—Acho que teria feito mais se não precisasse ficar mudando de terapeuta. — Ela desviou o seu olhar, escrevendo algo no seu bloco de notas. —Mas sim, eu notei um progresso. Meu nível de paranoia e preocupação diminuiu, pelo menos um pouco. E finalmente estou tomando um remédio que está funcionando, estou a semanas sem ver ninguém que eu não deveria estar vendo.

—Porque você acha que precisou mudar tanto entre terapeutas? — A encarei.

—Todos vocês sempre ficam me pressionando a contar e reviver o que aconteceu em detalhes, dizendo que se não souberem tudo não tem como me ajudar... — Ela abriu a boca para falar, mas não deixei. —A culpa não é minha se quando recebem o que pediram sempre acabam começando a agir como se estivessem intimidados ou com medo de mim, ou então agem como fãs e começam a me encher de perguntas até sobre coisas que não aconteceram comigo, que ocorreram com a Sidney. — Fui sincera, colocando a minha irritação e frustração para fora. —As vezes acho que a minha irmã é quem tem razão em não querer fazer terapia.

A loira sentada na poltrona à minha frente deixou um suspiro sair dos seus lábios, antes de fechar o seu bloco de notas o deixando de lado junto com a sua caneta, seus olhos castanhos focando em mim, uma expressão indecifrável, mas aparentemente amigável no seu rosto.

—Por quantos terapeutas você passou desde que chegou em Nova Iorque? — Não vou mentir, sua pergunta me pegou de surpresa, não faço ideia de onde a Drª Martin quer chegar com essa conversa.

Comecei a terapia com ela faz somente três semanas e até agora não tive nenhum problema, espero realmente não ter que mudar novamente, ela veio muito bem recomendada pela Gale, que inclusive já tinha me falado sobre a sua terapeuta há muito tempo, mas eu resolvi ignorar a sua recomendação, primeiro porque imaginei que se a Gale faz terapia com ela, a mulher não deve cobrar barato e segundo porque sou teimosa e odeio aceitar a ajuda dos outros, mas depois de passar por tantos terapeutas, dei o braço a torcer e vim me consultar com a Drª Linda Martin. Não estava errada em adivinhar que os preços das suas consultas não são baratos, mas assim que a sua assistente ouviu o meu nome o preço baixou em mais da metade, tenho certeza que a Gale tem algo a ver com isso, mas somente dessa vez resolvi não questionar e só aceitar a ajuda.

—Contando com você, cinco. — Ela assentiu.

—Isso não deve ter sido nada fácil, agora eu entendo melhor o porquê do seu resguardo até mesmo em relação a mim, mas quero lhe pedir para ao menos me dar um pequeno voto de confiança de que eu não vou ser igual aos outros. — Ela me lançou um meio sorriso. —Até porque, como você já sabe, eu tenho outra paciente que teve experiências similares a sua. Então seja sempre sincera e aberta como você foi há pouco, fale sobre o que você quiser, no ritmo que precisar quando vir aqui e eu vou lhe ouvir. Se qualquer coisa que eu fizer lhe incomodar, pode falar na hora e nós podemos trabalhar nisso também, pois eu quero lhe ajudar Sam. — Isso não acontece com muito frequência, mas eu acreditei nas suas palavras.

—Ok. — Pela primeira vez em muito tempo, saí da terapia me sentindo melhor do que quando entrei.

[...]

—Onde vocês estão indo? — Perguntei ao entrar no apartamento e ver a Tara acompanhada pelo Chad, Mindy e Anika prestes a saírem.

—Estamos indo para o mesmo lugar que você deveria estar agora. — Tara respondeu, olhei para ela confusa. —Você disse que iria direto da terapia para a livraria.

PretendingOnde histórias criam vida. Descubra agora