Eu não estou com ciúmes

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Sam Carpenter

Nova Iorque, 08 de fevereiro de 2023.

Sabe um daqueles dias que sem nenhum aparente motivo você acorda de bom humor, hoje por um milagre isso aconteceu comigo. Acordei às seis horas da manhã como sempre, mas diferente dos outros dias deixei a preguiça me consumir um pouco e não me levantei para fazer o café da manhã, deixei a Quinn e a Tara se virarem com seus cafés da manhã e resolvi passar na padaria que tem perto da academia para comprar algo para eu comer antes de ir trabalhar.

Meu dia na academia foi super tranquilo, apesar do lugar lotado como sempre, hoje não teve nenhum ser humano insuportável sendo inconveniente ao me pedir ajuda com o treino, foram todos educados ao ponto deu achar que todos os irritadinhos viciados em tomar bomba resolveram se unir e faltarem hoje. Ao final do meu expediente tomei um banho e estava saindo do vestiário feminino quando esbarrei no Danny, iniciamos uma conversa que acabou se estendendo, paramos perto da saída dos fundos da academia ficando encostados na parede e eu nem vi os minutos passarem.

Estava rindo de algo que o Danny disse quando ouvi alguém pronunciar o nome "Lucy" e mesmo sabendo que deve ser algum instrutor da noite falando com uma aluna que eu desconheço, me vi automaticamente olhando na direção da sua voz, ficando surpresa ao encontrar a morena de olhos azuis que vive preenchendo os meus pensamentos a cinco passos de distância de mim. Lucy está falando com o Nicholas, um dos funcionários da noite, estranhei ver um sorriso tão contido nos seus lábios, estou acostumada a ver a Lucy sempre sendo tão simpática com todo mundo que é estranho a ver agindo de uma forma tão introvertida. Danny percebendo que não tem mais a minha atenção, parou de falar e seguiu o meu olhar.

—Achei que a sua amiga só viesse de manhã cedo treinar.

—Eu também. — Pensei alto, sem me dar ao trabalho de olhar para o Danny. —Lucy? — Chamei por ela, quando a sua conversa com o Nicholas terminou.

Seus olhos azuis focaram em mim, uma expressão fechada e séria no seu rosto, nunca a tinha visto olhar desse jeito na minha direção. Lucy pareceu ponderar entre continuar o seu caminho para o vestiário ou vir até mim, felizmente ela escolheu a segunda opção parando na minha frente com um sorriso forçado no seu rosto, comprimentou o Danny primeiro antes de prender seu olhar no meu.

—Oi, Sam. — Ela não me chamou de Sammy, alguma coisa realmente está errada.

—Oi. — Dei dois passos à frente entrando no seu espaço pessoal e segurei a sua mão, já tão acostumada ao seu toque que não é mais estranho estar sempre gelado. —Está tudo bem, cariño?

Senti a Lucy relaxar um pouco diante do meu toque, o tom suave na minha voz e o apelido em espanhol, que desde da primeira vez que escapou da minha boca tem saído cada vez com mais frequência e na maioria das vezes sem eu ter nenhum controle sobre. Acho que amo tanto ver como ela se derrete com o apelido, que o meu subconsciente já tomou a decisão de me fazer chamar a Lucy assim toda vez que a vejo agora.

—Sim. — Me lançou um sorriso contido, mas que pelo menos pude ver que é sincero. Só que ela ainda está agindo fora do seu normal.

—Resolveu treinar às seis da noite hoje, ao invés das seis da manhã?

Ao ouvir a pergunta do Danny que lembrei que ele ainda está aqui, então me virei olhando para ele, vendo um sorriso forçado aparecer no seu rosto quando seu olhar alternou entre minha mão entrelaçada a da Lucy, e o rosto da morena ao meu lado. Ela também percebeu o seu olhar e por algum motivo que desconheço tentou soltar a minha mão, firmei o aperto entre nossos dedos entrelaçados e não demorou nem dez segundos para a Lucy desistir de separar as nossas mãos.

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