Nova integrante da família

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Lucy Posner

Nova Iorque, 19 de outubro de 2025.

—Repensando a ideia de não adotar ninguém além da Abi? — Estava tão absorta na imagem da Sam brincando com a Sofia na sala de estar do apartamento do Jake e do David, que levei um susto ao ouvir a pergunta do noivo do meu melhor amigo.

—Nós já conversamos algumas vezes sobre isso e sempre chegamos à mesma conclusão, que a Abi é mais do que o suficiente pra gente. — Relutantemente tirei os olhos da minha esposa e encarei os olhos azuis do David. Nunca canso de ver o lindo sorriso que se abre no rosto da Sam toda vez que ela está interagindo com a filha adotiva do Jake e do David, que tem dois anos de idade. —Isso não muda o fato de que a Sam ama crianças, então sempre que vocês precisarem de uma babá é só ligar pra gente.

—Vou manter isso em mente. — Falou me lançando um sorriso zombeteiro.

—A Sofia parece estar se adaptando bem. — Voltei a olhar para os três brincando na sala, o David fez o mesmo grudando o seu olhar no seu noivo e filha.

—Sim, felizmente ela não parece estar sentindo falta do orfanato, está sempre dormindo quase a noite inteira, só acorda quando está com fome e quer mamadeira ou porque está incomodada caso a sua fralda esteja muito cheia, Sofia é uma criança bem calma.

—E linda e extremamente fofa.

—Isso também. — Concordou, nós dois rindo com a óbvia constatação. —Vamos lá. — Segurou a minha mão, já me puxando em direção ao outro cômodo nos fazendo sair da cozinha.

—Olha quem finalmente resolveu se juntar à gente. — Sam falou ao ver eu me aproximando, ela está em pé agora com a Sofia nos seus braços, a pequena focada em brincar com o colar que tem no pescoço da minha esposa.

—Eu estava arrumando a cozinha, alguém tinha que lidar com a parte chata do almoço. — Minha morena riu com a minha falsa reclamação.

—Claro, porque guardar a comida e colocar a louça suja dentro da lavadora dá muito trabalho. — Passei meus braços pela sua cintura, a abraçando de lado e mordi o seu ombro. —Lucy, não me mordi! — Me repreendeu, ela ainda odeia quando eu faço isso.

—Dá pra você duas se comportarem na frente da minha filha. — Jake nos repreendeu, recebendo uma revirada de olhos de mim em retorno.

Sofia olhou para mim parecendo não ter gostado da minha intrusão na sua interação com a Sam, ao perceber eu grudada ao corpo da minha esposa a pequena passou os seus bracinhos pelo pescoço da Sam, deixando o colar de lado e se agarrando a ela também, o que arrancou um sorriso de todo mundo na sala.

—Achamos alguém mais ciumenta do que você, amor. — Sam me deu um empurrão de leve com o ombro em retaliação a minha provocação. —Está tudo bem Sofi, eu não vou roubar ela de você. — Levei a minha mão direita a lateral do corpo da criança fazendo cócegas no local, arrancando uma gargalhada gostosa da Sofia e fazendo a pequena se encolher contra o corpo da Sam tentando fugir do meu ataque. Minha esposa se virou ficando de costas para mim, fazendo eu parar com as cócegas, a risada da Sofia morreu e os seus olhos castanhos buscaram por mim me olhando por cima do ombro da Sam, um sorriso banguela e sapeca sendo lançado na minha direção. —Você quer mais? — Perguntei erguendo as minhas mãos em sua direção. Ela balançou a cabeça negando, um sorriso ainda em seus lábios.

Balançou as perninhas querendo ir para o chão e a Sam não hesitou em atender o seu pedido mudo, Sofia novamente olhou para mim antes de sair correndo e sabendo o que ela quer eu corri atrás dela, novamente o som gostoso e contagiante da sua risada inundando os meus ouvidos, principalmente quando a alcancei e a peguei nos meus braços voltando a fazer cócegas na sua barriga.

—Cansou? — Perguntei, parando com as cócegas antes que a menina ficasse sem ar.

—Chão. — Apontou para o piso, onde eu imediatamente a coloquei de pé. Deixando claro que não cansou da brincadeira, ela correu e eu voltei a correr atrás dela.

[...]

Algumas horas após o almoço fomos no parque encontrar o restante da família, já tínhamos deixado combinado de nós quatro sair às três horas da tarde para encontrar a Tara, a Abigail, que estava passando o dia com a minha cunhada, o Chad, a Mindy e a Anika no Central Park, Sofia obviamente sendo a que mais amou explorar o local.

Depois do passeio passamos numa padaria e viemos para o meu apartamento e da Sam já que era mais perto. Após ter terminado de comer já há alguns minutos, eu estava tão distraída com a Mindy nos fazendo rir que demorei um tempo para perceber que após ter ouvido a Sofia chorar a Sam saiu da mesa e ainda não voltou, tendo ido ajudar o Jake a atender a mais nova integrante da família.

Olhei ao redor e encontrei a Sam na entrada da cozinha com a Sofia no seu colo, a pequena com a sua cabeça deitada no ombro da minha morena parecendo cansada, considerando o tanto que ela correu no parque isso não é nenhuma surpresa. Me levantei e fui até a minha esposa, parando na sua frente. Sam me lançou um sorriso, mas não falou nada, continuou embalando a Sofia nos seus braços enquanto fazia um carinho gentil nas costas da criança.

—Onde está o Jake?

—Arrumando a cama do quarto de hóspedes para colocar a Sofi pra dormir lá, ele disse que viria buscá-la quando terminasse.

—Quanto tempo faz isso?

—Mais tempo do que o necessário. — Falou, contendo a sua vontade de rir. —Provavelmente está caçando todos os travesseiros que temos para fazer um forte ao redor da cama, com medo da Sofia cair. — Tive que conter a minha risada também, não querendo incomodar a criança que está tentando dormir nos braços da minha esposa.

—Amor você deve estar cansada, ficasse metade do dia segurando ela, deixa que eu fico com a Sofia um pouco.

—Estou bem. — Minha esposa falou parecendo relutante em me entregar a Sofia.

—Devemos ter a conversa sobre adotarmos ou não outra criança pela quinta vez? — Perguntei lhe lançando um sorriso, Sam riu negando com a cabeça

—Só porque eu estou adorando poder ajudar os meninos com a Sofi, não significa que quero isso pra gente, na verdade estou feliz que no final do dia posso entregá-la para os pais, eu amo crianças mas elas cansam. — Concordei rindo, Sofia se moveu nos seus braços incomodada e eu levei a mão a minha boca abafando o barulho da risada.

—Vem cá Sofi, larga a tia Sam um pouquinho e vem com a tia Lucy. — Estendi os meus braços e ela pulou para o meu colo, deitando a sua cabeça no meu ombro em seguida.

—Ela está com sono. — Sam falou mexendo nos cabelos da pequena. —Mas duvido que vá conseguir dormir com todo esse barulho. — O pessoal realmente está falando alto na mesa.

—Vamos. — Fui para o quarto de hóspedes vendo que o Jake realmente colocou travesseiros e cobertores em todas as pontas do colchão. —Acho que não era necessário tudo isso amigo. — Ele alternou o seu olhar entre eu e a cama.

—Será que não? A minha mãe está sempre falando para eu não colocar a Sofia em outra cama que não seja o berço, por causa da possibilidade dela cair, então prefiro não arriscar.

—Ela faz isso porque ficou traumatizada por você ter te rolado da cama dormindo quando tinha um ano, lembra?

—Verdade. — Assentiu, me vendo colocar a Sofia no meio do forte que ele construiu em cima do colchão.

—Quer ajuda para fazê-la dormir?

—Não, pode deixar.

Jake afastou um dos travesseiros para conseguir deitar ao lado da Sofia, eu e a Sam saímos em silêncio do quarto já fechando a porta atrás da gente. Olhamos uma para a outra e sorrimos, sabendo que estamos pensando a mesma coisa. Realmente é ótimo que a responsabilidade maior referente ao mais novo membro da família não seja nossa, estamos felizes tendo que criar somente a Abigail.

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