Se alguém visse essa cena...

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Nunca acreditei em destino. Sou do time que acredita em que somos responsáveis pelas consequências de nossas próprias escolhas.
Mas ao ver Reid sentado no balcão do bar, me pergunto se o destino não está querendo me empurrar na direção de um determinado professor...
Eu e Grace estamos caminhando para uma das mesa e Grace finalmente o nota no balcão:
— Ai meu Deus, olha quem tá ali!
— Vamos passar direto ou vamos procurar outro bar? - sugiro eu.
— Nenhum dos dois bobinha! Vamos ser as mulheres educadas que somos e dizer um oi.
Eu abro a boca pra protestar mas Grace é mais rápida e logo estamos a meio metro dele.
— Professor Reid?
Ele se vira ao ouvir seu nome, seus olhos reconhecem primeiro a Grace e depois a mim.
— Olá...
— Grace, Grace Adams da literatura 101. - Grace o relembra e o cumprimenta com um aperto de mãos. Reid sorri e se desculpa por não saber o nome dela.
— Olá senhorita Adams, lembrei do seu rosto, mas ainda não tinha associado ao nome da lista de presença
— Ah tudo bem, essa aqui é a Anne Hills, também está na sua aula.
Ele estende a mão e eu também o cumprimento.
— Nós já nos...
Antes de ele terminar a frase do "já nos conhecemos", eu o interrompo:
— É um prazer falar diretamente com o senhor.
Ele entende minha deixa e rapidamente desfazemos o cumprimento.
— E então, o que estão achando do curso?
— Estou amando! O senhor tem uma didática impecável! - diz Grace sem esconder sua admiração.
— Ah, fico lisonjeado em ouvir isso - agradece ele modestamente e aperta os lábios num sorriso.
— Nós vamos jantar aqui, se quiser nos acompanhar seria um prazer - continua Grace e não contenho minha expressão de espanto com a facilidade em que ela tem de se aproximar de qualquer pessoa.
Reid olha de relance pra mim e eu involuntariamente faço um leve aceno negativo com a cabeça, para que ele recuse sua oferta.
Nesse momento o bartender aparece com a encomenda de Reid e o entrega.
— Acho que deixarei esse convite para a próxima, já tenho planos pra essa noite - diz ele nos mostrando a sacola com o seu pedido.
— É uma pena, até a próxima professor! - digo dando minha primeira participação naquela conversa e puxando Grace pra mesa da parede, o mais distante o possível dele.
Quando sentamos dou uma leve cutuvelada nela.
— O que você tem na cabeça?
— Nossa, calma Anne. Estava apenas sendo educada - diz ela com um meio sorriso.
Eu reviro os meus olhos.
— Não é legal encontro de alunos e professores fora da faculdade, isso poderia ser ruim pra ele.
Grace levanta uma sobrancelha pra mim.
— Primeiro nem quer que eu o cumprimente e agora o está defendendo? Interessante...
Eu ignoro a suposição que ela tenta fazer e pego o cardápio.
Mary e Caleb se juntam a nós na mesa.
— O Reid tava aqui foi? - pergunta Caleb ao se sentar.
— Quase que ele estava literalmente aqui - eu falo apontando pra nossa mesa.
— Como assim? - pergunta Mary enquanto ajeita o decote em V da blusa. Aparentemente ela ajeita bastante o decote quando está perto do Caleb. Interessante...
— Eu o chamei pra sentar conosco - diz Grace distraidamente enquanto também olha o cardápio.
— Você é louca? Ele recusou ne?
— Sim, disse que já tinha planos - eu respondo a Mary e espero que ela não note como eu verbalizo a palavra "planos", a qual sai dos meus lábios de forma sutilmente enciumada.
— Claro que um homem como ele tem planos numa quinta à noite. Ser solteiro não quer dizer que ele é sozinho... - continua Mary com um tom de malícia e um olhar sugestivo.

Eu e Grace damos um leve suspiro desapontadas, que parece que só nós duas percebemos, mas fingimos que não notamos.
— Mudando de assunto... o bife daqui é bom?- Caleb pergunta e eu o agradeço mentalmente por deixar de lado o assunto professor Reid e seus possíveis planos noturnos...

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É o final da manhã de sexta- feira e estou sentada numa das cadeiras do corredor que fica em frente à sala do professor Reid.
Hoje foi nossa segunda aula e pouco antes de encerra-la , ele nos informou sobre a primeira atividade: Um resumo crítico sobre a obra de um autor de suspense moderno e a identificação de semelhanças com a escrita  de autores antigos.
Para isso, pediu que em ordem alfabética, os primeiros 5 alunos viessem à sua sala para ele dar instruções e tirar possíveis duvidas.
Então aqui estou eu esperando a minha vez.

Meu perfeito opostoOnde histórias criam vida. Descubra agora