Night Club

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É fim de semana e estou me arrumando pra sair com as meninas da faculdade e Caleb.
Grace também veio para nosso quarto porque queria ver que roupa que eu e as Jennas usaríamos e como ela poderia usar um outfit mais chamativo que o nosso, palavras dela, não minhas.
— Acho que gostei mais do quarto de vocês - diz Grace olhando para a janela, que dá para o parque do campus - O meu tem uma bela vista para a sala do apartamento de um cara bem esquisito.
—  Não ligo pra vista, mas gosto da minha companheira de quarto. Morria de medo de me colocarem com uma bagunceira que não sabe limites. A Anne é uma das pessoas mais organizadas que já conheci - May diz e lança uma piscadela pra mim. Eu retribuo o elogio com um sorriso.
Apesar de gêmeas idênticas, o que May tem de organizada e centrada, Mary tem do contrário.
Por isso nosso quarto está quase sempre com as coisas no lugar, exceto o lado de Mary.
— Aquela bagunça ali... - aponta Grace pra cama de Mary.
— É da minha Gêmea querida. Anos de convivência me fizeram aturar a bagunça da minha própria irmã, mas eu piro com a dos outros - completa May.
— Minhas orelhas estão queimando, e não foi do secador quente. Tão fofocando sobre mim é? - pergunta Mary ao sair do banheiro com o cabelo loiro perfeitamente escovado.
Nós rimos e colocamos outro assunto na conversa.
Mary e May estão usando tubinhos, preto e branco, respectivamente, que são perigosamente curtos e justos para quem afirma que vai "dançar a noite toda".
Grace decidiu usar um vestido vinho que combina perfeitamente com seu cabelo e eu estou usando calça e blusa pretas, sendo a blusa de ombro caído, meu modelo favorito.
Meu celular toca e vejo a mensagem de Caleb, avisando que está nos esperando na portaria.
Inicialmente essa era pra ser uma noite das garotas, mas Caleb era o único com carro e se ofereceu pra nos levar e trazer em segurança, então aceitamos. Eu aviso as meninas que ele chegou e nós saímos ao seu encontro.
Mary senta no banco da frente e eu e Grace nos entreolhamos.
Há algum tempo percebemos que ela está interessada nele, mas tenho a impressão de que não é recíproco...
Fomos a um night club a uns 15 km da cidade da nossa faculdade e eu não me surpreendo quando vários caras tentam chegar em mim na pista de dança.
Mary e May descobriram quase assim que chegaram que os vestidos subiam muito com qualquer menção de movimento e fugiram da pista em cerca de 10 minutos, então apenas eu e Grace continuamos a dançar e descobri que apesar de linda, Grace não tinha o mínimo senso de movimento.
Tento ajuda-la, guiando-a pelas mãos mas nós acabamos mais tropeçando uma na outra do que dançando, o que me tira boas risadas que duram até sermos interrompidas por algum cara.
— Você dança muito bem - diz o 3º cara que tenta falar comigo essa noite. Eu viro de costas pra ele e fico de frente pra Grace, mas ele entende como uma proposta para dançar colado a mim e não como se eu o tivesse ignorado. Não era a minha intenção, mas decido por não afasta-lo.

Apesar do som alto e pulsante, minha mente viaja para a possibilidade de encontrar um certo alguém. Aceitei o convite para sair hoje porque não só queria, como precisava tirar meu quase beijo com Spencer Reid da minha mente. Mas aqui estou eu procurando, em meio a uma multidão de rostos iluminados por luzes piscantes, cabelos cumpridos e olhos esverdeados...
Obviamente eu não o encontro. Ele não frequentaria lugares assim, não o intelectual professor Reid.
O cara que estava dançando comigo me vira pela cintura e tenta me beijar, mas eu grito que não quero.
Ele me beija mesmo assim e eu tento empurra-lo, quando vejo que não consigo, um braço tatuado passa entre nós e o afasta. Caleb o está empurrando, mas o homem não recua. Quando percebo que estão prestes a começar uma luta, puxo o braço de Caleb e chamo o seu nome:
— Hey, eu to bem! Não vale a pena brigar com ele! - grito em seu ouvido, esperando que ele me ouça apesar do barulho. Caleb respira fundo e pega a minha mão, me levando para a mesa em que Mary e May estão sentadas, mas não antes de dar um empurrão a mais no cara.
Grace está logo atrás de nós e ouço ela xingar pela primeira vez desde que nos conhecemos.
— Que cara sem noção! - continua ela enraivada.
— Você ta bem mesmo? Não quer que eu volte lá? - Caleb me pergunta enquanto segura as laterais do meu braço, mas faço que não.
— Você chama bastante atenção dos homens, hein Anne - comenta May distraidamente e quando olho para ela, vejo que Mary que estava sentada ao seu lado, está com o olhar fixado nas mãos de Caleb que ainda me tocam, seus olhos poderiam me fulminar nesse momento. Eu me solto dele e me sento ao lado de Grace.
— Aparentemente eu danço bem. Quando saio pra clubes, acho que é isso que chama atenção... Pelo menos é o que já me disseram - eu comento tentando ignorar o olhar enciumado de uma das Jennas.
— Se você não fosse gata, poderia fazer uma pirueta e dar três mortais que não faria tantos caras darem em cima de você - Caleb fala naturalmente. Eu nem vejo como se fosse um elogio, vejo mais como uma observação dos fatos, até porque ele fala isso enquanto toma um gole da cerveja sem álcool e olha para a pista. Se eu não soubesse que eu era o assunto do momento, nem saberia que estava falando de mim.
Mas claramente não é isso que Mary ou May veem.
— Acho que teremos um casal no nosso grupo...- comenta May e Caleb quase engasga com a bebida e começa a tossir.
— May! - exclama Mary afetada e sem perceber que sua irmã a está provocando de propósito. A essa altura, até o próprio Caleb ja deve ter notado que ela está interessada nele.
— Nope, sem casais galerinha. O foco aqui é estudo! - eu digo tentando ao máximo evitar uma rivalidade por causa de garotos entre mim e Mary - Eu sou bolsista. Nós somos bolsistas, não podemos nos dar ao luxo de focar em namoro e esquecer dos estudos! - eu continuo e me sirvo da bebida não alcoólica que pedi que servissem.
— Ah com certeza, tão focada nos estudos que ela foi a única aluna que passou mais de 30 minutos na sala do professor Reid - Grace fala em tom de fofoca e percebo sua voz já um pouco embargada pelo álcool. Dessa vez sou eu quem quase engasga com a bebida. Estou pegando o guardanapo e limpando o que escorreu da minha boca quando pra minha infelicidade, o assunto continua:
— Eu ouvi isso também! A Audrey tava comentando no refeitório! - diz Mary, feliz na mudança de foco Eu x Caleb para Eu x Reid.
Caleb que antes olhava pra pista de dança, foca sua atenção na conversa.
— E então, sobre o que conversaram tanto? - pergunta Mary e todos os olhos estão em mim.
— Sobre o resumo é óbvio!
— Ah qual é Anne! Foi o triplo de tempo só com você, com certeza teve algo a mais - May pergunta e eu sinto as minhas bochechas começarem a ficar mais quentes, sei que estou a alguns segundos de ficar terrivelmente vermelha.
— Vocês esqueceram de que tão falando com a menina prodígio? Com certeza a Anne conversou mais com ele porque ela tinha mais o que conversar! Nós, relis mortais, não devemos ter lido nem metade dos livros que ela e o sr. Reid ja leram! - diz Grace e eu quero mata-la por ter trazido o assunto à tona e beija-la por ter me salvado. Os dois exatamente nessa ordem.
Ela me dá um aceno de me desculpe e sussurra
" enche eles de assuntos chatos e vão implorar para falarem de outra coisa" e eu pego a sua deixa.
Começo a citar diversos nomes de livros e autores que ja li até que Mary, May e Caleb me implorem que eu cale a boca e mudam de assunto.
A maior parte da nossa noite acaba se passando ali naquela mesa, comendo e contando histórias e nenhum de nós se arrisca ou tem vontade de voltar para a pista de dança.
Em alguns momentos sinto que Grace me observa. Apesar de ter me "salvado" antes, acho que ela ainda desconfia do que realmente aconteceu nos meus 30 minutos com Reid, mas como boa amiga que é (eu acho que já posso chama-la assim), parece que vai esperar que eu conte a verdade.
Também tenho a impressão de que Caleb não comprou a minha história, provavelmente pelo fato que de que ele parece ter uma quedinha por mim.
Qualquer que seja o motivo, uma coisa eu sei: o que aconteceu entre mim e Reid não fora nada de importante e mesmo que fosse, eu faria questão de manter em segredo guardado à sete chaves.

Meu perfeito opostoOnde histórias criam vida. Descubra agora