Um talvez

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Pov's Tom

Após o jantar, subo direto para o escritório, ignorando todo mundo. Quando finalmente fiquei cara a cara com meu pai, a raiva e a frustração eram tão grandes que mal cabiam em mim.

— Que merda foi aquila, pai? — Perguntei, minha voz cheia de indignação.

Natanael largou os papéis que estava olhando, me encarando com uma tranquilidade que só me irritava mais ainda, mas logo desviando.

— Do que você tá falando, Tom? — Ele respondeu, sem ao menos me olhar nos olhos.

— Você sabe muito bem! Apresentar eu e aquela garota como se fossemos um casal na frente de todo mundo! — Falei, minha voz subindo de tanto nervoso.

Natanael suspira alto, já cansado dessa conversa.

— Tom, você precisa entender que isso faz parte do acordo. Você "ainda" não assinou o contrato, mas logo vai. — Ele disse, numa calma que me dava vontade de gritar pelos quatro cantos daquela casa.

— Mas é claro que não assinei "ainda". Você está me obrigando a assinar aquele maldito contrato falso! — Grito, meus punhos fechados.

Natanael soltou uma risadinha sarcástica, como se estivesse se divertindo com a situação.

— Você sabe que é tudo pelo bem da empresa! É melhor falar mais baixo, você não quer que ninguém escute sobre isso, não é? — Ele rebateu, com a voz mais firme. — Tom, você precisa assumir suas responsabilidades. Nunca te obriguei a assinar nada, filho. Apenas re mostrei que essa é a melhor opção. — Ele falou, com uma frieza que cortava até o osso, ele tinha uma ar diferente nas palavras.

— Você é um mentiroso. Um manipulador do caralho! Sempre fez tudo a seu favor, sempre colocando os interesses da empresa acima da família! — Gritei, minhas palavras ecoando pelo lugar.

— E você é um tolo, Tom. Um tolo que não vê além do próprio nariz. Não tem ideia do que está falando. Sim, eu faço de tudo pela empresa, mas pensando em nós também. — Ele se aproxima mais conforme vai falando.

— Um tolo? Você que é o tolo, pai! Acha que pode manipular tudo e todos apenas pelo seu prazer. Só pra satisfazer seu ego e seus interesses egoístas! — Cuspo, com toda a raiva transbordando em minhas palavras.

O homem ergue uma das sobrancelhas. — Cuidado com as palavras, Tom. Você sabe que não é assim. Estou apenas protegendo o que é nosso. O que é da família. — Ele retruca, tentando manter a postura.

— Protegendo? É isso que você chama de proteger? Usar as pessoas como peças de um jogo sórdido? Eu não quero fazer parte disso, não quero ser feito de fantoche! — Exclamei, sentindo meu peito arder com a indignação.

Natanael soltou um suspiro resignado, como se estivesse desistindo de tentar me convencer.

— Você não entende, Tom. Um dia, quando assumir o controle da empresa, vai perceber que todas as minhas ações foram necessárias. — Ele disse, sua voz soando quase como um lamento.

— Eu nunca vou ser como você, pai. Nunca vou sacrificar minha integridade e minha moral por dinheiro e poder. — Minha voz agora mais calma, mas carregada.

Dou as costas e saio do lugar deixando Natanael com seus documentos e suas justificativas vazias.

Entro no meu quarto, fechando a porta atrás de mim. Pego o notebook e deito na cama. Precisava fazer algo para me distrair de tudo aquilo.

Lá estava eu, encarando o perfil de Moonshine, ou melhos, de Penny, ao vivo em uma transmissão. Talvez fosse uma boa ideia para me aliviar.

A página carregou lentamente, e eu me senti tenso, como se estivesse fazendo algo proibido. De certa forma, agora era, mais do que nunca. Mas quando vi a garota ao vivo, meu coração deu um salto.

Meu Irmão é Meu ClienteOnde histórias criam vida. Descubra agora