Cerejinha

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Abro os olhos lentamente, sentindo uma dor latejante na cabeça enquanto tento processar a luz do dia que invade o quarto. Minha mente ainda está turva pela ressaca, e flashes da noite anterior surgem em minha memória de maneira fragmentada, sem clareza.

Piscando lentamente, me viro para o lado e percebo que estou sozinha na cama, o que me deixa confusa. Pequenas lembranças de ter adormecido ao lado de alguém vêm à tona, mas tudo está embaçado.

A sensação de desconforto e irritação cresce dentro de mim quando me dou conta de que não tenho certeza do que aconteceu. A lembrança do que aconteceu com Tom na sala de jogos, logo em seguida a briga com o garoto ainda ecoa e se fundem em sua mente, me fazendo sentir uma mistura de raiva e confusão.

Com um suspiro pesado, tento levantar da cama, mas a dor de cabeça me faz recuar. Fecho os olhos por um momento, tentando afastar aquelas lembranças.

Desço as escadas, ainda sonolenta, em direção à cozinha, onde encontro Tom. O moreno me encara com um olhar sarcástico enquanto vou me aproximando.

— Finalmente a bela adormecida acordou — ele diz, sua voz carregada de ironia.

Reviro os olhos, ignorando o sarcasmo em sua voz. — Engraçadinho — Respondo, com um leve sorriso irônico.

Ainda em pé, olho ao redor da cozinha, procurando por mamãe e Natanael, mas como sempre, o lugar está vazio.

— Eles já foram trabalhar? — Pergunto, minha voz ainda um pouco rouca pelo sono.

Tom balança a cabeça negativamente.

— Não, eles saíram cedo. Não sei onde foram e nem quando voltam. - Ele diz, em seguida dando um gole no café. - Não que seja novidade.. - O mesmo murmura.

Suspiro alto, não surpresa com a ausência deles.

Passo reto pelo garoto e abro a geladeira, buscando algo para comer, e pego uma fruta. Sento na bancada da cozinha, mantendo uma certa distância de Tom, que está do outro lado, tomando café. Mordo a fruta lentamente, tentando aliviar a sensação de náusea causada pela ressaca.

Enquanto como, franzo o cenho percebendo a ausência do meu celular. Com um suspiro, levanto da bancada e volto ao quarto para procurá-lo. Pego ele sobre a mesa de cabeceira e desbloqueio a tela.

Noto várias chamadas perdidas de um número desconhecido, o que aumenta minha confusão.

De volta à cozinha, mantenho o celular na mão, minha expressão um tanto perturbada.

— O que foi? Algum problema? — Ele pergunta, sua voz soando um pouco mais séria.

Hesito por um momento antes de responder, ainda sem tirar os olhos do celular.

— Achei estranho, só. Tem várias chamadas perdidas de um número que não reconheço. — Digo, virando o celular para o garoto.

Ele franze o cenho ao ver a tela do celular e, por um instante, uma expressão preocupada cruza seu rosto.

— Estranho mesmo... — Ele murmura, parecendo ponderar sobre algo.

O encaro, buscando alguma pista em seu rosto, mas ele parece distante.

— Não se preocupe. Deve ser só engano. — Tom tenta me tranquilizar, embora sua expressão denuncie que algo o está incomodando.

Com o celular ainda virado para Tom, percebo uma notificação de mensagem surgir no topo da tela. Meus olhos se fixam nas palavras "Sou eu, Cerejinha", e antes que eu possa processar completamente o significado da mensagem, Tom rapidamente arranca o celular da minha mão.

Meu Irmão é Meu ClienteOnde histórias criam vida. Descubra agora