Capítulo 05

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GIZELLY


Um mês depois...

Hoje faz um mês que Sofia veio parar aqui em casa. Tanta coisa mudou desde então. Há um mês eu não durmo mais sozinha. Tem brinquedos espalhados por toda a minha casa. Minha vida sem rotina foi embora. E eu virei uma ótima cabeleireira. Sem contar que sou mais feliz agora.

- Você viu o que eu fiz, tia Gi? - Sofia corre assim que me vê a observando dançar. A peguei no colo e beijei sua testa.

- Eu vi, Soso. Foi perfeito. Eu amei. Na verdade, eu te amo! - digo e ela sorri. Manu havia passado como lição de casa, um novo passo ainda mais difícil para ela treinar. A danada deu conta de fazer certinho.

- Eu te amo mais, tia Gi! - responde me dando um beijo estalado na bochecha.

- Opa, quer dizer que temos uma Estrelinha falante hoje? - minha irmã faz cócegas na barriga da menina que sorri.

- Pode falar com ela, Sofia. Sua mãe não vai ficar triste.

- Quando eu vê a mamãe, vou fala pa ela que você dexô, ta bom tia Gi? - existe criança mais fofa? Não existe.

- Pode falar, pequena. Eu assumo a responsabilidade. - falei erguendo as mãos em sinal de rendição.

- Então a senhorita se chama, Sofia. E a sua "tia Gi" já sabia.

- Sim. - a menina responde animada.

- Bom, não tem problema. Você vai continuar sendo a minha Estrelinha! Mas agora, nada de moleza.Volta lá e repassa a coreografia junto das suas amiguinhas. - Manu pede e eu a coloco no chão, logo ela corre até as outras meninas. Me derreto com a cena.

- Gizelly, Gizelly...você me pediu para não me apegar a menina e no entanto está toda derretida por ela agora. Vi sua mensagem no insta hoje.

- Não tem como resistir a Sofia, Manu. Ela é um doce de criança.

- Ela é realmente uma menina de ouro. Mas você já pensou se a mãe dela acorda e resolve tirar a menina da gente? Ela tem todo o direito e não poderemos fazer nada se isso acontecer.

- Nem brinca com isso.

- Titchela, ela é a mãe... - tenta argumentar, mas a interrompo.

- Que deixou a filha com uma desconhecida. Ela não vai tirar a Sofia de mim, não mesmo.

- Gizelly...

- Não vai e ponto, Manu. - respiro fundo tentando me controlar. - Pede para ela ir até a minha sala depois que terminar aqui. - digo saindo da sala de dança.

Assim que cheguei em minha sala, fiquei um bom tempo sentada na poltrona olhando para a foto de Estrela que fica em cima da mesa. Na verdade, tem fotos dela em todos os cantos. No meu celular, na parede, no computador, em tudo!

Eu não posso perder a Sofia. Não agora. Não depois de tudo o que já passamos nesses 30 dias. Essa garotinha chegou de repente e parece ter colocado tudo nos eixos. Ela me devolveu a alegria de viver, e agora só de pensar na minha vida sem ela, me sinto estranha. Ninguém vai conseguir tirar a Sofia de mim.

Tento distrair minha cabeça com o trabalho. Mas eu sempre acabava pensando no que a minha irmã me disse mais cedo. Fui tirada dos meus pensamentos quando a porta da minha sala foi aberta por uma Sofia alegre e saltitante.

- Acabou, tia Gi!

- Quer ir para a casa?

- Sim. O vovô e a vovó vão estar lá? - ela pergunta se sentando em minhas pernas.

- O vovô e a vovó não vão lá em casa hoje, Soso.

- Pu quê não?

- Porque eles foram ontem e hoje estão...eu diria... arrumando algumas coisas.

- Ah...quelia vê eles. - responde com um olhar triste.

- Outro dia eles voltam. Não precisa ficar triste.

- Tudo bem, tia Gi.


*****


Fui pra casa com Sofia, almoçamos de forma descontraída e depois do almoço lhe dei um banho. Hoje, está fazendo um mês que ela chegou aqui, então resolvi fazer uma festinha para ela com o tema de bailarina. Será na casa dos meus pais, algo bem discreto, apenas para a família. É um sonho dela ter uma festa. E eu tô feliz em poder realizar esse sonho.

- Eu vou pa escola di novo? - ela pergunta enquanto visto outra roupa de bailarina nela.

- Não bebê, vamos para uma surpresa. - digo e ela me olha como se quisesse saber mais.

- Supesa?

- Sim!

- Eba! Vamos logo então, tia Gi. - ela diz toda apressada e feliz.

Saímos de casa e Sofia foi falando o caminho inteiro, ela estava super animada para a tal surpresa e nem fazia ideia de que a surpresa era pra ela. Estacionei o carro em frente a casa dos meus pais, e a ajudei a descer.

- A supesa tá na casa da vovó?

- Sim. Mas não corre. - lhe entrego sua girafa e ela segura em minha mão. Quando abro a porta da sala, meus pais, meus irmãos e Vitória gritam a palavra mágica: Surpresa! Tinha algumas crianças, também. Acho que são filhos dos vizinhos, mas nem me importei. Sofia estava feliz, isso que importa. Eles cantaram parabéns e ela assoprou a vela do bolo. Estava encantada com tudo.

- Para quem vai o primeiro pedaço? - minha mãe pergunta para ela.

- Pa tia Gi. Mas depois é o meu vovó. - ela diz nos fazendo rir. Depois que distribuímos o bolo, ela foi brincar com as outras crianças. Tinha salgadinhos e vários tipos de doces também.

- Você gostou, meu amor? - pergunto depois que as crianças haviam ido embora. Sofia e eu estávamos na sala, meus pais na cozinha arrumando a bagunça, meu irmão foi embora com a mulher e Manu havia subido pro seu antigo quarto.

- Eu amei tia Gi. Obigada! - ela diz me abraçando forte e me dando um beijinho demorado na bochecha.

- Você merece, bebê. - a apertei ainda mais contra meu corpo, não queria sair daquele abraço. Sofia me transmitia tanto amor e leveza, ela mudou tudo dentro de mim em tão pouco tempo que eu só conseguia pensar em como minha vida era vazia antes dela chegar. Senti meu celular tocar e nos separamos para que eu pudesse atender a ligação. Sofia sentou do meu lado no sofá.

Ligação On

- Fala Marcela.

- Gizelly, você não vai acreditar. Tenho boas notícias.

- Então fala logo! - Digo querendo saber o que é.

- A mãe da Estrela acordou!

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