Estamos Bem

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Sirius acorda no corredor de seu chalé, o vento frio entrava pela janela quebrada e sua cabeça latejava. Ele sentia seu corpo quente, mas tremia de frio. Suas lembranças das últimas horas eram confusas, mas ele lembrava de ter sido atingido pelo feitiço Crucio várias vezes, o que explicava essa perda de memória. Lembrou também o motivo de estar no corredor, estava tentando ligar para Regulus. Quando tentou se levantar, sentiu uma dor excruciante nas costas, mas ainda sim permaneceu de pé e discou o número que seu irmão havia lhe dado, se precisasse de algo.
- Alô?
- Reg! Reg você está bem?
- Eu que pergunto, me ligando no meio da noite.
- Porra, Regulus. Eu tô falando sério... Ela... Ela não esteve aí? Cadê o James e o Harry?!
- "Ela" quem, Sirius?
- Responde, cacete! Cadê eles?
- Eles foram passar um tempo com a Effie e o Fleamont.
- Ainda bem...
- Sirius, o que aconteceu? Você está me assustando.
- A Bella... A Bellatrix... Ela... - As pernas de Sirius tremiam, e sua cabeça doía tanto que ele mal podia pensar.
- Você tá em casa?
- Sim...
- Eu vou aí, me espera.
- Reg... Ela disse que ia atrás do Remus, Reg - Sirius disse, mas Regulus já havia desligado e estava a caminho do chalé. O moreno se sentou no sofá, não tendo mais forças para se manter de pé.

- Sirius! - Regulus disse, entrando no chalé e vendo o rosto de seu irmão com inúmeros pequenos cortes, causados por estilhaços de vidro.
- Reg...
- Puta merda, Sirius, você tá ardendo em febre.
- Reg..
- Eu vou colocar um pano frio na sua testa, vai abaixar sua temperatura - Regulus se afasta de Sirius e vai até a cozinha, desviando dos cacos de vidro. Pega uma garrafa de água gelada da geladeira e umedece um pano de prato. Que porra a Bellatrix veio fazer aqui?  ele pensava, Por que o Sirius perguntou sobre o James e o Harry?
- Reg.. - Regulus colocava a compressa fria na testa de seu irmão.
Puta merda, ela sabe deles.
- Reg!
- O que é, cacete?!
- Eu preciso.. Falar com o Dumbledore. Eu acho que a Andy e o Remus estão em perigo.
- Como assim, Sirius?
- Bellatrix.. Eu não sei se ela sabe sobre o Prongs e o Hazzy, mas eu acho que sim. Ela estava desesperada pra falar com você e disse que ia "perguntar" pro Remus. E se ela... - a voz de Sirius se embargava mais a cada palavra, seus olhos lacrimejaram ao pensar em Bellatrix torturando seu marido.
- Ela não vai fazer nada com ele, ouviu?
- E se já tiver feito? Ele se ele estiver...
- Ei! Para com essa merda, ele tá bem. Vou mandar uma carta pro Alvo, é o melhor que podemos fazer agora.
- Antes... Me faz um favor.
- O que?
- Vai no meu quarto, ou o que sobrou dele, e pega um fraquinho laranja na cômoda, tem analgésicos nele.
Regulus alcançou o vidro para o moreno que, sem hesitar, tomou quatro comprimidos, e antes que percebesse, estava caindo no sono.

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- O que você quer dizer com atacado?! - Remus disse, começando a perder a paciência com o tom calmo que Dumbledore usava diante da situação.
- Apesar de já apresentar grande melhora, Sirius foi atingido pelo feitiço Crucio, repetidamente...
- Por Merlin, Albus, isso eu entendi. O que aconteceu? Quem fez isso com ele?
- Se o senhor, Sr. Lupin, me permite continuar - Dumbledore o  olhava reprovadoramente sob seus óculos de meia-lua, mas Remus estava preocupado, furioso e confuso demais para se importar - Pelo que me foi dito, Bellatrix Lestrange foi atrás de Black para tentar extrair informações dele sobre seu irmão, Regulus.
É claro que ele ia preferir ser atingido por uma maldição imperdoável a delatar alguém que ele ame, pensou Remus.
- Eu preciso ir pra casa, Albus.
- Eu pessoalmente não acho uma boa ideia, Sr. Lupin. Na carta de Regulus, ele disse que Bellatrix estaria a caminho de Hogwarts, e que tentaria conseguir as informações que desejava com você e sua menina, Andromeda. Creio que estarão mais seguros aqui. Se ela for capaz de adentrar os limites do castelo, fique seguro de que seu próximo destino será Azkaban.
- Obrigado. Agora, eu preciso dar um jeito de falar pra minha filha que o pai dela foi torturado e que ela não vai poder vê-lo - Remus deixou a sala de Dumbledore, embaralhado em seus próprios pensamentos.

- Remus, querido, o que aconteceu? - perguntou a doce voz de Madame Pomfrey, a medida que viu seu antigo estudante entrar na ala da enfermaria.
- O Sirius, Poppy. Torturaram ele - sua voz era inconstante e seu rosto, abatido. Ao ouvir tais palavras, Madame Pomfrey pôs sua mão sobre seu coração - Ele tá bem agora.. eu acho, quer dizer, quão bem alguém que levou um Crucio pode estar?
- Um Crucio? No Sirius? Pobre do meu garotinho.. Garotinho, eu continuo chamando vocês assim, mas olhe só - Pomfrey apoiou sua mão na bochecha de Remus - você já é um homem adulto, com barba por fazer e tudo! - o alto soltou um leve riso junto a enfermeira, mas o ar de preocupação entre os dois ainda estava muito presente.
- Muito bem. Com licença, querido.
- O que vai fazer?
- Falar com Dumbledore. Não seria prudente deixar um bruxo nessa situação sem a supervisão médica apropriada.
- Ele não vai deixar você ir até o Sirius, ele não me deixou ir. E mais, quem vai ficar na enfermaria aqui, em Hogwarts?
- Querido, por favor, é a primeira semana de aulas, nada vai acontecer. E, além do mais, Albus não precisa saber que estou indo ver Sirius, eu vou apenas dizer que é uma consulta de um bruxo que atendi durante o recesso.
- Não tem como argumentar com você, tem, Poppy?
- No momento, querido, receio que não.
Remus respirou fundo antes de prosseguir.
- Me mantenha informado, por favor.
- É lógico, querido - Pomfrey envolveu o alto em seus braços antes de arrumar seu kit médico e se dirigir à sala de Dumbledore.

A noite, em sua sala, Remus tentava, mas era incapaz de pegar no sono. Ele não estava presente, mas conseguia ver em sua cabeça vividamente o inferno que seu marido havia passado horas antes. E ter sido obrigado a fingir normalidade e dar aula apenas piorou a situação para ele, que também ainda não teve coragem de falar com Andromeda. Sem saber mais o que fazer, se dirigiu a sua escrivaninha, acendeu sua luminária e desdobrou um pedaço de pergaminho para escrever uma carta.

"Querido Sirius.
Estamos bem. Sei que deve estar preocupado e sinto muito por não estar aí, por não poder te proteger.
Não consegui falar com a Andy sobre o que aconteceu. Ela está tão feliz, Pads, toda vez que vejo ela correndo pelo castelo com seus amigos, me lembro de nós. Não fui corajoso o suficiente para estragar a felicidade da nossa garotinha, mas vou ter que ser. Ela tem o direito de saber se algo acontecer com você, principalmente se for algo que afeta ela como isso. Espero que não tenha acontecido nada grave com você, porque de manco que precisa de bengala para poder andar direito já basta eu.
Eu te amo.
Do sempre seu, Remus.

P. S: Lembra de quando sempre terminávamos nossas cartas com citações de escritores e poetas que gostamos?

P. S. S: "Você é a luz pelo qual meu espírito nasceu - Você é meu sol, minha lua e todas as minhas estrelas.
              e. e. cummings""

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