CAPÍTULO 2

250 70 529
                                    

Um brinde aos que estão aqui hoje
Um brinde para aqueles que perdemos pelo caminho
Porque as bebidas trazem de volta todas as lembranças
E as lembranças trazem de volta, as lembranças trazem de volta você

Memories - Maroon 5

— Professor?

Levanto a cabeça assustado e pisco rapidamente voltando para realidade. Estou na sala de aula, é claro. Respiro fundo e olho para o relógio vendo que falta apenas quatro minutos para o sinal tocar. Terminei o conteúdo e deixei os últimos dez minutos de aula livre, então me sentei e acabei me perdendo em pensamentos encarando minha mesa. Esfrego entre as sobrancelhas tentando aliviar a dor latente na cabeça.

— Ah sim, Cindy? Em que posso te ajudar?

— O senhor corrigiu errado uma questão do teste passado. Aqui. — Ela me estende a folha e aponta a terceira questão. Analiso a pergunta e vejo que de fato marquei um "x" em vermelho, sendo que a resposta está correta.

— Me desculpe, realmente cometi um erro. Irei consertar sua nota. — Pego a caneta azul e contabilizo o escore, a questão valia meio ponto, assim sua nota subiu para 9,0. Desenho uma carinha sorrindo ao lado e devolvo a folha. — Você foi muito bem, parabéns.

— Obrigada, professor. — Cindy sorri e se encaminha de volta para cadeira. Ela é uma das poucas alunas do segundo ano que é aplicada nas aulas e se preocupa em fazer todos os trabalhos e atividades com perfeição. Nada deixa um professor mais feliz ao ensinar um aluno verdadeiramente interessado. Bem, só o período de férias é mais satisfatório.

O sinal toca e me levanto começando a arrumar minha mesa. A próxima aula é no terceiro ano, fica em outra ala da escola.

— Não se esqueçam de entregar as fichas sobre Imperialismo e Neocolonialismo na quarta-feira. Não irei mais adiar o prazo, quem não fizer perderá o ponto extra na prova. — Aviso e ouço suspiros cansados e resmungos insatisfeitos, naturalmente. Coloco meus papéis na pasta e saio da sala.

Caminho apressadamente e evito pensar no meu deslize mais cedo, em que me perdi entre memórias. É inevitável lembrar às vezes, mas estou me esforçando. Tenho que me focar no agora, afinal está tudo está dando certo e caminhando nos trilhos. Estou feliz. Estou feliz.

Apesar disso, no fundo da minha mente algo me cutuca, o medo de mais uma vez perder tudo que consegui construir.

Após o término das aulas da manhã, me reúno para almoçar com os outros professores e jogar conversa fora. Era para ser um momento leve, se meu amigo e professor de matemática, Gavin, não estivesse me importunando.

— É sério isso? Você a rejeitou? — sussurra dramaticamente e resmungo internamente enquanto seus olhos verdes se estreitam na minha direção.

— Pela maldita milésima vez: Eu. Não. A. Rejeitei. Apenas disse que não podia sair no sábado à noite, tinha trabalho para fazer.

— Isso é a definição de rejeição para mim. Você abriu mão de passar a noite com a maior gata para corrigir trabalhos? Sei muito bem que você ainda tinha tempo para corrigi-los outro dia, foi apenas uma desculpa esfarrapada — ele dá um tapa nas minhas costas um pouco forte demais e faço uma careta por Gavin estar certo.

— Não me envolvo com colegas de trabalho, dá dor de cabeça depois. — Dou de ombros pegando mais uma colher do meu prato. Por sorte a professora de geografia que estamos falando, Camile, não está presente no momento. — E você tem razão, tá bom? Eu não me sinto atraído por ela.

Terceira ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora