CAPÍTULO 13

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Batidas insistentes na porta me acordam e resmungo irritado, espio a hora no celular vendo que marca 19h38, fecho os olhos novamente e coloco um travesseiro no rosto determinado a ignorar quem quer que seja. Talvez seja Gavin querendo me arrastar para fora de casa como prometeu hoje que faria, não sinto a mínima vontade.

Mas as batidas não param e apenas se tornam mais altas, depois de alguns minutos levanto irritado e caminho até a porta determinado a xingar Gavin por todos os nomes que conheço. Abro a porta e o grito morre na minha garganta.

Ellie está na minha frente respirando de forma ofegante, seus cabelos estão soltos e bagunçados, seu vestido azul amarrotado e apenas uma jaqueta a protege do frio. Tomo consciência de que minha aparência também deve estar desalinhada já que estou vestindo apenas uma calça moletom cinza e camisa branca de pijama, com a cara amassada de sono e o cabelo arrepiado. Ficamos em silêncio nos encarando por um momento enquanto seguro a respiração.

Não esperava que ela viesse até a minha casa, conforme as horas foram passando e não recebi nenhuma mensagem ou ligação da sua parte, presumi que ela não havia acreditado em mim, ou que talvez tivesse jogado minhas cartas fora sem nem ter dado o trabalho de ler. De qualquer forma, me resignei acreditando que já estava acabado.

Encaro seus olhos sem saber o que fazer, sua expressão é estranha e suas sobrancelhas estão franzida, de repente ela dá um passo na minha direção e passa os braços ao redor do meu pescoço me abraçando.

— Eu acredito em você — sussurra contra o meu ombro e um tremor percorre meu corpo, meus braços envolvem automaticamente sua cintura a puxando mais para perto e aproximo o rosto do seu pescoço inalando seu cheiro. Meu cérebro registra suas palavras tardiamente e me afasto surpreso segurando seus ombros.

— Você o quê? — pergunto chocado e ela começa a rir deixando-me ainda mais confuso. A puxo para dentro e fecho a porta, meu coração está acelerando pensando em suas palavras. Ela disse que acredita em mim? No que eu escrevi?

Viro para encará-la e seus dedos envolvem os meus me puxando em direção ao sofá, sua cabeça vira de um lado para o outro absorvendo os detalhes do meu apartamento antes de empurrar meus ombros para que eu me sente. Obedeço a tudo em um silêncio ansioso, Ellie se senta ao meu lado e percebo vagamente um pacote pardo em suas mãos que apoia nas pernas.

— Eu disse que acredito em você, Heitor — minha atenção se direciona ao seu rosto e percebo que ela está sendo sincera

— Como pode acreditar em uma história tão esquisita como a que contei?

— Não entendi. Não está feliz por que eu acredito? — pergunta confusa e me embaralho ainda mais sem saber o que dizer ou sentir. Eu sinto alívio, estou certo disso, assim como felicidade por finalmente a ter por perto depois dos últimos dias. Mas como ela pode aceitar essa história tão facilmente?

— Não. Digo, sim estou feliz, mas... Você não pode confiar em alguém tão fácil assim, não te forneci nenhuma prova concreta e se eu estiver mentindo?

— Alguém já te disse que você pode ser seu pior inimigo?

— Acredito que sim — ela ri de novo

— Você está certo, ok? Claro que foi difícil de aceitar, mas assim que eu terminei de ler as suas cartas... — suspira pesadamente e vira o rosto na outra direção piscando rapidamente — Por que se daria ao trabalho de inventar uma história tão complexa? Como eu poderia não acreditar, quando vi claramente o seu coração em cada uma daquelas palavras?

Abaixo a cabeça apertando as mãos juntas enquanto olho para o chão, com angústia ainda pesando em meu coração. É a primeira vez que sou sincero sobre tudo com alguém e ela realmente...

Terceira ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora