Soobin descansava em casa quando Yeonjun bateu em sua porta, alegando estar doido para fazer doces junto dele. Como um bom amigo, permitiu-lhe a entrada, mas insistiu que ele se controlasse pois ainda estava chateado com o amigo depois do acontecimento com Bahiyyih. Yeonjun se desculpava sempre, porém apenas sabia rir.
- Quero fazer pudins hoje. Eles são brutos e fofos, molengas. Parecem com você, tirando a parte do bruto. - Ele se virou para o anjinho que mantinha um biquinho raivoso, mesmo escutando e respondendo tudo de bom grado. - Oh, não fique chateado comigo. Você sabe que o Yeonjunie te ama, não? Sabia, Soobin?
- Ah, eu sei. - Ele revirou os olhos, de repente corando sem querer. - Bah, vamos fazer o que você quer, os quindins.
- Pudins, docinho.
Soobin não conseguia deixar de notar algo. Sabia que era alguém bastante avoado, mas isso lhe cutucava bem no coração puríssimo que tinha: Yeonjun falava entrelinhas de vez em quando. Ele ficava envergonhado quando compreendia essas entrelinhas que muito provavelmente pensava que era coisa de sua cabeça. Resolvia então ignorar as vezes que pensava que era.
Yeonjun comprou algumas coisas e as deixou na mesa, bateu palminhas e levantou o dedo indicador. - O que acha de pudins, Soobin?
- Eles são muito fofos! Parecem com coelhos, eles têm a mesma doçura. - Respondeu, quebrando os ovos e deixando dentro de uma pequena vasilha. Eles mediam algumas coisas e arrumavam alguns talheres antes de fazerem. Yeonjun misturou os ingredientes secos e Yeonjun os molhados, depois juntando em uma grande panela com o leite fervente, com desenhos de flores rosadas.
- Podíamos colocar corantes!
- Acabaram ontem. Fui colorir minha sopa de legumes e ficou um roxo pastel tão bonitinho! - Ele pegou a panela para virar nas forminhas, mas achou melhor pegar uma concha para ficar melhor de acomodar a massa na forma. - Mas ficou feio com os legumes.
Voltando com o utensílio, Soobin trombou em Yeonjun. - Perdão. - Ele desviou do homem e foi terminar seu trabalho. O diabinho continuou o encarando, e sabendo disso, sentia o olhar incisivo em si, e também uma aproximação. Quando olhou para o lado, primeiramente os lábios lhe tomaram a atenção e subiu para os olhos tranquilos dele. - O que foi, Yeonjun?
Os lábios de Yeonjun de repente se tornaram secos, e então precisou molhá-los diversas vezes enquanto em sua frente estava o rosto divino de Angel, que tinha a ousadia de fazer seu sangue correr mais rápido e invadir constantemente seus pensamentos. - Posso fazer uma coisa? É que eu nunca fiz isso.
- Depende do que quer fazer. - Soobin não é otário, apesar de ser ingênuo na maior parte das vezes. - Não deixarei se for algo ruim.
- Não acho que seja... - Sua voz era sussurrada e tão serena como uma flor de cerejeira. - Quer fazer o teste?
Ele conseguia sentir a respiração de Soobin batendo no rosto. Suas mãos com esmalte carcomido subiram tão leves como ondas do mar para o rosto do mais alto, que estava preso com ele ali, e não aparentava querer estar livre novamente. Soobin sabia o que o avermelhado queria fazer, e encerrou o espaço.
Eram deslizantes como gelatina os lábios singelos de Yeonjun, deixando claro de uma vez por todas as teorias de que um diabo uma vez já fora anjo. Foi um contato que já teve antes e que mal se lembra do ocorrido, porém desse ele se lembraria até mesmo quando estivesse ressonando nas nuvens. As asinhas começaram a se abrir e levantar conforme seu coração batia mais e mais forte.
Ao se separar, Yeonjun não deixou ir, selando uma e duas vezes.
- Eu vou virar uma geléia. - O avermelhado soou depois de quase um minuto inteiro de silêncio com ambos tímidos demais para iniciar algum diálogo. - Isso que é um beijo?
- Isso foi um selinho. - Terminou de colocar a massa na forma e viajou pela cozinha para deixá-las na geladeira por um tempo. Seu coração ainda estava acelerado. - Um beijo já é mais complicado.
- Se diz com tanta propriedade, você pode me ensinar, não é? - Deu de cara com o diabinho perto demais de novo, e seu rosto torrava a cada contato visual.
- Ensinar? Até que posso, mas não sei se amigos fazem isso.
- E tem isso? Que droga. - Yeonjun piscou lento, baixando o olhar para o chão tão claro e encerado que queimava suas retinas enquanto o sol batia ali, se pôs para desenvolver o assunto mentalmente consigo mesmo. - Então você beijou um desconhecido?
- E-Eu? Claro que não!
- Automaticamente refutado. - Sorriu com sarcasmo para Soobin, que revirou os olhos. Eles lavaram a louça e Yeonjun passou a entender como funcionava a mente de um ser humano comum para achar um beijo tão incrível assim. No fundo, ele adorou e experienciou pela primeira vez com quem desejava.
Soobin resgatou sua auréola flutuante no topo da cabeça e a poliu na camisa, e Yeonjun aguardava na sala distraído. Havia passado algum tempo desde que o pudim estava na geladeira, então o mais alto os desenformou e eles estavam brilhantes e altivos.
- Venha decorá-lo, Junie!
O mais baixo não perdeu tempo para tal, pegando confeitos escuros que comprou e que sabia que Soobin não compraria. Tinham caveiras e fantasmas, e acima de tudo corações quebrados. Havia levado até um saco de confeito com chantilly vermelho sangue.
- Nosso céu, Yeonjun, esse aqui está caquético. - Resmungou com uma careta amarga, analisando o confeito desengonçado.
- Olha, eu não sei confeitar, ok?
- Você não me deixa fazer por você...
- Claro que não! Você santificaria meus doces rockeiros e diabólicos.
- Bom, você que sabe. - Soobin levantou as mãos em rendição. - Se quiser eu tenho guias em livros de receita ali em cima da prateleira da sala, mas não lembro em qual livro é.
- É melhor do que acabar vendo auréola e asinhas como as suas nos meus pudins. Já volto, não coma antes de mim!
O diabinho sumiu pela sala, e Soobin sorriu sozinho. Puxou a cadeira ao lado para trás, revelando confeitos fofos e alegres, com granulados de estrelinhas e glitter arco-íris. Ele se levantou e se prontificou a fazer sua arte, ouvindo Yeonjun abrindo, fechando e jogando livros de receita pelos ares.
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Artimanha Endiabrada! • Yeonbin.
Fanfic{𝕮𝖔𝖓𝖈𝖑𝖚𝖎𝖉𝖆} Não era um homem de ambições, embora ansiasse vertiginosamente passar cada segundo ao lado de Soobin Angel fazendo qualquer coisa cor de rosa; essas que não dava a mínima. O talento e paixão cálidos do anjo atraíam-no como um ca...