- Soobin! Eu preciso de um Playstation 2! Ele é tão belo! Eu vi a versão vermelha, eu nem sabia que existia! - Yeonjun começou a pular mesmo estando no colo de Soobin, que sutilmente segurou sua cintura para pará-lo. - Tem bastante jogo saindo! Existe Jak 2, o dois, Soobin! Você sabe da gravidade dessa situação?!
Nos dedos do mais velho tinha uma revista de jogos que Soobin comprou por curiosidade e deixou cair nas mãos de Yeonjun, que não parava de falar por meia hora, sem nem mesmo chegar a um terço da revista. - Ai, Soul Calibur!
Soobin adorava gastar tempo ouvindo as coisas meio nerds do melhor amigo. Ele entendia pouca coisa, mas aprendia por ele. Ver ele focado parecia tão sedutor assim como a maioria das coisas que ele fazia, como se aquela conversa com Beomgyu tivesse girado uma chave em seu âmago. Se sentia uma colegial flutuando de amores por alguém, daquelas que escreviam cartas de amor confessando afetos secretos para nunca serem entregues.
- Esse aqui você gosta. - Debruçou o tronco sobre o anjo erguendo a revista multicolor. Era uma sessão de jogos estilizados e de anime.
- Esse aqui é bonitinho. - Apontou para um chamado Okami, cuja estética eram artes de tinta nanquim, que davam vida a uma deusa loba. Passou os olhos na lista mas não encontrou nada muito chamativo e nem que fosse costume em seus gostos. - Ah, não tem anime que eu goste aqui.
- Ah. Eu queria que você tivesse um jogo para chamar de seu, sabe? - Yeonjun escorregou para trás, apoiando a cabeça no ombro do anjo. Sua boca estava tão próxima do pescoço alabastrino do outro, e todo seu corpo estava largado por cima do jovem. Soobin conseguia ver todo o corpo do mais velho acima de si, e queria envolvê-lo em seus braços. Porém, seu cérebro achava tão precipitada qualquer aproximação. Como se os toques carinhosos seus tivessem tomado um outro significado, outro sentido, e a intimidade para fazê-los fossem para a estaca zero.
- Eu posso jogar os seus. Eu nunca reclamei, ou já? - Yeonjun conseguia sentir a voz reverberante e baixa de Soobin, e lhe trouxe um arrepio fraco lembrando da noite escura que entendeu o que era um beijo. Os dedos dele serpentearam para sua cintura fina, logo descendo para as passadeiras da calça de cintura baixa e enganchando-os ali. Ele suspendeu o quadril pelo tecido jeans preto e acertou o avermelhado em seu colo. - Você estava escorregando. Desculpa.
Se formara um ar tão constrangedor que as bochechas do diabo se tingiram de vermelho. Algo estava um pouco esquisito com o anjinho desde o momento que saíram. Ele parecia mais distante do nada, e não parecia agir natural quando estava com ele por algum motivo. No shopping, seu loirinho estava sucinto e tácito e nem mesmo no arcade ele se soltou. Até mesmo questionara a Beomgyu e Huening Kai sobre o que acontecera, e ambos não deram respostas tão satisfatórias além de ficarem se bicando.
Respostas que demoraram a chegar, pois Beomgyu não conseguia focar em um assunto só por não ter visto o avermelhado por um tempo e por Huening Kai estar falando no telefone com Taehyun, que esperava não ver mais, pelo menos não tentando estar com duas pessoas ao mesmo tempo.
- Soobinie? - Os olhos isentos de emoção se voltaram para eles, grandinhos como sempre. - Está tudo bem? Não tem nada para me dizer?
- Não não, Yeonjunie. Está tudo bem. Eu dormi pouco. - Seu olhar voltou para as luvas rastão do amigo, onde brincava com suas linhas.
- Nossa, mas nem para renovar as mentiras. Anjos são tão corretinhos. - Se levantou do colo do amigo e andou até a cozinha, resgatando a sacola de comida e a de novos jogos, voltando e vendo Soobin resgatar a boombox e colocá-la no meio da mesa de centro, dividido entre dois CDs para ouvir.
- Eu não creio que você está indeciso entre Big Time Rush e Notorius B.I.G.
- Esse é o maior problema das pessoas ecléticas. - Yeonjun deixou as sacolas em cima da mesa e puxou o cd da boyband, a ajustando no rádio.
- Você já ouviu muito esse disco. Sua época do hip-hop foi estilosa, mas foi tão chata. - Revirou os olhos, lembrando de ouvir músicas de apenas três artistas; os outros dois eram Tupac e Ice Cube, e vai saber de onde ele conheceu. A guitarra da música agitada e açucarada da banda pop explodiu da caixa. - Essa ao menos eu sei cantar.
Algumas partes eram cantadas, mas nada do anjinho esboçar alguma empolgação nem ouvindo as músicas e Yeonjun não sabia o que fazer com o humor baixo do amigo, sentindo a impotência de não poder fazer nada. Não sabia nem o que era, porém não admitiria ser driblado com facilidade desta forma.
- Esses dias eu fiz uma maquete. Ela era pequena. - Yeonjun resgatou o disco de Macintosh Plus Floral Shoppe em meio aos outros, e acelerou para ouvir a favorita do outro. Soobin tinha os olhos cobertos pela camisa e estava amolecido no sofá com a cabeça para trás. - Me lembrou o início da adolescência do nada, e eu acho que você também não lembra.
Apesar de odiar o calor e ficar irritado com a primavera, ele abriu as cortinas enquanto a música iniciava, fazendo irradiar o brilho dos fios de mel do amigo. - Eu procurei o baú enterrado no quintal, e minha mãe não moderou em me xingar quando viu todo o quintal florescido dela esburacado. E então eu achei algo.
Voltando para frente do sofá, parou de frente do mais alto, que permanecia parado e mexia a cabeça no ritmo lento da música. Yeonjun puxou a camisa laranja da face do anjo largado no sofá, que lhe encarou com uma careta. O avermelhado subiu os dedos mornos pelas bochechas do outro, até tocarem suas pequenas asinhas, que não queimavam quando encostava. As pequenas penas se dobravam e voltavam como fitinhas entre seus dedos.
- Eu não consegui trazer a caixa aqui, mas se você me ajudar, podemos ver juntos. Se importa?
A mão dele estava estendida, e mesmo estando confuso com tamanho mistério, nunca conseguiu negar algo tão bem pedido assim. Yeonjun sabia bem como lidar com ele, e Soobin também tinha noção disso. Quando Soobin tomou sua mão entre as unhas roxas roídas e enfeitadas de anéis, não só sentiu seu cardíaco pulsar com mais intensidade como sentia a linha energética do diabo a perambular pelas suas vias; como se segurasse um fio elétrico desencapado com as próprias mãos.
- Obrigado, Soobinie.
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Artimanha Endiabrada! • Yeonbin.
Fanfiction{𝕮𝖔𝖓𝖈𝖑𝖚𝖎𝖉𝖆} Não era um homem de ambições, embora ansiasse vertiginosamente passar cada segundo ao lado de Soobin Angel fazendo qualquer coisa cor de rosa; essas que não dava a mínima. O talento e paixão cálidos do anjo atraíam-no como um ca...