{𝕮𝖔𝖓𝖈𝖑𝖚𝖎𝖉𝖆} Ele não era um homem de ambições, embora ansiasse vertiginosamente passar cada segundo ao lado de Soobin Angel fazendo qualquer coisa cor de rosa que o loiro prezava; essas que não dava a mínima. O talento e paixão cálidos do an...
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- Eu tenho um segredo pra contar. Eu fiz um bucket list com o Yeonjun, certo? Isso você sabe. - Beomgyu assentiu. Estava largado na cama do amigo e de ponta cabeça na beirada, os fios longos pretos se curvavam entre si brilhantes. Destoava bastante das roupas sempre coloridas demais dele. - Eu achei a lista dele junto a um bilhete, que eu acabei lendo escondido sem querer.
- Você? - O garoto levantou uma sobrancelha, desviando o olhar do mp3 para o loiro, que estava torrado de vergonha. - Logo você? Isso me surpreende um pouco, mas é natural ser curioso.
- É que eu não pude evitar, ele deixou a lista dele largada do meu lado! - Ele rodava sua auréola nos dedos como um pequeno bambolê, evitando o olhar do moreno. - Então ok, eu estava com a lista na mão e ele foi buscar o rádio para jogarmos cartas enquanto ouvíamos algum som. As listas tem 16 desejos, mas o papel dele tinha 15 e esse bilhete que era o desejo 16 dele. Estava escrito como...
- Espera, você que escolheu a quantidade não? Não canso de dizer que aquele filme é ruim!
- Cale a boca! Aquele filme é majestoso, você é o único humano que não entende de arte nessa cidade! - Arremessou uma almofada na cabeça do amigo, que teve de se levantar. Beomgyu mostrou a língua a ele e ameaçou devolver. Ele pediu para continuar.
- Dizia que "ele iria conseguir ter o bocó que ele quer, e se ele não conseguir, a lista dele seria inválida e a tristeza seria eterna, e apesar dele ser um demônio que não sente nada, ele seria alguém amargurado por anos a fio". Eu fiquei um pouco preocupado e também foi bem descritivo, mas não sei o que pensar.
Seu olhar voltou para Beomgyu, que estava de olhos arregalados e a boca escancarada, a mão tentando tampar a expressão de choque. Ele piscou um pouco atônito e logo sorriu para o loiro, que ficou morbidamente desconfiado e curioso. - Nossa né, é que o dia está bonito, sabe? Mó' solzão bonito!
- O que foi, seu bobo? Pode me falar! Eu fiquei com isso preso no peito por dias! - Beomgyu já se via sendo atacado pelo anjinho, que sacudia suas roupas vibrantes e quase derrubara ele no chão.
- Eu não posso falar! - Ele fez um X com os dedos na frente dos lábios. De vez em quando não entrava na cabeça do moreno o jeito meio inocente e ingênuo do amigo, como ele era virgem das malícias da vida até para isso, mas para outras coisas ele conseguia ser estritamente maduro. - Sigilo!
- Eu conto tudo para você, e você faz isso comigo? - Dramatizou, se afastando do amigo, e caiu no chão como uma donzela fragilizada. - Como estou rodeado de más companhias, oh céus!
- Pare de chorar, Soobin! Você é todo molengão. - O outro riu e continuou com a atuação. Demorou um pouco para o xingo chegar na mente do mais alto, que moldou uma cara chocada.
- Corta aqui, Beomgyu. - Ele uniu os dedos indicadores. - Não confio em gente que não sabe escrever 'inconveniente'.
Ambos continuaram com a discussão boba e voltaram a conversar normalmente, sentados na cama e ouvindo as músicas chiclete do mais novo. De vez em quando o moreno dispersava para copiar os vocais da Alicia Keys o mais alto que podia.
- Beom, se você estivesse em uma situação que, por exemplo... - Eles migraram para a sala de estar, pois o moreno alegou querer jogar Tekken 3. - Você tem um espelho, e aquele espelho é muito importante para você e você tem ele há muito tempo, certo?
- Sim. Eu esqueci de colocar o personagem, seleciona a Xiaoyu, por favor. - Ele carregava um balde com pipocas doces avermelhadas. - Fale.
- Então você tem esse espelho. O espelho te deixa feliz e apesar de te irritar às vezes, você e o espelho são companheiros de tanto tempo, e ele é tão bonito, e você acaba por misturar e se confundir com o que você sente no peito porque ele é tão terno e paciente, porque vocês se conhecem há tanto tempo que não sabe se é um sentimento de fraternidade ou algo mais forte.
- Espelho complexo, amigo. - Beomgyu nem conseguia agredir o adversário no jogo pela empolgação que sentia, Xiaoyu perdia feio para Nina Williams na tela da televisão. Notando isso, ele começou a prestar mais atenção na gameplay.
- Quando esse espelho se quebra de vez em quando, você reconstitui ele para ele se tornar inteiro de novo, e ele te reflete um sorriso tão lindo todas as vezes. De vez em quando me irrita também quando ele trata os cacos perdidos como se não fossem grandes coisas e depois você só quer que ele cuide de si mesmo e não se parta de novo. - Soobin deslizou o dedo no canto dos lábios embasados de gloss de sabor de melancia.
- Compreendo o que você quer dizer com isso. Pelo meu lado é como se eu tivesse dois espelhos. Eles são muito diferentes. Um deles é como um fantasminha brincalhão de um castelo antigo. O outro é como o espelho de uma loja de roupas. Sabe o que eu decidi?
Os olhos dos dois se conectaram com a expectativa do anjo e com o sorriso leve do humano. - Eu decidi ficar com os dois.
Soobin piscou e franziu o cenho, duvidando do que acabara de escutar. - Beomgyu?!
- Eu tenho muito amor para dar! - A voz dele sobressaiu a do amigo, que até soou fina. Ele finalizou o combo na metade em Hwoarang que fora nocauteado a tempo para o garoto largar o controle e esconder o rosto no moletom de crochê arco-íris. - Não é culpa minha! Também, eles nem se importam!
- E você aceitou!? Quem são?
- O foco não sou eu, é você! Continua falando do cara.
- Eu disse que eram espelhos!
- Pelo amor, Soobin, pare de lorota! - Ele colocou algumas pipocas na boca e voltou a mão rápido no controle, batendo de leve na perna do amigo. - Prossegue o assunto do Yeonjun, aí.
Soobin permaneceu encarando ele, com a face em branco, sem muito pensar no que Beomgyu soltou. Beomgyu estava olhando com nervosismo para tela, os dedos trabalhavam nos botões com mais velocidade, com medo de ter falado algo errôneo.
- É. Talvez eu esteja falando assim com a intenção de mentir para mim mesmo. - As orbes escuras do anjo abaixaram para o chão. Desviar do seus sentimentos sobre Yeonjun era um hábito mais confortável do que desembolar os nós de sua confusão interna. - E também eu acho algo.
- Ah é? - Beomgyu copiou o outro, piscou várias vezes e pausou o jogo. De repente seu coração estava na boca, pois poderia ser que Yeonjun tivesse boas notícias enfim. - O quê?
- Eu não queria ser prepotente nem nada, mas... Suspeito que esse "bocó" da lista seja eu.
A vontade do outro garoto fora de pegar fogos de artifício e soltá-los na tarde calorenta de ventania. Essa vontade se expandiu como fermento em bolo no forno quando Soobin prosseguiu com a fala.
- E... não sei. Também pode ser que eu goste disso.
