Dentro da casa mais angelical da rua, se mantinha um silêncio endiabrado. As asinhas de Soobin estavam caidinhas o tempo inteiro, e o dia que brigou lhe deu uma enxaqueca pela madrugada que não o deixou dormir direito pelo resto da noite, e a cadência de seu sono começara a desregular.
Dormiu por meras três horas e não conseguiu voltar a adormecer, e não é como se os outros dias estivesse indo tão bem. Seu corpo doía pela falta de descanso, então ele apenas passava os dias assistindo a filmes.
Até cogitou jogar no PS1 doado de Yeonjun, porém não tinha jeito nenhum com isso e quem o ensinava era o próprio diabinho, com toda a paciência do mundo. O avermelhado de vez em quando ficava no teto de sua casa às vezes, seja para apreciar o pôr do sol ou outras coisas.
Desejou que ele estivesse lá. No interior de sua mente, pediu para a estrela mais brilhante no céu que o escutasse, pois seu afago foi embora de sua casa transtornado horas atrás estourando como uma tomada falha.
Sua casa estava completamente escura e apenas a luz da televisão iluminava a sala. Seus cabelos molhados pingavam sobre suas bochechas depois de um banho longo.
Cancelar alguns planos se tornou bastante efetivo a ele pelo menos uma vez na vida: caso ele tivesse continuado a trabalhar, poderia perder a cabeça e queimar a própria casa ou interferir nas moradias vizinhas em uma explosão que engolfaria parte da rua.
Ele estava envolvido a um cobertor fino e de braços cruzados no braço do sofá, a bochecha cheinha amassada contra o cobertor. Seus olhos estavam pesados e a visão era embaçada. Não compreendia mais as visões internas e dilemas que Cher Horowitz formulava em sua própria cabeça, pois os sonhos o insistiam para puxá-lo cada vez mais longe.
Ouviu barulhos no teto. Barulhos e farfalhares sólidos de concreto e tijolos, telhas. Os olhos se abriram de imediato e seu tronco se ergueu, logo amolecendo para o quentinho de seu cobertor de volta.
No geral, Soobin sempre saia com uma vassoura ou resgatava uma pedra na rua para expulsar uma praga qualquer estivesse em seu telhado. De costume, ele chamava a praga para passar algum tempo juntos fazendo qualquer coisa.
Ponderou se verificava do lado de fora e deixava o filme rodando na televisão. Decidiu pausá-lo no tocador de CD e andou até a porta de entrada da casa. Destrancando a porta, e o gelo do ar contrastava com a umidade aquecida de seus cabelos, provocou-lhe um arrepio bruto.
Se afastou da porta de entrada e se virou, vendo o diabinho com os cabelos sendo penteados pelo sopro das nuvens. De imediato os olhos se ligaram de longe, e nenhum dos dois foram recepcionados pelo sorriso cheio de calor um do outro. Fora taciturno assim como confortável.
Yeonjun foi o primeiro a desviar o olhar para encarar a chuva encadeada de estrelas sendo escondidas pelas nuvens. Soobin perdeu a noção do tempo e não se importava tanto quando atraiu a atenção do garoto com algumas palmas. — Vem.
Ele adentrou a casa sem encará-lo, e a porta permaneceu escancarada. Ele voltou para o sofá e passou a franja clara para trás, sacudindo as asinhas das águas escorridas do banho. Dois minutos depois que ele tinha posto o filme e estava sofrendo com a ventania, uma silhueta nefasta inerte na porta.
O avermelhado entrou a passos pesados com seus coturnos de cano alto enfeitados de miçangas escuras, e fechou a porta, percorrendo pelo mesmo caminho do mais alto e tomou seu assento do lado do anjinho. Aos poucos, a cabeça loira tombou devagar até seu ombro, então se acomodou.
As madeixas molhavam seu rosto, e apoiou a bochecha no topo de sua cabeça. Rondava um aroma de melancia suave pelos dois, divergindo e se misturando com o perfume cítrico que o diabinho exalava.
Ambos assistiam o filme sem a atenção presa aos detalhes, o próprio Soobin perdera o fio da meada desde que deu continuidade no filme. O anjinho tornou seus olhos para o pescoço do mais baixo, aspirando lentamente sua essência para o menor não perceber.
— Eu senti sua falta.
Sua voz se externou como um sussurro, e o mais alto apenas entendeu que fora Yeonjun pela vibração de sua voz. O demônio mantinha os olhos no vazio, de expressão travada.
Sobre a pele morna, um selar molhado e frio fora estampado ali. Yeonjun voltara à realidade mais rápido que um estalar de dedos, arregalando os olhos e automaticamente prestando atenção na menor das poeiras que poderiam estar nas sombras.
— Eu... Estive fazendo algumas pesquisas nos últimos dias... — A voz do anjo era baixa e grave; seu corpo se aproximava do seu, que estava despojado e aos poucos se acuando de inquietação. — Por favor, não me pergunte onde.
O segundo selar lhe fora carimbado no maxilar, resultando no ar que se tornava escasso. Yeonjun fechou os olhos, a respiração de Soobin lhe fazia a carne formigar onde passava. Lhe desciam arrepios fracos pela espinha a cada pequeno selar deixado.
— Me disseram que amigos também podem... Sabe? — O loiro passeava agora pelas bochechas do outro, beijando a pele alva. Quando ele virou o rosto, os beijos cessaram. Os lábios carmesim estavam lhe provocando entreabertos, tão próximos. O auto-controle dele se esvaia.
— Sei bem. — Pegou a mensagem e umedeceu os lábios, encarando-o com tentação. — Agora lhe deu a disposição de me ensinar?
— E porquê não? — Questionou com o sorriso mais corrompido que já viu no outro ser. — Segundo minhas fontes, já era para eu ter o feito.
O contato partiu do diabinho que sentiu os morcegos no estômago se tornarem águias de garras afiadas. Soobin subiu uma mão para o maxilar delineado do de madeixas vermelho sangue.
Soobin expandiu o espaço e parou de ser um selinho para algo distinto, sonoro no lugar onde antes eram preenchidos por vozes dubladas do filme que continuava ali, e cobria-os por luzes em tons pastéis na escuridão da residência. Era um beijo cheio de preguiça tal qual uma tarde ensolarada depois do almoço.
Yeonjun recolheu uma perna para o sofá e se ergueu de joelhos no estofado, segurando o rosto daquele que regava um carinho sem medidas a todo segundo. Soobin apoiou a mão tímida na cintura desnuda do mais baixo, que usava uma blusa de mangas preta rasgada ao meio. Os braços deslizaram pelos ombros largos, com os dedos se embrenhando pelos fios de cetim.
Sem mais o toque dos lábios dele nos seus, Yeonjun piscava atordoado por tantas coisas percorrerem agitadas em seu corpo. Ele estava frágil, apoiara o rosto entre sua mão e a bochecha de Soobin, que mantinha os olhos fechadinhos. Sem intenção alguma de fazer uma piada, ele soltou:
— Eu não entendi nada. Por favor, me ensine de novo, do começo.
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Artimanha Endiabrada! • Yeonbin.
Hayran Kurgu{𝕮𝖔𝖓𝖈𝖑𝖚𝖎𝖉𝖆} Ele não era um homem de ambições, embora ansiasse vertiginosamente passar cada segundo ao lado de Soobin Angel fazendo qualquer coisa cor de rosa que o loiro prezava; essas que não dava a mínima. O talento e paixão cálidos do an...