Capítulo lll

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Zumbido

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Zumbido.

É o som que ecoa dentro dos ouvidos de Alexandre enquanto a média explica o por quê de ter colocado Giovanna em coma induzido. Um estridente é desconcertante zumbido.

— Como o senhor sabe, a TC de sua esposa mostrou hemorragia intracraniana. – diz, enquanto observam do corredor, do outro lado da porta de vidro, Giovanna deitada sobre o leito conectada à respiradores e monitores. — Eu mantenho os meus pacientes com hemorragia intracraniana em coma induzido de propósito para que isso acalme o sistema nervoso e dê um tempo para que o cérebro se restaure enquanto o inchaço diminui. E depois lentamente os trazemos de volta...

— Ela vai ficar com alguma sequela? – interrompe Alessandra, tentando conter um soluço.

Ela havia decidido acompanhar Alexandre desde que receberam a notícia ainda na capela. E a decisão não se deu só por base no acidente de Giovanna, também se deu na maneira como o amigo não esboçou qualquer tipo de reação. Alexandre parece estar absorto da realidade e isso está preocupando-a.

— Não sabemos! O cérebro é uma caixinha de surpresas. – explica a médica. — Eu posso listar todas as sequelas de uma hemorragia intracraniana e sua amiga acordar sem nenhuma. Vamos dar tempo a ela, tudo bem? Já são coisas demais para absorver.

Alessandra aperta a mão de Alexandre, num ato de desespero e consolação.

E esse gesto acarreta no homem uma sensação estranha. Alheio a realidade, com os olhos opacos e injetados na imagem de sua esposa inconsciente, tudo a sua volta soa familiar, então ele começa a rir.

"Maria, fica com a gente! Entendeu? Fica com a gente!"

Parado de pé no corredor, do lado de fora da sala de trauma, Alexandre observava através dos vidros os médicos tentaram salvar a sua mãe.

"Abram uma linha intra venosa"

"Fratura depressiva de crânio"

"Comprovada a hemorragia"

Parecia que o pior inimigo naquele momento era o tempo. Todos corriam de um lado para o outro tentando ir contra ele.

"Quero duas bolsas de O negativo"

"Preparem um dreno torácico"

"Sem sinais de tamponamento"

"Geral, cadê você? Ela precisa de uma linha central"

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