Capítulo V

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Como se mede a dor?

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Como se mede a dor?

Quando é muita dor? Ou quando é pouca dor?

Como medir essa dor que não podemos pôr
em palavras? Isso que dói, que rasga a alma, como uma dor que mata lentamente?

Não é o ódio, não é a maldade, não é a injustiça que nos faz sofrer. O que dói é o ódio, a maldade e a injustiça daqueles que amamos.  O que dói é olhar nos olhos do amor de nossa vida e perceber que somos um completo desconhecido.

— Meu amor, sou eu...– Alexandre se aproxima cautelosamente e toma novamente a mão dela na sua, tentando controlar o desespero que insiste em sair à luz. — Você não vê? Sou eu, Giovanna. O seu marido. O seu amor...Sou eu.

Alexandre olha nos olhos dela e a única coisa que enxerga é a própria ruína.

É esmagador observar o próprio mundo desmoronar como se não fosse nada. Como quando se constrói aquele tão sonhado e perfeito castelo de areia mas não se atenta para o quão próximo ele está do mar, então repentinamente uma onda vem e o leva.

Só que mais doloroso que isso, é ver o amor que você cultivou ao longo de mais de uma década tomar o mesmo rumo. O mesmo amor que você acreditou ser imponente, só não percebeu que nada é tão imponente quanto a força do destino. Então essa força te arrebata esse amor, como um dia aquela onda te arrancou o seu perfeito castelo.

— Você não se lembra de mim? – logrou articular, Alexandre, num fio de voz. — Você não consegue lembrar quem eu sou?

E como uma necessidade inevitável, a realidade bate à porta:

Giovanna nega com a cabeça e se encolhe, afastando-se do toque dele como se Alexandre possuísse alguma doença contagiosa e isso lhe causasse repulsa.

— Eu não sei quem é você. – responde, assustada. — Desculpa!

E a partir deste momento a vida que Alexandre acreditou ter conhecimento e controle, evapora por entre seus dedos do mesmo modo que as mãos dela se afastaram ao ser tocada pelas dele, fugaz.

O que antes era sólido, agora se converte em líquido.

As certezas que possuía estraçalham-se como um cristal ao chão.

O homem sente o coração afundar no peito ao notar nos olhos dela que ele, outrora o amor de sua vida, agora é um completo estranho.

— Você pode se retirar? – pergunta ela, rude. — Eu quero que você se retire, por favor.

Os traços do rosto dele, a barba por fazer, as rugas no canto dos olhos e a veia sobressaltada na testa, lhe causam uma sensação distinta. E mesmo que não se lembre de nada ao olhar para ele, algo em Alexandre produz uma angústia jamais sentida e que ao menos ela é capaz de compreender.

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