Capítulo XII

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— Alexandre – inicia Giovanna, certa de onde pretende chegar

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— Alexandre – inicia Giovanna, certa de onde pretende chegar. — Eu preciso ser sincera com você...Não sei o que vai ser de mim, de nós, da nossa família. Não sei mesmo. – ela apoia as mãos no peito dele e suspira, frustada e cansada. — Tudo dentro de mim tá revirado, bagunçado. Minha mente parece um quebra-cabeça de milhões de peças, e até agora não consegui montar uma sequer. Na verdade, não consigo nem dizer o que tô sentindo, tô meio aérea com tudo.

Giovanna sabe que esse homem parado à sua frente, quieto, meio receoso, fazendo um esforço sobrenatural para tentar compreendê-la quando tudo o que deseja é matar a saudade, merece a verdade. Por isso ela resolveu, de uma vez por todas, expor o peito e abrir o coração. É como se sentisse que deve isso a Alexandre, por tudo que ele suportou até aqui e por tudo o que provavelmente irá suportar.

— Giovanna...

— Shhh. – ela leva o dedo aos lábios dele, calando-o. — Me deixa terminar primeiro.

Alexandre assente, em silêncio. E como se quisesse tirar um peso dela, deixá-la mais confortável, ele se afasta, com cuidado, empurrando-a pela cintura. Mas para a sua surpresa, Giovanna não permite. E leva de volta as mãos dele para onde estavam, na base de suas costas. É como se estivesse querendo ter onde se sustentar e os braços dele são a sua única salvação.

Ele sorri.

— Você prometeu não me soltar. Pelo menos não até eu pedir, e não me lembro de ter pedido. – relembra a promessa que ele havia feito a poucos segundos. E disposta a dizer a única verdade que ecoa em seu peito, pede: — Só me ouve, por favor.

— Não precisamos conversar sobre isso agora. – diz sincero, calmo, mas temendo que a resposta dela seja algo que não queira ouvir. E ao que lhe parece, é melhor adiar o sofrimento. — Podemos falar disso depois. Descemos agora, almoçamos com nossos amigos e as nossas filhas, passamos a tarde conversando...Mas não sobre o acidente, sobre o que nos foi arrancado com ele. Podemos esquecer disso um pouco e nos divertir. Você precisa disso, e eu também preciso.

Giovanna o encara e suspira pesarosamente, como quem diz que sabe que ele sabe que no fundo não é isso que Alexandre quer. Que no fundo, adiar o sofrimento só para evitar uma possível resposta contrária ao seu interesse, é a pior opção, é uma tortura angustiante e agonizante.

Alexandre desvia o olhar.

— Você quer mesmo fingir que não tem uma montanha no nosso caminho?

Alexandre está ciente de que é a primeira vez que falam abertamente sobre o acidente, porém dói demais. Ele não achou que poderia ser tão difícil assim, que cada célula de seu corpo fosse se afligir por uma verdade desconhecida. Dói porque ele enxerga, bem lá no fundo, algo que não queria enxergar.

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