Será que o amor se encontra em algum ponto entre a proximidade e a distância?— Alexandre – sussurra Giovanna com a respiração entrecortada; e a rouquidão de sua voz faz com que ele deseje beijá-la ainda mais, tamanha é a sua saudade.
E supondo que ela anseia por esse beijo tanto quanto ele, Alexandre entreabre um pouco mais os lábios e toma impulso para os encaixar nos dela, para capturar de uma vez por todas os rosados com amor, paixão, saudade e desejo.
Entretanto, para a sua surpresa, Giovanna vira o rosto. E os lábios dele tocam o canto da boca dela. Por um segundo, o tempo para. Ou pelo menos é ele quem para no tempo tentando entender o que aconteceu entre a completa entrega dela e o afastamento repentino. A mente a um milhão. Ele sente que é como se estivesse pensando em tudo e ao mesmo tempo em nada.
— Não. – diz ela, fracamente, tentando se estabilizar. — Não posso. Não podemos. Me desculpa.
Alexandre pisca algumas vezes, aturdido. E cautelosamente se afasta.
Talvez, tempo e distância no amor sejam a mesma coisa.
Mas, se não for, ele acredita que é nesse ponto em que Giovanna se encontra, entre a proximidade e a distância. A um centímetro e ainda sim a milhares de quilômetros. Unida e separada. Tão distante e ao mesmo tempo tão perto...
— Pode falar. – formula ele por fim, sereno, ao perceber que ela continua com o rosto virado, que ao menos pretende olhar em seus olhos. — O que está se passando aí dentro?
Giovanna suspira pesarosamente.
Ela queria esse beijo. Talvez desejasse tanto quanto ou até mais que Alexandre. Não existia e nem existe em si a mesma saudade que sente que há nele, mas existia e existe desejo suficiente para querer os lábios do homem emaranhados nos seus. Uma vez que a lembrança vívida, latente, calorosa, da boca dele encaixando com perfeição na sua está impregnada em cada canto da sua mente, no mais profundo do seu subconsciente. Bem onde os desejos implacáveis, sobretudo, temerosos, que não temos coragem de dizer, se escondem.
No entanto, mediante a essa força avassaladora que de uma hora para outra resolveu conduzi-la até ele, também está infelizmente a parte racional de sua mente lhe questionando o inquestionável: "E depois? O que iria acontecer depois que Alexandre a beijasse e ela cedesse espaço para a língua dele?.
E para o seu azar esse pensamento concedeu margem a outro ainda maior e mais complexo: "Quando os lábios daquele que um dia foi o amor da sua vida tomassem os seus, o universo iria conspirar ao seu favor e a faria despertar se perguntando como pôde esquecê-lo? Se lembraria de tudo sob os lábios dele?".